Fonte: Google |
MINHA CASA, MEU MUNDO
Everardo de
Oliveira-Parnaíba-PI
Cel. PM-PI
Nesse período
coroniano a vida segue. Acordo cedo, faço as orações de rotina e a primeira
refeição do dia; começo com as minhas reflexões e vejo o checklist dos afazeres para deixar a casa em ordem. Abro o WhatsApp
e vejo uma mensagem: “Após uma semana de quarentena, esposa acha que o marido é
gente boa”, minha nossa, ironia ou não, mas achei como a nossa sociedade estava
dispersa, a família não sem encontrava mais em casa, principalmente nos
horários das refeições, como faziam nossos ancestrais.
E pensava eu
que já tinha visto muitas coisas com meus cinquenta e poucos anos, mas percebi
que nada tinha, nunca havia testemunhado tanta caridade, solidariedade e
paradoxos nesse velho mundo: logo de início onde moro, avisos nos elevadores em
que condôminos se colocam a disposição de vizinhos idosos e/ou com dificuldades
de locomoção para fazer algumas compras e outras atividades, que em outros
momentos até fingem estarem ao celular para não cumprimentar o vizinho no
elevador; a Rússia levando equipamentos de proteção individual para os EUA,
quem poderia imaginar uma cena dessa? A entrada da favela da Rocinha, no Rio de
Janeiro, sendo higienizadas três vezes por semana; em São Paulo, na favela de Paraisópolis,
cestas básicas sendo distribuídas e pessoas sendo cuidadas em domicílio; na
França, um dos povos mais civilizados do mundo, no entanto agora brigando por comida
em supermercados; em Teresina, os moradores de ruas sendo colocados em abrigos
(Verdão) para serem cuidados, que muitas
vezes são tão esquecidos ou até mesmos invisíveis aos nossos olhos; e os ricos
sendo atendidos pelo SUS e outros até morrendo por conta desse mal.
Já sabia que a
morte era democrática, mas nem tanto assim, um plebeu como eu correr tanto
risco com o “corona vírus” quanto à Rainha e Príncipe da Inglaterra, o Papa e o
Presidente dos EUA, seria quase impossível isso acontecer...E se o “covid 19”
estivesse somente na região pobre do planeta, na América do Sul ou no
continente Africano? Oh meu Deus, como seria: os ricos desses países viajando
para praias paradisíacas dos EUA, outros visitando a Torre Eiffel em Paris ou
até mesmo na Quinta Avenida em New York, para fazer compras; os milionários, com
suas lindas famílias, em seus jatinhos rasgando os céus para irem para algum
lugar seguro no outro lado do mundo e enviando mensagens para nós mortais aqui
nas Terras de Cabral, que estariam lamentando tudo isso. Mas Deus é justo e bom
e não quis assim, todos são iguais perante às leis Dele.
E com esses
meus vinte e três dias de isolamento social, pelo menos uma mudança já tive, sai
de samango para ter as madeixas do Rei Roberto Carlos, transportando-me aos
primórdios, deslocando-me das cavernas da Serra da Capivara em São Raimundo
Nonato para as cercanias para pegar alimentos no Mercado do Mafuá, como se
estivesse caçando como minha velha lança e meu tacape.
Por isso, o
mundo não será mais o mesmo depois desse vírus, o orgulho e a vaidade serão carcomidos
nessa batalha mundial. Sem dúvidas, os teólogos têm razão, quando dizem que
dentro de cada ser há uma centelha divina, basta aquecer para que ela acenda. Estou como um navegante da Barca de Noé, herói
bíblico, e apenas esperando que as águas baixem e um pombo traga um galho seco
nos pés como prova que não haja mais riscos para eu voltar para casa. E que,
Deus na sua infinita bondade e misericórdia sempre esteja conosco, e que isso
não é ainda o fim, concordando com o Poeta Elmar Carvalho, quando ele diz: “Mas
essa pandemia, suponho, é apenas um “cascudo” ou cocre, apenas uma forte
admoestação. Talvez, caso não aprendamos a lição, uma segunda onda venha com
uma letalidade muito maior”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário