No
sábado, dia 26/10/2019, às 10 horas, tive a satisfação de apresentar os livros
Castello Branco – ontem e hoje e Fenelon Ferreira Castello Branco, da autoria de
Homero Castelo Branco, membro valoroso da Academia Piauiense de Letras. Foi
publicado pela Nova Aliança, que, através de seu proprietário Leonardo Dias,
presta relevante serviço às historiografia e literatura piauienses. Dílson
Lages Monteiro foi o outro apresentador, tendo feito um trabalho erudito e de
crítica, de caráter técnico, que leu na oportunidade. O meu discurso foi de
improviso, um tanto lírico e recheado de histórias e estórias de nossa História.
O auditório estava lotado, o que despertou o meu entusiasmo. Segue abaixo o meu
prefácio às duas obras:
PREFÁCIO
HOMERO E A
SAGA DOS CASTELO BRANCO
Elmar Carvalho
1
Como é fácil
de se ver, este livro é um autêntico dois em um, inclusive com duas capas. O
leitor poderá começar a leitura por qualquer uma delas; quando chegar ao fim do
livro escolhido, é só fechar o volume, e virá-lo de ponta-cabeça, mantendo a
lombada sempre à esquerda, e iniciar a leitura do outro. Seus títulos são:
Fenelon Ferreira Castello Branco e Castello Branco – Ontem e Hoje.
Falarei um
pouco de seu autor, imprimindo a este texto preambular um certo caráter de
crônica, escrita ao “correr da pena”, melhor diria, da digitação. Homero é um
sábio bem-humorado; e é bem-humorado exatamente porque é um sábio. Um sábio sem
empáfia, discreto como convém, que disfarça a sua sabedoria nas anedotas que
conta, quase as travestindo em parábolas de admoestação e exemplo.
Como o seu famoso xará grego, é um
homérico contador de histórias e estórias, muitas delas verdadeiras anedotas
verídicas. De algumas ele participou, senão como protagonista, ao menos como
coadjuvante. Por isso mesmo, tenho insistido para que ele escreva um livro de memórias,
as suas próprias, e as suas memórias dos outros. Ele sorri, mas negaceia,
talvez por receio de magoar algumas pessoas de sua amizade.
Num dos livros conta a saga de
Fenelon. Suas conquistas e perdas. Suas crises e alegrias. Narra a profunda
tristeza em que ele mergulhou, após a morte da primeira esposa (Ana Fortes
Castelo Branco), cujo consórcio durou apenas três meses, em virtude do
prematuro falecimento de Nicota, seu apelido familiar e afetivo, pelo qual era
mais conhecida. Por causa desse infortúnio, e da depressão que em consequência
lhe adveio, escreveu 35 sonetos elegíacos, integrantes do livro Ano de Luto. Sobre
essa obra, no livro “Academia Piauiense de Letras – Os fundadores”, disse o
acadêmico Wilson Carvalho Gonçalves:
“Por ocasião do primeiro aniversário
da morte de sua mulher, Ana Fortes Castelo Branco, ocorrido em 1902, o poeta
publicou “Ano de Luto”, magoada elegia em que pranteou sua morte, em que
lamentou “a mágoa sem remédio de perder-te”, como nos versos imortais do
imensurável vate lusitano.”
O nosso poeta maior Da Costa e Silva
também passou por semelhante calvário, ao perder a primeira esposa, Alice
Salles Salomon, no quinquagésimo ano do casamento. Escreveu os versos elegíacos
do livro Verônica sob o impacto desse infausto acontecimento. Fagundes Varela compôs
uma das mais belas elegias da língua portuguesa – Cântico do Calvário –
inspirado na morte de seu filho Emiliano, com apenas três meses de vida. Dessa
forma, podemos dizer que esses três poetas contrariam os versos aforísticos de
Fernando Pessoa, que afirmam: “O poeta é um fingidor / Finge tão completamente
/ Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.” Eles realmente
sentiram as dores que, em versos, afirmaram sentir. Mas isso apenas confirma a
regra de que toda regra tem exceção.
Contudo, na narração da vida de
Fenelon, Homero não foi um simples biógrafo, o que já seria muito, mas
traquejado em narrativas verídicas e fictícias, soube lhe imprimir certo tom de
romance, ao contar determinadas nuanças, ao descrever a ambientação de alguns
fatos, bem como ao lhe perquirir os estados da alma. Procurou encontrar a
motivação psicológica para algumas tomadas de decisões na vida e para os vários
textos de Fenelon que transcreve, e que ilustram, ornamentam e esclarecem a
biografia. Portanto, nesse livro perpassa o ideário, o pensamento e a
personalidade complexa do biografado.
No livro, além de o autor ter feito
constar o manuscrito de um poema do biografado, dirigido a sua mãe, também fez
a transcrição fac-similada de uma genealogia feita por ele, de seu próprio
punho, que abarca várias gerações da família Castelo Branco no Piauí, desde o
patriarca Dom Francisco da Cunha Castelo Branco, mostrando as suas ramificações
em diferentes municípios, bem como os vários entrelaçamentos familiares,
através de casamentos, com velhas e tradicionais estirpes piauienses.
Esse documento tem servido de base às
mais importantes genealogias referentes ao nosso estado, vez que é bastante
preciso, ao referir vários casais e respectivos filhos dessa linhagem. Dada a
sua alta importância genealógica e histórica, Homero teve o cuidado de mandar
digitá-lo e o transcreveu na íntegra, o que facilita a sua leitura, por
qualquer consulente, genealogista ou historiador.
2
No livro Castello Branco – Ontem e
Hoje, dividido em várias partes, podemos constatar que Homero dá uma grande
contribuição para a história e a genealogia piauienses, sendo o seu livro um
repositório de dados e informações, que se encontravam dispersos, ou mesmo
ainda sem a luz da publicidade.
Na primeira dessas partes, foi
transcrito o Apontamento feito por Homero Ferreira Castelo Branco (1889 –
1946), o primeiro desse nome, filho de Manuel Thomaz Ferreira (1826 – 1907), o segundo
do nome, que revela a origem desse apelido familiar, em que ele com muita verve
e bom-humor diz que a “genealogia sempre esbarra, via de regra, na cozinha, no
mato ou na sacristia”.
No Piauí mesmo temos vários casos de
padres ilustres e abnegados, mas que também foram grandes reprodutores. Quanto
ao mato e à cozinha, todos sabemos que o Brasil é um país de ampla
miscigenação, por sinal bem estudada na Casa-Grande e Senzala do mestre
Gilberto Freyre e nos livros de outros sociólogos, a qual tem dado à pátria
belas mulatas e lindas caboclas, que pululam em nossos principais romances.
Por falar em romance, o velho Homero,
avô de nosso genealogista, parece ser um cultor da melhor literatura, e poderia
ter escrito belas páginas se o desejasse, conforme se pode inferir dessa
pequena amostra em comento. No breve trecho que a seguir transcrevo, referto de
belas imagens e metáforas, bem como de elegante e irônica verve, a par de
notável habilidade descritiva, podemos observar o seu talento para uma prosa
fluida, rítmica e mesmo poética:
“Manuel Thomaz Ferreira, meu pai,
tinha um irmão que temperou seu sangue com uma negra nascida em Benin, um país
estreito entre Tongo e Nigéria, na África. Coração do mundo, seios fartos,
comoventes, o dorso formava uma imperecível topografia. O tio tremia com as
carícias que desenvolvia. Ergueu seu membro viril ao encontro do sexo,
placidamente acertou entre as coxas, venceu a superfície vã do desejo,
conhecendo o prazer que habitava no fundo de seus corpos.”
Com certeza o enxerto acima trai o
talentoso poeta e exímio prosador que ele poderia ter sido. E foi, não obstante
as poucas laudas que produziu. Poderia ter escrito um belo livro de memórias,
ou mesmo um grande romance, ou ainda fulgurantes poemas. O velho Homero poderia
ser a prefiguração do outro Homero, neto que viria, o nosso estimado Homero,
mestre de uma boa prosa sem prosápias e de não menos boas histórias e vasto repertório
de anedotas, que bem dariam um magnífico livro.
Sem embargo de seu diletantismo e do
que poderia ter alcançado nas letras, se a estas tivesse se dedicado com afinco,
produziu no Apontamento de sua autoria três importantes biografias de seus
ilustres ancestrais: Miguel de Sousa
Borges Leal Castelo Branco (1778 – 1844), campomaiorense, magistrado,
deputado da Corte Constituinte de Lisboa, o primeiro piauiense a se formar na
Universidade de Coimbra; Lívio Lopes
Castelo Branco (1813 – 1869), seu avô, que ele descreve como sendo um
rebelde, de temperamento impulsivo e de espírito acentuadamente liberal, pelo
que lhe repugnava “toda injustiça, principalmente se cometida contra os mais desfavorecidos da sociedade”; Lívio
aderiu à revolta dos Balaios, na qual gastou vastos cabedais e Manuel Thomaz Ferreira (1826 – 1907),
segundo do nome, seu pai, que teve 21 filhos (11 do primeiro casamento e 10 do
segundo), dos quais descendem boa parte dos Castelo Branco piauienses.
Em seguida (parte II), vem o
Apontamento feito por Herbert Marathaoan Castelo Branco (1916 – 2006), no
período de 1950 a 2006. Herbert é neto de Manuel Thomaz Ferreira (2º do nome) e
pai do nosso bravo Homero Ferreira Castelo Branco Neto, que nasceu na
aprazível, bela e bucólica Amarante, quando seu pai ali exercia o cargo de
promotor de Justiça. Depois, foi ser magistrado no Ceará, onde se aposentou no
cargo de desembargador do Tribunal cearense.
Herbert, após reconhecer, que “nos
aproximamos de nossos ancestrais quando vamos obtendo informações sobre cada um
deles”, e que eles gostam disso, afirma que esse “elo com os antepassados
representa a perpetuidade desses parentes”, passa a escrever, em linguagem
elegante e escorreita, um misto de crônicas memorialísticas e biográficas de
seu pai, de si mesmo e de seus irmãos, além de alguns textos sobre
acontecimentos importantes ou curiosos do seu tempo.
Na parte III, nos deparamos com o
Apontamento de Moysés Ferreira Castelo Branco Filho (1905 – 1980), neto de
Manuel Thomaz Ferreira, segundo do nome. O autor desse apontamento foi general
de Exército, professor de História, engenheiro e geógrafo militar. Autêntica
vocação para a historiografia, escreveu notáveis livros sobre a História do
Piauí, conforme pode ser conferido na nota de pé de página. Nessa divisão, foi
acolhido importante texto de sua lavra sobre a Balaiada (1838 – 1840), cujo
estopim foi o campomaiorense Raimundo Gomes Vieira Jutaí, um de seus principais
líderes, assim como Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, alcunhado o Balaio.
Como já disse acima, também participou dessa revolta Lívio Lopes Castelo Branco
e Silva, fazendeiro e político de Campo Maior, sobretudo com o objetivo,
segundo Moysés, “de afastar do poder o brigadeiro Manuel de Sousa Martins,
havia 15 anos na governança do Piauí”.
Moysés, apesar de sua formação
militar, tendo chegado ao posto de general de Exército, e de ter falecido em
1980, quando a ditadura militar ainda estava a pleno vapor, não teve uma visão
retrógrada, conservadora dos Balaios, pois no texto coligido observa que “a
Balaiada não deve ser vista como rebeldia de um bando de assaltadores e
facínoras, assim julgada na época”, e assinala que seus chefes populares “não
eram bandidos afeitos ao crime”, aduzindo que Raimundo Gomes era um boiadeiro
de confiança do padre Inácio Mendes de Morais e Silva, e Manuel Francisco dos
Anjos Ferreira, o Balaio, era um “caboclo pacífico e chefe de família”, que
vivia do trabalho honesto de confeccionar e vender balaios de guarimã.
Afinal chegamos à IV e última parte,
a mais volumosa, um verdadeiro livro dentro do monumental livro, também
denominada Apontamento, todo da autoria de Homero Ferreira Castelo Branco Neto
(1943), bisneto de Manuel Thomaz Ferreira (1826 – 1907), o segundo desse nome.
Não tomei o vocábulo monumental em vão, nem tampouco de forma meramente
laudatória, mas porque este livro, em seu todo, é realmente monumental, tanto
por ser volumoso em laudas, como pela sua notável contribuição à historiografia
e à genealogia de nosso estado.
No Apontamento, ora comentado, o
autor, em suas páginas vestibulares, discorre sobre sua afetividade familiar,
sobre suas preocupações existenciais e perquire os grandes segredos e as
recorrentes dúvidas metafísicas, a respeito das quais, creio, nunca teremos
certeza nesta etapa existencial, nesta atual dimensão de nossa vida. E seguindo
o mandamento socrático, dialoga consigo mesmo, procurando conhecer-se um pouco
mais, na tentativa de decifrar os seus próprios enigmas e mistérios, que todos
os temos.
O autor traça a descendência de
Manuel Thomaz Ferreira (1º do nome), a partir de Joaquim José do Rego (n. 1792,
em Portugal, e f. na Fazenda Peixão, atual cidade de Nossa Senhora dos
Remédios) até dias recentes. Com relação a alguns dos patriarcas e figuras mais
proeminentes elabora breves biografias, contudo recheadas de fatos notáveis ou
curiosos, sendo alguns revestidos de certo caráter jocoso e mesmo anedótico.
Com referência a Manuel Thomaz Ferreira, o segundo do nome, anota que numa
lápide do cemitério velho de José de Freitas (antiga Livramento) está escrito:
“Aqui repousam os restos mortais de Manuel Thomaz Ferreira, pai de uma legião
de filhos; dedicou sua vida de trabalho e canseiras à família”. Aos 14 anos de
idade, quando residi nessa cidade por um pouco mais de um ano, joguei bola
quase todo dia ao lado desse antigo campo-santo, chamado de cemitério dos
ricos, no qual entrei muitas vezes, para “pesquisar” nas lápides de alguns
mausoléus.
Perlongando seu Apontamento,
verificamos que Homero discorre sobre as vetustas casas-grandes das fazendas
agropecuárias piauienses, sobre os casarões, as casas solarengas e sobrados de
nossas mais antigas cidades, situando-as, descrevendo-as, pelo que ficamos
conhecendo os seus alpendres, os seus pátios, as suas capelas, os seus
oratórios e mobílias. Com essas leituras, nos lembramos de velhas porcelanas,
guardadas em antiquíssimas cristaleiras, de velhos potes e bilhas, sobre
maciças bilheiras, de que ninguém mais ouve falar. Fala ainda de velhos
costumes, festas e folguedos. Refere alguns dos principais sobrados, casarões e
solares pertencentes a membros da família Castelo Branco, situados em
diferentes rincões piauienses.
Ao fazer breve estudo sociológico de
nossa genealogia e dos entrelaçamentos familiares, produz um conciso relato
histórico dos Dias da Silva, das emblemáticas e patriarcais figuras de Domingos
e Simplício. Fala da importância histórica deste, de sua influência política,
da orquestra de escravos, que ele custeou, ele que foi um potentado, de vida
nababesca, faustosa. Narra episódios pouco conhecidos de sua saga cheia de
aventuras, venturas e desventuras. Com efeito, sua vida foi mesmo romanesca.
São apresentadas no Apontamento de
Homero as biografias de inúmeros membros da família Castelo Branco que se
destacaram nos mais diferentes campos das atividades humanas, mormente nos da
política, do empreendedorismo, das artes, do jornalismo, do magistério, da
historiografia e da literatura.
Deu realce a Antônio Sant’ Anna
Castelo Branco (18.08.1879 – 1953), barrense, mais conhecido como Dondon.
Jornalista de pena desabrida e ousada, bastando que se diga que o seu jornal
tinha o nome de O Denunciante. E ele denunciava sem temor as mazelas da
sociedade e da política, vergastando sem pena os maus governantes. Por causa de
seu destemor em suas catilinárias e verrinas, seus desafetos jogaram a
impressora de seu jornal nas águas barrentas do Parnaíba.
Dondon, que era ao mesmo tempo o seu
proprietário, redator, repórter, e “compositor” tipográfico, teve ainda que ser
um pescador, para retirar seu equipamento das águas turvas do Velho Monge.
Conta-se que ele, por simples irreverência, ou talvez para agredir a empáfia de
alguns familiares, pedia no Karnak, então uma espécie de chácara de ricos
parentes, o seu almoço, mas exigia que ele fosse posto numa lata de doce vazia,
que apresentava. Veraz e imparcial, escreveu sobre sua postura jornalística:
“Tenho um veículo de comunicação com posicionamento necessário diante dos
problemas sociais, políticos e econômicos. Não existe apenas um lado de um
fato. O Denunciante não dissemina informação inverídica que só atende o
interesse dos patrocinadores. Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer
que se publique.”
Propagandista e figura emblemática
das Lutas pela Independência do Brasil em plagas piauienses foi Leonardo de
Carvalho Castelo Branco, que inclusive, por isso mesmo, chegou a amargar
prisão. Dedicou parte de sua vida a tentar inventar o chamado moto contínuo,
conquanto sem sucesso. Escreveu importantes livros de poemas; alguns, a exemplo
dos de Sousândrade, maranhense, pareciam se destinar a um tempo futuro, que
melhor lhes compreendesse o fundo e a forma. Adotou, depois, o nome de Leonardo
da Senhora das Dores Castelo Branco.
