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No início de minha amizade com Canindé Correia (foto do final dos anos 70 ou início dos 80), na casa de meus pais, no tempo em que eles moravam quase ao lado da Caxeiral, na rua Dr. Francisco Correia |
CANINDÉ CORREIA – MESTRE E AMIGO
Elmar Carvalho
Milton Nascimento
Quero desejar, antes do fim, / Pra mim e os meus amigos, / Muito amor e tudo mais; / Que fiquem sempre jovens / E tenham as mãos limpas / E aprendam o delírio com coisas reais.
Belchior
Jovens tardes de domingo / Tantas alegrias / Velhos tempos / Belos dias
Roberto Carlos
Já não tenho epitáfios / para tantas lápides / em meu peito.
Elmar Carvalho
recordações de fantasmas / que já nos abandonaram / de amigos mortos / que nos acompanham / cada vez mais vivos
Elmar Carvalho
No começo de
1975 meu pai (Miguel Arcângelo de Deus Carvalho) passou a morar em Parnaíba,
quando foi chefiar a agência local da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, e em junho do mesmo ano o restante da família passou a residir na
bela Princesa do Igaraçu, que também poderia ser chamada de “rainha do
litoral”. Em 15 de setembro fui assumir emprego nos Correios em Teresina, mas
no começo de 1977 retornei a Parnaíba, inclusive para iniciar meu curso de
Administração de Empresas, no Campus Ministro Reis Velloso da Universidade
Federal do Piauí.
Foi ainda em
1977 ou no ano seguinte, quando passei a ser colaborador do jornal Inovação*
(fundado por Reginaldo Costa e Franzé Ribeiro), que iniciei minha feliz e longa
amizade, de mais de 40 anos, com Francisco de Canindé Correia (02/08/1943 –
24/01/2020, em Parnaíba), que anos mais tarde seria padrinho do meu filho João
Miguel. Logo percebi que ele, além de sua inteligência e cultura, era um
fazedor de amigos, por causa de sua simpatia e conversa agradável, e talvez e
sobretudo por sua humildade e índole acolhedora.
De ilustre
estirpe, disso não fazia alarde e nem tinha jactância; antes, tinha sempre uma
postura discreta quanto a seus ilustres ancestrais, conquanto,
sem dúvida, os admirasse. Constituiu uma bela
família, que amava, zelava e da qual foi irrepreensível provedor e cuidador,
tendo igualmente recebido, de sua esposa Tânia e de suas filhas, Ivana e
Fátima, amor, cuidado, compreensão e carinho, que nunca lhe faltaram. Teve
quatro netos, que amava de todo coração, e os levava a passeios; e sei que foi
correspondido plenamente nesse seu amor de “avô coruja”. Dos parentes, do meu
conhecimento, era mais próximo de seus irmãos Paulo de Moraes Correia
(falecido), Maria Aparecida (falecida) e Teresa de Jesus, de seu tio e primo
Dr. Lauro Correia e dos filhos deste, Israel e Gardênia.
Graças, em boa
parte, a ele e a suas influências e amizades o Inovação, de forma altiva e
independente, pôde circular por vários anos, em periodicidade mensal e
ininterrupta. Foi a partir dessa época e de nossas reuniões para discutirmos a
pauta e as dificuldades financeiras e outras do jornal que lhe pude melhor
observar. Pude perceber a sua inteligência emocional, arguta e aguçada, o seu
equilíbrio e bom-senso, a sua alta capacidade argumentativa, focada na lógica,
na logística e na razão, se é que não incorro em certa redundância.
Levou uma vida
digna, embora modesta, pois nunca teve apego ao ter, aos metais. Teve
oportunidade de ser professor da Universidade Federal do Piauí, na época em que
não havia a exigência de concurso público, mas não o quis, seja por não ter
vocação magisterial, seja por não desejar ingressar sem aprovação em certame.
Contudo, sempre foi discreto quanto a isso, e nunca se gabou dessa sua conduta,
e muito menos criticou quem quer que fosse. Também convidado a integrar a
Academia Parnaibana de Letras, em seus momentos iniciais, recusou o honroso
convite, sob a alegação de que não era autor de livro, como registrou o poeta
Alcenor Candeira Filho, seu amigo e cunhado, em seu Depoimento sobre ele,
publicado na internet, acrescentando que lhe era muito fácil publicar uma obra,
bastando para isso coligir os “textos que escreveu em jornais” e os
“pronunciamentos feitos como secretário de educação e superintendente do SESI”.
Portanto, nunca buscou glórias, honrarias e ouropéis, mas tão-somente ser um
homem de bem e do bem.
Aliás, nunca praticou
o autoelogio, vez que nunca foi narcisista e muito menos ególatra. Ao
contrário, sempre cultivou o silêncio em relação a suas inúmeras e altas
virtudes, já que a humildade era uma delas, como já disse. Algum afoito poderia
me perguntar: “E defeitos, ele não os tinha?” Claro que os tinha, como todos os
temos. Mas os dele eram poucos, diminutos, e para mim irrelevantes, tanto que
deles não tratarei neste pequeno trabalho.
Era muito
atualizado com o que se passava no mundo e em sua aldeia, vale dizer no seu entorno.
Assistia, creio, aos principais jornais da televisão e não dispensava a leitura
dos impressos. Era sobremaneira antenado com os assuntos da política. Tenho a
impressão de que ele tinha uma recôndita vocação para a alta política, para uma
política escoimada de vilezas e mesquinharia, que tivesse um pouco de pureza e
altruísmo, em que o centro das atenções e do interesse não fosse jamais o seu
umbigo. Melhor dizendo, uma política voltada para o coletivo, para o interesse
público e social.
Tinha uma argúcia
notável para destrinchar os meandros e as estranhas da política brasileira,
piauiense e parnaibana. Parecia um profeta, a antever as jogadas das lideranças
e principais protagonistas. Era como se ele estivesse diante de um tabuleiro de
xadrez, e pudesse prever a movimentação das peças dos jogadores antagonistas.
Se errava uma ou outra vez, é porque o cenário político é muito instável,
sujeito a constantes e inúmeras mutações.
Entretanto, as
explicações que ele dava, as hipóteses que imaginava e as previsões que fazia,
eram concebidas através de um raciocínio límpido e lógico, em que ele delineava
as possíveis causas e consequências. Contudo, se ele tivesse tido a vontade e
as condições de ingressar na política (e não as teve, e acho que sequer as
quis), teria sido um estadista, e não mero político de campanário, paroquial e
rasteiro, movido por ambição, egoísmo e ganância.
Jamais ele
desejaria o poder apenas pelo poder, mas apenas como um instrumento para
servir, para prestar um bom e correto serviço público. Entendo que ele provou
isso, quando foi o secretário de Educação, por quatro anos, no primeiro governo
de José Hamilton Furtado Castelo Branco. Na época ele ainda gozava de boa saúde
e muita disposição física, e pôde dedicar o melhor de seu esforço, capacidade
administrativa e inteligência para ser, e foi, um excelente gestor, com o
imprescindível apoio do prefeito.
Conseguiu
construir várias e dignas unidades educacionais, com várias salas de aula, e
reformou outras tantas, que não irei, aqui, enumerar. Principalmente, manteve o
sistema educacional em ótima atividade, inclusive com o fornecimento de boa
alimentação escolar. Honesto em sua vida particular e nos demais cargos que
exerceu, a probidade foi sua marca pessoal, uma espécie de legenda que lhe
marcou a administração paradigmática.
II
Posso
confessar que me tornei uma pessoa melhor através de minha amizade com Canindé
Correia, ao longo de mais de quatro décadas, ao lhe seguir os conselhos e os
exemplos. Quando lhe pedíamos a opinião a respeito de qualquer assunto, jamais
ele adotava um tom professoral ou doutoral. De forma paciente e simples, e
sempre em voz baixa e humilde, emitia os seus argumentos, demonstrando qual o
melhor caminho a seguir, explicitando os porquês e as consequências da sua e de
outras opções, que acaso fossem aventadas.
Isso acontecia
tanto em relação a assuntos pessoais ou particulares, como no tocante ao jornal
Inovação e a nossa vida profissional ou educacional. De modo que, aos poucos,
sem nenhum desejo de sua parte, tornou-se uma espécie de mentor ou orientador
de nosso grupo, mas, como já deixei implícito, sem imposição sua.
Por isso, sem
misticismo e mitificações, eu o considerava nosso “guru”, não apenas por ser o
mais velho e mais experiente, mas pelo seu alto grau de sensatez, equilíbrio e
inteligência, mormente na época em que nos ardiam muito forte a impetuosidade e
o destemor da juventude. A sua criatividade para resolução de problemas era
notável, e sempre tinha um coringa, que aparecia na hora certa. O coringa
poderia ser um plano b ou c, ou uma guinada na estratégia até então perseguida.
Amava o bom, o
bem e o belo. Amava o bom porque apreciava as coisas boas, as coisas amáveis e
desejáveis. Amava o bem porque era um homem bom, e nos induzia, através de seu
exemplo e de sua palavra, a que o fôssemos também. E amava o belo porque amava
a beleza da arte, da cultura e da paisagem, vista da janela, ou ao longe, na
linha do horizonte.
Amava, creio,
sobretudo a beleza que existia ou poderia existir no ser humano, a beleza das
músicas que apreciava e a magia de uma boa literatura, fosse em prosa ou em
versos. Nunca teve o silêncio e as restrições mesquinhas dos invejosos; pelo
contrário, aplaudia com ênfase e entusiasmo, e dizia palavras de admiração e
estímulo pelo dom e talento alheios; não às escondidas, mas às escâncaras, à
luz do sol, em verdadeiro processo de difusão, para que outros tomassem
conhecimento.
Com a
criatividade, conhecimento e inteligência que tinha, poderia ter escrito
notáveis livros, porque sabia redigir com fluência e desenvoltura, com
objetividade e clareza. Talvez tenha aprendido a bem escrever através de aulas,
mas acredito tenha sido através de longas horas de leituras, e do convívio com
seu pai, o professor Benedito Jonas Correia, que tinha impecável redação, e
ainda pelas atas burocráticas que redigia, registrando as reuniões da diretoria
da FIEPI, que certamente lhe aumentaram essa habilidade. Quando fui pronunciar
alguns de meus discursos, fossem de improviso ou por escrito, discuti com ele o
que pretendia dizer, e ele me ajudou com muitas sugestões, informações e dados
estatísticos, para reforço de meus argumentos.
Entre esses
discursos, posso citar o de minha posse na presidência do Diretório Acadêmico
“3 de Março” (Campus Ministro Reis Velloso – UFPI) e o que pronunciei, de
improviso, no monumental comício com que Chagas Rodrigues retornou à vida
pública, em plena Praça da Graça, após o término de sua cassação pelo regime
militar, em que estavam presentes Ulisses Guimarães, Miguel Arraes, Almino
Afonso e Franco Montoro, entre as mais conhecidas lideranças do MDB nacional.
Alguns fizeram referências ao meu pronunciamento, e isso devo, em grande parte,
aos dados fornecidos pelo Canindé.
Não fosse a
sua humildade e discrição, sem necessidade de holofotes e ostentações, poderia
ter elaborado excelentes livros historiográficos, de economia, ensaios
sociológicos, memórias, artigos e crônicas. Contudo, preferiu ajudar outros a
escrever e a publicar, e a aplaudir e louvar obras alheias. Talento,
criatividade e capacidade intelectual para essas empreitadas não lhe faltavam.
Era humilde, sim, entretanto tinha o seu amor próprio e a sua altivez e brio, e
sabia se insurgir, de forma civilizada, mas firme, contra quem tivesse a
ousadia de tentar lhe atingir moralmente ou o menoscabar.
III
Mestre,
chamei-o de meu mestre, porque muito aprendi com ele em nossa longa amizade.
Até em coisas simples, dele muitas lições recebi. Ainda no início de nossa
fraternal convivência, aprendi como se devia degustar uma espumante cerveja e
destroçar uma rodada de cordas de caranguejo. Tendo chegado a Parnaíba há pouco
tempo, e não tendo a experiência de manejar um crustáceo, observei como ele o
fazia.
Além da lição
prática, ele, num dia de domingo, pela manhã, nos ensinou que, ao chegarem as
cordas, cada pessoa deveria retirar um caranguejo, e, só após o seu completo “desmonte”,
pegar um outro. Vi que a lição se destinava a combater o egoísmo daqueles que
avidamente só escolhem a melhor parte, ou seja, a suculenta e carnuda patola.
Tempos mais tarde presenciei uma pessoa passar uma decepção, porque de forma
egoística e ávida retirava da bacia todas as grandes pinças, sem dar chance aos
outros, até ser repreendido pelo patrocinador.
Tendo vindo
morar em Parnaíba em 1975, como disse, não lhe poderia conhecer a adolescência
e muito menos a meninice. Soube, no entanto, que foi hábil no futebol e no
basquete. Quando tomou conhecimento, através de um de meus livros, de que eu havia
sido um bom goleiro em minha adolescência, me indagou a respeito, e estampou um
sorriso maroto, como se não estivesse acreditando muito nessa minha faceta, que
ele desconhecia. Era um ardoroso torcedor do Fluminense do Rio de Janeiro, e a
partir dos 50 e poucos anos de idade, sempre que possível, não lhe perdia uma
partida, pela TV.
Quando o
Terminal Rodoviário, que ficava em local na época considerado distante, passou
a funcionar, muitas vezes ele me deu carona, quando eu tinha de retornar a
Teresina, geralmente no domingo à tarde. Não esquecia o compromisso, e na hora
marcada, lá estava ele à porta de meus pais. Essas e outras demonstrações de
amizade fizeram com que a minha família, principalmente meu pai e minha mãe,
também lhe tivessem amizade e consideração, que nunca sofreram arranhões,
ressalvas ou senões.
Em Viçosa, na Ibiapaba, Canindé e Elmar e seus familiares e amigos, entre eles meus saudosos pais, Miguel e Rosália |
Até um pouco
antes da doença, de que veio a falecer, fiz com ele muitos passeios e viagens.
Fomos a Viçosa do Ceará, na Ibiapaba, a Barra Grande, em visita a nosso amigo e
“inovador” Jonas Carvalho, e a vários outros povoados. Com ele participei de
muitas e sábias libações e degustações, “regadas”, muitas vezes, a uma boa
música. Num barzinho, que ainda existe, quase debaixo da ponte, imediatamente
antes do então povoado de Morros da Mariana, degustávamos saborosos
caranguejos, que chegavam fresquinhos, ainda cobertos pelas belas e grandes
folhagens do mangue; o igarapé, por onde os crustáceos chegavam, em pequenas
canoas, passava em frente ao boteco, e aumentava a sedução e a beleza da
paisagem.
Canindé e Elmar na casa praiana de Jonas Carvalho (de chapéu), em Barra Grande |
Ele vibrava
quando ouvia uma bela música, sobretudo ao vivo. Eram da sua predileção as
inesquecíveis serestas da velha guarda, a melhor bossa da bossa nova, as
seletas da velha jovem guarda, naquelas tardes de domingo e outras tardes
imortais, inclusive as tardes mais azuis de um dia de sol esplêndido ou as enevoadas
de um dia chuvoso, e um rítmico e
legítimo samba, do morro ou do asfalto, contanto que fosse bom e de raiz. Era
figura quase onipresente no cenário musical parnaibano dos anos 70/80 o
seresteiro Osmar Bezerra, com seu vozeirão vibrátil e o indefectível violão,
que nos fazia vibrar as cordas todas do coração.
