quinta-feira, 4 de março de 2021

HISTÓRIA DO JORNALISMO CAMPO-MAIORENSE

 


HISTÓRIA DO JORNALISMO CAMPO-MAIORENSE

 

Celson Chaves

Professor, escritor e historiador

 

AS ORIGENS DO JORNALISMO CAMPO-MAIORENSE

 

A origem da atividade jornalística em Campo Maior está ligada a figura de Lívio Lopes Castelo Branco e Silva. Ele nasceu em Campo Maior, a 11 de setembro de 1811, e faleceu na Parnaíba, a 05 de dezembro de 1869. Casou-se, em 15 de junho de 1834, na vila de Campo Maior, com sua prima Bárbara Maria de Jesus Castelo Branco. Filho de Antônio Lopes Castelo Branco e Silva e Anna Rosa de São José.

 

Por ser membro de família tradicional e fazendeiro próspero na região, Lívio ingressou cedo na vida militar e política, ocupando postos no oficialato da Guarda Nacional, na Câmara Municipal e Assembleia Provincial.

 

Por conta do seu envolvimento na Balaiada, movimento rebelde ocorrido no Maranhão e Piauí (1838-1841) e na política acabou ingressando no jornalismo. A militância na imprensa foi longa e desgastante. Foi responsável pela fundação de diversos tabloides no Piauí (Oeiras, Teresina e Campo Maior) e no Maranhão (São Luís e Caxias).

 

Lívio era homem de temperamento forte, intelectual de espírito irrequieto, usou o jornalismo para rebater críticas, acusações e calúnias proferidas por adversários nos periódicos de diversas províncias do Império. Como bom advogado, na defesa da sua honra, utilizava da retórica jurídica em textos jornalísticos. Fazia tudo com parcimônia e decência. Depois do frustrante envolvimento na Balaiada, não queria brigar com ninguém, buscava o diálogo. Contudo, não era homem de aguentar desaforo. Para Celso Pinheiro Filho, foi o primeiro do Piauí a merecer o título de jornalista.

 

Campo Maior era seu principal reduto eleitoral. Mesmo atuando em outras cidades, Lívio não perdia contato com a cidade. Por conta disso, criou os dois primeiros jornais da terra dos carnaubais: O Patuléia (1855) distribuição gratuita, de assunto comercial e literário, produzido na tipografia Independente; e O Povo (1863), distribuição gratuita, meramente eleitoral, impresso na tipografia constitucional. Os dois jornais eram feitos em Teresina. Segundo Celso Pinheiro Filho, O Patuléia teve “9 números, sendo o último em 27/11/1856”.

 

Apesar de não haver consenso entre os autores Pereira da Costa, Celso Pinheiro Filho e Daniel Ciarlini, quanto ao local de origem dos dois jornais, arrisco em dizer que O Patuléia abrangia assuntos de interesse de Campo Maior e Teresina, enquanto O Povo era restrito a terra dos carnaubais.

 

Lívio era articulado, sabia sair das ciladas dos adversários, que faziam questão de relembrar nos noticiários pagos, a participação dele ao lado dos rebeldes balaios, em vez do governo.  Lívio passou agir ativamente na imprensa. Escreveu para os seguintes jornais: O Propagador (Teresina-PI, 1858-1864); Conciliador Piauiense (Teresina-PI, 1857); Correio Piauiense (Teresina-PI, 1856); Atleta Piauiense (Oeiras-PI, 1845); O Argos Piauienses (Oeiras-PI, 1851-1852); O Aucapura (Oeiras-PI, 1850); O Echo Liberal (Oeiras-PI, 1849-1851); O Governista (Oeiras-PI, 1847-1848);  A voz da Verdade (Oeiras-PI, 1849); O Grito Nacional (Rio de Janeiro-RJ, 1853); Diário de Pernambuco (Recife-PE, 1841); O Liberal de Pernambuco (Recife-PE, 1857); O Lidador (Recife-PE, 1848); A Malagueta Maranhense (São Luís - Ma, 1844); Porto Livre (São Luís-MA, 1862); Correio dos Municípios (Caxias-MA, 1848), O Liberal Piauiense (Caxias-MA, 1846) e o Jornal Caxiense (Caxias-MA, 1846). Lívio Lopes atuou mais de vinte anos na imprensa, nesse período, criou 10 jornais.