Vários Castelo Branco participaram da
Guerra do Paraguai, entre os quais cito: Pacífico da Silva Castelo Branco, dono
de vastas glebas de terra e inúmeras fazendas de gado, que por três anos
comandou o Batalhão de Voluntários do Piauí; Teodoro de Carvalho e Silva
Castelo Branco, cognominado o “poeta caçador”, por gostar de caçadas e haver
escrito a Harpa do Caçador; e Hermínio de Carvalho Castelo Branco, autor de
Lira Sertaneja, que contém belos poemas de sabor popular. Todos nasceram em
território que, então, pertencia a Barras. Também foram combatentes da Guerra
do Paraguai: Eudoro Emiliano de Carvalho Castelo Branco, que depois, no início
da República, se rebelou contra Floriano Peixoto, seu amigo, e foi por este
mandado fuzilar (a contraordem chegou tardiamente); e os irmãos Antônio Lopes
Castelo Branco (1º do nome) e Pórcio Lopes Castelo Branco, mortos em combate.
Brilharam nas batalhas de Tuiuti e Lomas Valentinas.
Pacífico da Silva Castelo Branco,
apesar de possuir vastas fazendas e escravos, tinha o costume de libertar
alguns escravos, por ocasião de seu aniversário. Ao retornar da Guerra do
Paraguai, emancipou todos eles. Homero nos informa que ele foi “fundador e
militante da Sociedade Abolicionista Libertadora Barrense, presidida por seu
irmão, Estêvão Lopes Castelo Branco Júnior, n. 18.07.1836, na Fazenda Ininga,
advogado formado no Recife – PE”. Essa sociedade foi fundada em 01.06.1884, e
na oportunidade foram entregues 37 cartas de alforria, 12 das quais conferidas
pelo presidente dessa entidade libertadora. Na solenidade de sua criação, foi
cantado o Hino à Libertadora Barrense, composto por Leovigildo Belmonte de
Carvalho, que se tornou um grande defensor da causa abolicionista. O seu
estatuto foi aprovado pelo presidente da província, Dr. Raimundo Teodoro de
Castro e Silva, em 08.11.1884. Este livro contém a partitura do hino dessa
sociedade libertadora.
Pacífico, por problemas de saúde,
passou a morar em Parnaíba, no edifício onde hoje fica a Santa Casa de
Misericórdia.
No discurso com que recebeu o autor
na Academia Piauiense de Letras, disse o acadêmico e notável historiador
Reginaldo Miranda, na noite memoranda do dia 20 de junho de 2013:
“Meu caro Homero, esta Casa é sua,
seus familiares ajudaram a construí-la. A família Castelo Branco tem profunda
ligação com a assim cognominada Casa de Lucídio Freitas, ele próprio aparentado
aos Castelo Branco. Sua família deu uma enorme contribuição à literatura
piauiense.”
Carlos Castelo Branco, escritor e
jornalista, titular da famosa Coluna do Castelo, no Jornal do Brasil, membro da
Academia Brasileira de Letras, quando tomou posse em nossa Academia Piauiense,
em 26 de setembro de 1984, reconheceu a forte presença de sua família nessa
agremiação literária:
“A identificação da Academia com
minha família salta aos olhos de qualquer um que conheça sua história e sua
composição, mesmo a atual. Seis Castelo Branco figuram entre os patronos:
Hermínio, o poeta de Lira Sertaneja, o padre Joaquim Sampaio, Teodoro, que
lutou na guerra do Paraguai, onde morreram 11 membros da família. Antônio
Borges Leal, Miguel de Sousa Borges Leal, meu tetravô e o primeiro piauiense a
formar-se em Direito na Faculdade de Coimbra e Heitor. Entre os titulares serei
a partir de hoje o oitavo. Os outros chamam-se Fenelon, Cristino, Arimathéa
Tito, pai e filho, que amputaram o sobrenome por desavença familiar de seus
avós, Maria Nerina, Emília e Emília Leite Castelo Branco, filha e mãe.”
Por conseguinte, Homero houve por bem
estampar a biografia de todos os patronos e acadêmicos da Academia Piauiense de
Letras oriundos dessa velha estirpe, tenham ou não o sobrenome Castelo Branco
incorporado ao seu nome completo.
Com essa notável obra genealógica,
memorialística, biográfica e historiográfica, Homero Ferreira Castelo Branco
Neto passa a se ombrear com os maiores genealogistas do nosso Piauí, quais
sejam, Edgardo Pires Ferreira, Abimael Ferreira de Carvalho, Reginaldo Miranda,
Vicente Miranda e Valdemir Miranda.
É uma obra homérica, no melhor
sentido da palavra, feita por um Homero e digna de um Homero, seja grego ou
não.
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