Nessa época
(final dos anos 1970 até o final dos anos 1990) eu tinha decorado um bom
repertório de poemas, sobretudo de Neruda, Da Costa e Silva, Bandeira e Camões,
e ele apreciava quando eu os dizia, com a ênfase de minha juventude cheia de
vitalidade e entusiasmo, inclusive uns dois ou três de minha lavra. Também gostava das declamações dramáticas (e às vezes
um tanto espalhafatosas) do boêmio e performático Balula, com a sua bela voz
tonitruante, que encenava, quase sempre, como aperitivo, destinado a provocar o
suspense, uma espécie de proêmio.
Na Toca do Velho Monge, vendo-se Paulo de Tarso, Natim, Canindé, Zico, Zé Hamilton, Elmar e Fátima |
Das
inesquecíveis libações desse período participavam, com mais ou menos
frequência: Vicente de Paula (Potência), Reginaldo Costa, B. Silva, Zé Hamilton
e os poetas Alcenor e Airton Meneses, fora outras presenças mais esporádicas. Canindé se esmerava,
então, em sua conversa. Sem dúvida era causeur, e sabia condimentar sua
prática, com anedotas, piadas, exemplos e casos pitorescos ou engraçados que
puxava do baú de sua memória, em que fora protagonista, coadjuvante ou simples
observador. Era bem-humorado e gostava de pessoas bem-humoradas e inteligentes.
Fora do grupo do Inovação, tinha amigos bem mais velhos, entre os quais cito o
mais que centenário dentista João Batista Teles, com quem praticava, de vez quando,
um jogo de baralho.
Canindé
adorava um banho de mar. Foram incontáveis as vezes em que fui à praia, em sua
companhia, quando ele levava sua esposa Tânia e suas filhas Ivana e Fátima,
então pequenas. Mas igualmente apreciava um banho de água doce, fosse de rio,
lago, piscina ou bica. Por essa razão, quando a Fátima herdou um pequeno pedaço
de terra, na localidade Várzea do Simão, e decidimos construir o Sítio
Filomena, em homenagem a minha sogra, na parte que vai da margem da estrada
vicinal até a beira do Parnaíba, tratei logo de improvisar uma potente bica.
Na bica improvisada, na época da construção do Sítio Filomena |
O amigo Zé
Francisco Marques, de cujas interpretações musicais ao violão o mestre tanto
gostava, tendo observado o quanto Canindé gostava de tomar banho, deu-lhe o
carinhoso epíteto de Aquanindé, fazendo o trocadilho de aqua (água) com o seu
segundo prenome. Assim, quando fiz a estrutura definitiva das duchas, dei-lhe o
nome de Bicas Aquanindé, em homenagem ao saudoso amigo Francisco de Canindé
Correia, que fiz registrar em placa metálica, que ele inaugurou. E nessas bicas
ele banhou tantas vezes, em agradáveis e inesquecíveis dias de ensolarados
domingos, em que tivemos o prazer de sua marcante presença.
Em flagrante momesco, Canindé, Elmar, Carlos Eduardo, Francié, Carlos Mendes e Natim Freitas |
Tendo sido seu
amigo por anos e anos, não poderia ter deixado de me enriquecer espiritualmente
com suas palavras e exemplos. A sua morte foi uma das perdas que mais senti.
Quando lhe fecharam o caixão, na hora da saída do cortejo para o seu
sepultamento no Cemitério da Igualdade, e vi que não mais o veria nesta atual
dimensão, me comovi de verdade, e o pranteei em meu íntimo.
Por isso
mesmo, neste sábado, na reunião ordinária da Academia Piauiense de Letras, ao
propor voto de pesar por seu falecimento, aprovado por unanimidade, enumerei,
em síntese, as suas principais virtudes, e disse que Canindé Correia não foi
apenas uma pessoa importante, mas foi, sobretudo, um homem bom, com quem tive a
honra e o privilégio de construir e aperfeiçoar uma amizade por mais de
quarenta anos.
Agradeço a
Deus a graça de tê-lo conhecido e de lhe ter merecido a amizade, a que procurei
corresponder, embora com as minhas involuntárias falhas, e por ter usufruído de
suas benfazejas, quão agradáveis companhia e conversa.
Teresina, 5 de
fevereiro de 2020.