 

Antes da atuação de Lívio Lopes no jornalismo, entre 1821 e 1823, com alguns intervalos, circulavam no município pasquins subversivos, num período de grande contestação política à cora portuguesa.  Era o prelúdio a Batalha do Jenipapo. Muitos dos boletins eram atribuídos ao rábula Lourenço de Araújo Barbosa. Há alguém que possa pensar nesses folhetos subversivos como a origem da imprensa campo-maiorense?

 

Para o historiador Reginaldo Gonçalves Lima, a origem do jornalismo local está ligada a figura do português Francisco Figueiredo da Silva Duarte. O mesmo foi responsável pela criação do tabloide O Campo-Maiorense, impresso por Azarias J. de Sousa. A primeira edição circulou em 10 de janeiro de 1883. Ao contrário de Lívio, Duarte buscou trilhar por um jornalismo ameno, imparcial. De periodicidade trimensal e de assunto comercial e noticioso, O Campo-Maiorense foi o primeiro jornal impresso na cidade. Segundo Celso Filho, a tipografia foi adquirida em Caxias-MA pela firma F. Bastos & Irmãos. Para Reginaldo Lima, o periódico não passou de três números.

 

Francisco Figueiredo da Silva Duarte nasceu na cidade do Porto-Portugal, em 1833, e faleceu em 18 de janeiro de 1892, na vila de Campo Maior-Brasil. Casou-se com Maria Isabel da Silva Figueiredo. Residiu nas antigas ruas General Câmara, Riachuelo e 13 de Maio. Foi membro do partido conservador (1883).

 

Com a proclamação da República, em 1889, filou-se ao partido Democrata. Ocupou diversos cargos públicos: escrivão interino dos órfãos e ausentes (1889) e escrivão de paz (1889) da comarca de Campo Maior; oficial de registro e escrivão do juiz dos casamentos de Teresina (1890). Foi sacristão e eleitor da paróquia de Santo Antônio (1881). Atuou como comerciante e agropecuarista. Seus filhos, Ernesto e Justino Figueiredo Duarte, nascidos no Brasil, tiveram forte atuação política na vila de Campo Maior, entre o final do Império e o início da República. A família Figueiredo Duarte foi apoiadora de primeira grandeza do coronel Lysandro Pereira da Silva.

 

 INÍCIO DO SÉCULO 20 E A DINAMIZAÇÃO DO JORNAL EM CAMPO MAIOR

 

Até o final do século 19, o jornal era um artigo escasso na região. O analfabetismo da população dificultava a popularização dos tabloides. Quase 90% dos campo-maiorenses não sabiam ler e/ou escrever. A pecuária, como principal atividade econômica da vila fortalecia o campo em detrimento da cidade. A urbanização não se desenvolvia. A enorme distância entre sítios e fazendas propiciava o isolamento, dificultando a comunicação. Os poucos diários que circulavam no município vinham por encomenda. Tinha clientes certos. As gazetas chegavam de Teresina e Maranhão.

 

Na inexistência de recursos didáticos, o jornal servia de material escolar. Papel era mercadoria cara e difícil acesso. A cidade possuía só escolas primárias. Uma municipal, outra estadual e duas particulares. As escolas resumiam-se a uma sala de aula. Na zona rural, onde localizava-se o grosso da população, os casarões  das fazendas constituíam-se em escolas improvisadas. Os poucos alunos que desejavam prosseguir nos estudos encaminhava-se para Teresina. O leitor de jornais em Campo Maior era os padres, os comerciantes, bacharéis e burocratas do governo municipal.

 

Na passagem do século 19 para o século 20, Teresina moderniza-se, civilizava-se. Pela a proximidade com a capital, Campo Maior acabou beneficiando desse progresso. Criaram-se na capital: teatros, cinemas, clubes, livrarias, tipografias e inúmeros jornais. Os filhos dos fazendeiros mais abastados de Campo Maior passaram a estudar em Teresina. O Liceu Piauiense era o mais procurado. Muitos buscavam o bacharelato. Durante a vida acadêmica, dedicavam-se a poesia e ao jornalismo. Alguns eram correspondentes e representantes dos jornais da capital na terra dos carnaubais.

 

Com o progresso de Teresina, aumenta o tráfego de pessoas e mercadorias entre as duas cidades. Os estudantes campo-maiorenses residentes na capital foram os maiores incentivadores para criação de jornais locais.

 

Entre os anos 1900 e 1950, o jornalismo campo-maiorense se consolida através do surgimento de diversas gazetas, sem certa periodicidade. Nasce daí: O Riso; O Pranto; O Passarete; A Luz; A Diretriz; O Carnaúba, O Espião, O Raio (Quinzenal literário, crítico e noticioso, 1916), redatores poeta Mário da Costa Araújo, João Bona, Francisco Carvalho e o professor Leopoldo Pacheco; A Cruzada (Literário, artístico, religioso e científico, 1921), órgão do Ateneu Santo Antônio; e Atalaia Campo-Maiorense (De interesse geral, 1948), fundado por Francisco Bento Ribeiro, Luciano Lima e Moreira Bonfim.

 

Em 27 de janeiro de 1946 surge O Estímulo, órgão dos interesses sociais de Campo Maior. A equipe do jornal era composta pelo padre Mateus Cortes Rufino (diretor-chefe), Sílvio José de Andrade (diretor de oficina, ou seja, tipógrafo), o cronista e sacristão da Igreja Santo Antônio Otacílio Eulálio (gerente), Aloísio Portela e professor Raimundo Andrade (diretores-secretários).

 

A criação d´O Estímulo representava um contexto de otimismo no progresso econômico da cidade. Fruto do entusiasmo de uma juventude madura, consciente, parte formada na capital. O jornal representava um facho de luz em meio à sociedade sedenta de informação, a consolidação do ideal de modernidade crescente no mundo, trouxe aos campo-maiorenses a ideia de crescimento e progresso.

 

O Estímulo no seu primeiro número de domingo último (27 de janeiro de 1946), é o pequenino jornal criado por uma plêiade de jovens inteligentes e esforçados, de Campo Maior.

 

Como o título indica não é mais um estímulo para o nosso povo, e também um esforço louvável para demonstrar que nossa terra rica e progressista como é, deve seguir as pegadas das cidades civilizadas.

 

Hoje não apenas um estímulo, amanhã a concretização de um ideal. Vimos, há pouco, esses mesmos jovens num gesto grandemente idealista, trabalharem pela grade causa que é a de todos nós – instrução e mais instrução para nossa gente numa campanha que bem reflete a finalidade superior e o valor moral, intelectual e patriótico de cada um.

 

Como ninguém ignora, a imprensa constitui para as civilizações contemporâneas uma das mais eficientes armas de defesa, como amparo, porta-voz e, como tal, merece todo nosso apoio.

 

Far-se-á, assim necessário, que todos compreendam o aparecimento do jornalzinho e reúnam seus esforços para que não venham a morrer, pois, não só estará cooperando para alavancar a cultura de nosso querido torrão, como também, trabalhando para o seu próprio bem.

 

A LUTA: UM MARCO JORNALÍSTICO CAMPO-MAIORENSE

 

O principal jornal da história de Campo Maior, o de maior circulação e longevidade da cidade foi o A Luta, fundado em 19 de novembro de 1967, por Raimundo Antunes Ribeiro, o popular “Totó Ribeiro”, impresso por Severo Visgueira Sampaio. O A Luta era um periódico semanário, literário, crítico, noticioso e publicitário. Foi mantido, inicialmente pelo Clube Lítero-Cultural de Campo Maior (CLCC) formado principalmente por jovens estudantes e entusiastas da comunicação. Não podemos esquecer que com a técnica de impressão moderna, o A Luta foi o primeiro impresso a usar fotografia para dinamizar as notícias. O jornal tinha a própria tipografia, assim como O Campo-Maiorense. Foi o segundo periódico impresso na cidade.

 

Raimundo Antunes Ribeiro nasceu em Manaus-AM, a 29 de março de 1905 e faleceu em Campo Maior, onde foi sepultado, a 21 de setembro de 1992. Filho de Horácio Antunes Ribeiro e Maria Bernardina Ribeiro. Casou-se, em Floriano, com Aldenora Carvalho Ribeiro. Residia à rua Benjamim Constant.

 

Homem dinâmico e empreendedor teve forte atuação como político, orador, articulista, mas foi como jornalista que se destacou. Escreveu em diversos jornais de Teresina e fundou outros em Floriano (O Operário e O Labor) e Campo Maior (A Luta; O Triângulo, órgão da loja Maçônica Costa Araújo Nº03; e O Tombador). Colaborou também nos jornais: O Popular e Correio do Sul de Floriano; e A Voz do Jenipapo e Heróis do Jenipapo de Campo Maior.

 

Muito participativo, Totó Ribeiro atuou em prol da criação de instituições campo-maiorenses como a Loja Maçônica Costa Araújo Nº 03, o Centro de Estudos Piauienses (CEP) e o clube Grêmio Recreativo. Através do CEP, Ribeiro visitou diversas cidades piauienses, promovendo palestras e conferências na companhia de grandes nomes da intelectualidade do Estado, como o advogado e prefeito Raimundo Nonato Monteiro de Santana, o historiador Monsenhor Chaves, professor José Olímpio Castro de Oliveira, Artur Passos…

 

Fruto de iniciativas particulares, o A Luta primor pela independência editorial. Por conta disso, muitos políticos incomodados com certas matérias publicadas no periódico tentaram fechá-lo, mas não conseguiram. A grande dificuldade do A Luta para manter-se era o financeiro. As doações dos colaboradores eram fundamentais, pois as assinaturas e propagandas não bancavam as despesas.

 

A gazeta, ao longo da sua existência, teve diversos redatores-chefes. Citam-se aqui quatro nomes: Totó Ribeiro, José Rodrigues de Miranda (que o manteve do próprio bolso); Zeferino Alves Neto e José Miranda Filho.

 

O jornal surgiu num momento de extrema censura aos meios de comunicação no Brasil. O fechamento de jornais acelerou com o estabelecimento do AI-5, em 1968. Para manter-se em circulação, a gazeta buscou uma posição de neutralidade. Não colaborou com o regime militar e nem impediu que algum ousado colaborador emplacasse uma nota discreta contra atos da ditadura.  O próprio fundador do periódico era um crítico do regime. Foi preso. Em relação à política local e as administrações municipais, os jornalistas mais afoitos, metidos a contestadores, descia a sola em prefeitos que porventura achassem relapso com a coisa pública. Zeferino Alves Neto era um dos que mais alfinetava as autoridades.

 

O tabloide era dinâmico, eclético. Publicava um pouco de tudo. Segundo o historiador José Ribamar de Sena Rosa, autor do livro A Luta: falando de troca e meios (2015), em relação ao número de artigos publicados no diário, o assunto “política” ficou em quarto lugar. O jornal informava e formava opinião. O seleto grupo de escritores tornava o noticiário mais leve, dinâmico e rico em conteúdo.

 

Na cronologia histórica, o nome “A Luta” como título de jornal figurou em quatro momentos: primeiro, 1883(26-06) Teresina, órgão de oposição ao governo de Firmino de Sousa Martins, editado por Joaquim Ribeiro Gonçalves; segundo, 1888(28-03) Teresina –ciência, letras e artes-, redigido pelos alunos do Colégio Nossa Senhora das Dores; terceiro 1952, editor-chefe Arimatéia Tito Filho, produzido também na capital; quarto e último, (1967-1979) Campo Maior, fundado por Raimundo Antunes Ribeiro. Muitos dos impressos campo-maiorenses possuíam similaridade quanto ao título dos periódicos. Exemplo das gazetas: A Luta e o Estímulo.

 

Depois do A Luta, surge outro periódico no final da década de 1970, que perdurou até os anos de 1990. Estamos falando d’A Voz do Jenipapo (1978), redigido pelo comerciante e vereador Manoel Pereira da Silva, conhecido “Manuca”, e impresso por Zacarias Santos de Araújo.

 

Mesmo com a efemeridade dos tabloides, o município não ficou órfão de notícias. Sempre surgiam outros impressos. Na década de 1980, tivemos o Jornal da Cidade (1980), diretor Ernane Napoleão Lima; O Tombador (1984-1985), redigido pelo professor Antônio Araújo Loiola; e o quinzenal a Tribuna dos Heróis (1989), editor-chefe professor Jorge Câmara Lemos e colaboração do radialista Arnaldo Ribeiro.

 

A Luta foi o único da imprensa campo-maiorense a competir com as grandes empresas de comunicação da capital, exemplo O Dia, que tinha vasta clientela no mercado local. Apesar das dificuldades financeiras, A Luta foi também um dos pouquíssimos jornais locais de caráter comercial.  Os vereadores de oposição ao prefeito Mamede Lima, a exemplo de João Alves usavam as páginas do A Luta para desferir críticas  à gestão.

 

O A Luta tinha forte aceitação na sociedade, influenciava de maneira significativa na vida política do município, a ponto de ser motivo de calorosas discussões no plenário da Câmara. Havia críticas e elogios. As reportagens não passavam despercebidas pela opinião pública. Vereadores incomodados com as matérias de jornalistas provocativos faziam campanha silenciosa pelo fechamento do periódico.  A asfixia financeira era a estratégia mais usada.  Já outros parlamentares chamavam atenção dos colegas para as dificuldades do jornal e solicitavam apoio ao periódico.

 

O impresso tinha um público cativo. O sistema de comunicação da cidade era limitado. Além do jornal, existiam duas amplificadoras comerciais, instaladas nas praças Rui Barbosa e Luís Miranda.  O serviço de alto-falante (amplificadoras) surgiu entre as décadas de 1950 e 1960. Depois apareceu a emissora de Rádio Clube de Campo Maior, em 1962. Segundo o professor e pesquisador Antônio José, a Rádio Clube foi criada em 1962, mas legalizada somente no ano de 1968. Entre 62 e 68, a Rádio clandestina funcionou precariamente. Foi fechada por apresentar defeitos, outras vezes por invadir a frequências das emissoras comerciais. Seu alcance era limitado, apresentava muitos problemas.

 

Oficialmente a Rádio Clube de Campo Maior, surgiu 28 anos depois da implantação da estação de Rádio da Parnaíba (3/05/1940), a primeira do Piauí; e 20 anos após a instalação da Rádio Difusora de Teresina, a primeira da capital, fundada em 18 de julho de 1948.

 

Com o estabelecimento do sistema radiofônico na cidade, alguns jornalistas e articulistas bem como o próprio fundador do A Luta migraram para Rádio Clube, sem abandonar o jornalismo impresso. A Rádio atualizava o noticiário local mais rápido que às páginas semanais do aguerrido A Luta. O editor-chefe do jornal, José Miranda Filho, passa a comandar a redação do noticiário da Rádio.

 

A partir da década de 1970, iniciou-se o empenho para trazer o sinal do canal 4 (TV Clube de Teresina) a Campo Maior. As articulações políticas para o estabelecimento do sinal de televisão em nossa cidade foi longa e trabalhosa. O sinal era precário, as interrupções eram frequentes e prolongadas.  Fruto de muitos aborrecimentos. Em 1977 foi realizada ampla reforma na torre de TV local, melhorando significativamente a imagem e o som da TV na região dos carnaubais.

 

A CONSOLIDAÇÃO DO JORNALISMO POLÍTICO

 

O retorno da democracia, a partir de 1985, dinamizou as disputas políticas no município. Com a garantia da liberdade de expressão pela constituinte de 1988, o número de jornais cresceu na cidade, só que com viés político. A imprensa campo-maiorense voltava às suas origens. Surgem novos atores: Cezar Melo e Bona Carbureto.

