sábado, 23 de maio de 2020

AI DE TI, SAUDADE!




AI DE TI, SAUDADE!

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

Saudade de sair veloz no carro,
tarde afora ou noite adentro;
de percorrer todas as ruas.

De entrar naquele shopping,
pedir e tomar daquele chope
que sempre via alguém beber.

De entrar na casa de loterias,
jogar na quina ou lotomania,
se acumuladas, como não?

De parar nas livrarias,
tomar café, olhar orelhas de livros,
e levar alguns para ler.

E essa saudade, quanta,
de zanzar de lá para cá,
feito bobo ou turista faz-de-conta?

Na relojoaria, na loja de esportes
ou no antro da última moda:
de entrar, só para ter que sair.

Após despedida com um espresso,
deixar o shopping para outros,
também há saudade do lado de fora.

Que vontade deu, de repente
de matar aquela tão ingente
de um certo cantinho especial.

Onde mais de um pãozinho,
e de vários e vários pasteizinhos,
pedirei aquele suco, para refrescar.

Mas não vai ficar só nisso,
esperarei mais um pouquinho,
pela iguaria-mor da Casa:

A coxinha de camarão.
Se alguém conhece similar, eu não:
 vou querer alguns exemplares.

Para sonhar pelo caminho,
que preciso recomeçar já,
pois tempo não há a perder.

Decidi pôr fim no estoque
dessa saudade encruada,
 que já está comigo há meses.

Vou falar alto, talvez  gritar,
se precisar, posso repetir:
saudade, minha velha, ai de ti!

Estás com os dias contados.
E neles há tanto por retomar,
que, prevejo: terás um fim cansativo.

No cinema há um filme novo,
que terá de esperar para depois:
pois verei outro que escolhi.

Pouco importa a plateia,
Quero mesmo é me esparramar
e sair com muita sede.

Há um barzinho ali bem perto,
e a saudade danada dele
vai morrer por afogamento.

Quem sabe lá encontremos,
 saudosos amigos do último encontro,
e brindaremos por teu réquiem.

este dia que logo, logo terminará
não será, ainda, coisa triste,
o de tua partida em definitivo,

Sem problema, minha velha,
no mais tardar, daqui a pouco,
serás não saudosa lembrança

Vade-retro, e leva teus ais,
dá um tempo e desaparece.
Ah! E saibas que não deixará saudade.   

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