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Vitor entre o professor Gallas e Paulo de Tarso Mendes Souza |
DIÁRIO
[Os irmãos Paulo e Vitor Couto]
Elmar Carvalho
[Os irmãos Paulo e Vitor Couto]
Elmar Carvalho
02/06/2020
No final da
semana passada, fiz contato telefônico e através do WhatsApp de minha mulher
com o professor Vitor de Atayde Couto, que atualmente se encontra passando uma
temporada na Bahia, a convite de sua filha, embora há alguns anos tenha voltado
a residir em Parnaíba, após sua aposentadoria como professor da Universidade
Federal daquele estado.
A finalidade
do contato era lhe informar que, tendo tomado conhecimento de seu comentário à
minha crônica sobre o professor Amstein, postada em meu blog e em outros sítios
internéticos, lhe fiz a retificação do equívoco que ele apontara, bem como lhe
fiz um pequeno acréscimo, possibilitado pelas novas informações que ele
produziu no referido comentário.
Na conversa
telefônica, além de vários outros assuntos, lhe falei do importante livro
Economia e Desenvolvimento do Piauí, segunda edição, da autoria do professor e
economista Felipe Mendes, sobre o qual fiz algumas considerações e depois lhe
enviei, por e-mail, um comentário que escrevi sobre essa importante obra.
Disse-lhe que, após a pandemia, que nos está causando um verdadeiro pandemônio,
lhe enviaria um exemplar. Ao conversar com o Dr. Felipe sobre isso, ele, espontaneamente,
me pediu o endereço do Vitor para ele próprio lhe remeter de imediato um
volume, o que acredito já deva ter acontecido.
Vitor é
filho do professor José de Lima Couto, com quem, a partir de 1977, tive o
prazer de conversar algumas vezes em sua casa, algumas delas debaixo de um
caramanchão, onde eu ficava a sentir o cheiro de belas e odoríferas flores. O
velho mestre me falava de sua experiência de livreiro e no magistério, mas
sobretudo falávamos de literatura e poesia. Ele lera alguns de meus poemas
publicados em jornais e, depois, os enfeixados em Salada Seleta e Galopando,
livros coletivos dos quais era participante o seu filho Paulo Couto.
Salvo falha de
minha memória, Lima Couto era o diretor do famoso Ginásio Parnaibano, na época
em que ele foi estadualizado pelo governador Chagas Rodrigues, transformando-se
no Colégio Estadual Lima Rebelo. Ele era um causeur; sabia atrair o ouvinte,
pois falava “corado”, com vivacidade e entusiasmo, com gestos amplos,
vibrantes, como se fosse um maestro, e sua conversa tinha denso conteúdo e era
sempre interessante.
Embora, talvez, não fosse o velho
mestre um entusiasta do modernismo, eu sentia que ele apreciava os meus
modestos versos. Um dia, para minha surpresa e certo receio, um pouco depois do
falecimento de minha irmã Josélia, o jornalista e ex-poeta (o único literato
assumidamente ex-poeta que conheço), Bernardo Silva me disse que Lima Couto
temia eu viesse a morrer jovem, porquanto me achava muito inteligente. Sei que
esse conceito se devia apenas à amizade e bondade do velho professor para com
um jovem cheio de sonhos e esperança, que então eu era. Fiquei entre o
desvanecimento e o medo de que ele se revelasse um bom profeta, o que
felizmente não aconteceu.
Eu conhecia Vitor apenas de nome, posto
que ele já era professor na Bahia, através do Paulo, seu irmão, que lhe tinha
grande amizade e admiração. Vitor fora caçula durante oito anos, quando perdeu
esse cômodo e agradável posto para o temporão Paulo. Porém, não ficou
enciumado. Ao contrário, passou a cuidar do caçula com todo devotamento e zelo,
até prosseguir nos estudos em Salvador, onde ingressou no magistério superior
na UFBA, passando a lecionar no curso de Economia.
Paulo admirava e comentava as longas
cartas que o irmão lhe enviava pelos Correios. Cheguei a ver uma ou outra. Era
um verdadeiro missivista. Elas tinham qualidade literária. Nelas Vitor vazava
todas as qualidades de um verdadeiro escritor. Tinham vivacidade, leveza, e o
autor lhes injetava uma boa dose de criatividade, bom-humor, em que destilava
certas ironias e blagues de um antenado espírito crítico.
E eu prefigurava que ele poderia se
tornar um bom cronista, como depois comprovei ao ler algumas de suas crônicas, por
vezes jocosas e irreverentes, vertidas em linguagem algo coloquial, mas sempre
espirituosas e inventivas, em que não lhes faltava o condimento da sacada, da
sagacidade e da ironia, em menor ou maior voltagem.
Paulo Couto, por seu turno, era
poeta, como já disse, mas era também articulista e cronista. Publicava seus
escritos no jornal Folha do Litoral, na segunda metade da década de 1970,
enquanto, assim como eu, fazia o curso de Administração de Empresas na UFPI –
Campus Ministro Reis Velloso. Fomos colegas de turma e colocamos grau no mesmo
ano. Após a formatura, ingressou, através de concurso público, no Banco do Brasil, indo servir em outros
rincões, de modo que o perdi de vista durante muitos anos. Agora, publicou um livro de poemas, que
prometeu me enviar pelos Correios.
Vitor, coroando sua carreira
magisterial, em tempos mais recentes, ministrou aulas no campus da Universidade
Federal em Parnaíba, na qualidade de professor visitante. Nessa condição
promoveu um seminário na área de Economia, em que vários problemas e
perspectivas foram debatidos. Esse evento lhe motivou a escrever o livro “Piauípsilon
– um projeto geopolítico excludente”, em que analisa e comenta aspectos da
economia piauiense, sobretudo os referentes a Parnaíba.
No seu e-mail consta a palavra pinho.
Curioso como sou, perguntei-lhe a razão. Ele me respondeu que o endereço
virtual fora criado por um de seus filhos, que lhe adicionara essa palavra, em
virtude de ser ele, Vitor, um violonista.
Desse modo descobri o motivo pelo
qual ele frequentava o grupo de “chorões” do saudoso e exímio violonista Francisco
Eliziário, além de “rei da voz parnaibana”, na expressão de Vitor. E, sem
dúvida, não apenas como ouvinte, senão também como instrumentista, a dedilhar
um “pinho”.
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