POEMITOS DA PARNAÍBA
Elmar Carvalho
17. Pacamão
– Eu sou um monumento
anatômico e biotônico
onde a lenda se mistura com
a realidade;
onde o homem se confunde
com o mito.
E neste instante, sinto-me
forte como um elefante!
– Cadê a tromba? –
perguntou um gaiato.
– Está aqui – retrucou
Paca/mão na braguilha.
Pacamão: pacamônicos
folclores
de ditos repetidos pela boca
do povo – arma de repetição
deflagrando gargalhadas.
18. Expedito Maciel
Enchia galões de gasolina
até a borda de cerveja
para beber e banhar.
Comprava defuntos frescos
para fazer o enterro.
O caixão seguia de carroça,
enquanto a banda tocava
por entre goles de
aguardente.
Acendia charutos cubanos
com cédulas de cinco mil
réis.
Dirigia carro importado dos
EUA
vestido com roupa de estopa
de saco de açúcar.
Expedito Maciel,
Howard Hughes da Parnaíba,
milionário e excêntrico,
perdulário e esquizofrênico,
filho pródigo de si mesmo.
19. Luse
Sua saia rodada
sua saia rodando
era uma festa de
cores e folhas e flores
nas festas de que gostava.
Das pontas estelares de
seus dedos
saltavam saltitantes valsas
pelos tec-tec teclados do piano.
Hoje ela estendeu um arame
nas pontas da lua nova,
colocou uma estrela e toc-toc
toca berimbau.
20. Mário
Reis
Vulgo Mário Bola, tinha
a graça de um tatu bola.
Orfeu de novos carnavais
carregava o encantamento
dos sopros (marítimos) que
transformava em música em
sua gaita – caixa de mágico
som.
Entre a música e a fofoca
uma piada de recheio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário