domingo, 23 de fevereiro de 2020

OS RIOS

Rio Surubim. Foto: Elmar Carvalho


OS RIOS

H. Dobal (1927 – 2008)

Ai rios do Piauí, água rica de peixe
de couro e de escama.

De todos os rios sobra uma cantiga
de bem viver. Um rio preguiçoso
se compraz no seu curso. Outro rio
subterrâneo se afunda no peito.

Campo de areia, água viva nos pés,
água pesada na memória.
Senhor das dimensões um rio segue
suas margens renovadas, ribanceiras
movediças. Um rio move
seus habitantes, seus destinos.

                      Dodó das Cabeceiras
                      conhecedor dos rios
                      com eles aprendeu
                      a plenitude da vida.

Seu ritmo irregular um rio instala
faz a sua própria força. Cava os seus canais
seus tributários arrecada.

Água de beber, água de lavar,
água de nuvem, água do chão.
Móvel. Migrante. Um rio.
Jamais o mesmo.

Extraído do site Alguma Poesia

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