*Para maiores informações sobre o
jornal Inovação e sobre a literatura parnaibana, consultar meu livro Aspectos
da Literatura Parnaibana e meu Depoimento sobre esse jornal, publicado na
internet.
Prezado amigo Elmar,
ResponderExcluirParabéns pela feliz crônica em homenagem ao Canindé Correia. Você, melhor do que ninguém, retratou quem era o grande homem Canindé Correia.
Abraços,
Ben-Hur Sampaio
Muito obrigado, caro Ben-Hur.
ExcluirExcelente texto que relata o que é uma boa amizade! Dar para concluir que não devemos deixar para depois, o que podemos fazer agora, claro com limites! Pois a vida é um sopro, breve e devemos aproveitar as coisas boas da vida, como uma boa e velha amizade!
ResponderExcluirValeu! Muito obrigado.
ExcluirElmar,lindo texto referente a meu pai. Muitos foram os momentos bons vividos ao lado dele, sabemos disso. Obrigada pelo carinho. A saudade é muita, a dor também...mas nosso amor e gratidão a ele é muito maior. Um abraço.
ResponderExcluirFico feliz por você ter gostado. O Canindé foi um bom amigo e um bom ser humano. E esta é a imagem que guardarei dele.
ResponderExcluirAbraço.
Meu caro Elmar.Uma das dificuldades em morar distante é o infortúnio de só se saber dos fatos quando já fazem parte do passado. As loas que tecestes com a maestria de sempre ao nosso Canindé são totalmente merecidas e infelizmente, póstumas, embora certamente ele já sentia o que agora , como porta-voz nosso, voce explicitou. Os amigos que se vão fora do "combinado", levam consigo um pedaço de cada um de nós. Somente nós perdemos. Talvez para nos consolarmos apenas aceitamos essas partidas como parte da vida. Transmita aos seus familiares diretos (que conheci crianças) o nosso pesar.
ResponderExcluirE emprestando essa frase sua, ( e vou dizer sempre que é minha pois encerra a maior verdade)
"Já não tenho epitáfios / para tantas lápides / em meu peito.
Ficamos nosotros mais sós.
um abraço
Neco
Elmar Carvalho
Belas e merecidas palavras você disse, sobre o nosso prezado Canindé.
ResponderExcluirFico contente de que você tenha gostado de nossa epígrafe, que faz parte de um poema de minha autoria.
Abraço,
Elmar
Elmar, gosto muito de fotos, principalmente quando aguça minha memória da infância e da adolescência, lembro-me quando eu ia para casa do amigo Guido Vaz, que morava por trás da União Caixeral, nos idos de 1980. Do ano de 1974 a 1978, estava bem próximo, estudava no Ginásio São Gonzaga, fazendo o antigo primeiro grau.
ResponderExcluirComo ele sempre morou em Parnaíba, sempre passava por perto dele, o via de longe. Em 1994, tive bem perto dele quando foi o secretário de Educação, por quatro anos, no primeiro governo de José Hamilton Furtado Castelo Branco, em que minha esposa foi nomeada por ele professora do ensino fundamental.
Algumas pessoas dessas fotos tiveram algum contato comigo: Israel Correia, meu professor na UFPI em 1984/1985; Bartolomeu Martins, meu professor no SENAI, na velha Cap. Claro, em 1978/1980; Bernardo Silva, foi meu professor no Cursinho do Visão, em 1981/1982.
Elmar, não tive sua mesma sorte de ter gozado da amizade dele, mas certamente, na Pátria Espiritual, ele estará se regozijando com essas belas letras dessa crônica da lavra de um amigo que tanto lhe queria bem. Não podemos nunca esquecer que somos imortais, apenas o corpo perece e o espírito continuará a sua caminhada. Que Canindé Correia descanse em paz e que Deus em sua infinita bondade o acolha na nova dimensão e console a todos os familiares e amigos!
Everardo de Oliveira
Parnaibano
Caro Cel. Everardo,
ResponderExcluirVocê fez um belo comentário sobre o meu texto, ao tempo em que memorou algumas figuras de minha amizade, que nele citei.
Muito obrigado.
Abraço,
Elmar