 

Entre 1990 e 2000, Melo e Bona impulsiona o noticiário por conta da polarização eleitoral. O jornal é uma arma estratégica no convencimento da massa. Seguem na ordem: Folha do Norte (1991), do empresário Helder Eugênio; Primeira Página (1992), editor e diretor Reginaldo Gonçalves Lima; Correio Campo-Maiorense (07/09/1999); já na administração de Antonio Lustosa Machado; e por fim, 13 de Março (2000), o único a buscar independência editorial.

 

A partir dos anos 2000, novas lideranças e apoiadores criam mais periódicos na cidade. A polarização política desta vez é entre Paulo Martins e Joãozinho Félix. Alguns impressos tiveram periodicidade irregular. São eles: Direito de Resposta (2000), editado pelo radialista Arnaldo Ribeiro e impresso na gráfica do senhor Laurindo Paixão; O Impacto (2003), tendo como coordenadores: Jonas Sousa (editor-chefe), Alberto Rodrigues (diretor comercial), Ulisses Raulino e a professora Aucélia Ramos; O Popular, fundado em 26 de maio de 2005, redator Fredson O. Rodrigues; e Tribuna da Liberdade (2008), proprietário Mizael Ferreira Lima Neto e Valdamir Alvarenga (editora-chefe). Os impressos continuavam sendo produzidos em Teresina, como até hoje.

 

No conjunto dos periódicos, o Jornal Destak (2009) postava-se isento e independente. A equipe da folha era formada por: Pedro Cavalcante (proprietário), professor Antônio José dos Santos (orientação jornalística), Cosme da Silva (editorial), Douglas e Marco Sousa (colaboradores).

 

Nos anos de 2010, aparecem: Tribuna do Norte (2010), trabalhado por Valdamir Alvarenga (editora-chefe), Augusto Filho, Eugênio Bringel e Zeferino Alves Neto (ZAN); Jornal da Região Norte Carnaubais (2010), coordenado pelo casal de radialistas Pedro Borges (editor-chefe) e Káttia Rodrigues (diretora geral); e Terra dos Carnaubais (2011), Jonas Sousa, Edna Gomes, Eugênio Bringel e Valdamir Alvarenga (editora-chefe).

 

Os últimos impressos de Campo Maior a circular foram: Surubim News (2013), redigido por Zeferino Alves Neto (ZAN); Nosso Povo (2014), editado por Raimundo Belchior Neto e Carnaubais (2016), jornal de propriedade da Rádio Heróis do Jenipapo.

 

Do jornalismo político passamos para o institucional. Algumas instituições campo-maiorenses como forma de democratizar suas ações e dar maior transparência as leis e atos do governo municipal passaram a editar alguns impressos. Segue a lista: SAAE (2000, Toni F. Rodrigues (editor)); Jornal da Câmara Municipal (gestão Edvaldo Lima); Academia Campo-Maiorense de Artes e Letras (ACALE); A Voz Acadêmica (AUCAM) e o Diário Oficial da Prefeitura de Campo Maior criado na gestão do Paulo Martins.

 

Campo Maior brilhou nas páginas intrépidas de pasquins subversivos a jornais partidários. Encantou o leitor com notícias e opiniões que hoje servem como documentos da nossa história. Afinal, o jornalismo é uma fonte de conhecimento, de entretenimento, provocação e também cultura.

 

Qual o futuro do jornal impresso num contexto de mídia virtual?  O Webjornalismo, com seus múltiplos recursos tecnológicos, sepultará de vez o jornal impresso?  O que podemos ver é um cenário de desafios e inovações, em que jovens jornalistas como Otávio Neto, Jordanio Portela, Joares Cavalcante, Weslley Paz, Helder Felipe… são frutos da interatividade virtual, são os construtores do jornalismo eletrônico. A roda da história gira mais uma vez.

 

FONTE CONSULTADA

 

CASTELO BRANCO, Miguel de Sousa Borges Leal. Apontamentos Biográficos de alguns piauienses ilustres e de outras pessoas notáveis que ocuparam cargos importantes na província do Piauí. Teresina-PI: Academia Piauiense de Letras, 2012. Coleção Centenário. 2 ed. Nº 3.

 

CHAVES, Joaquim Raimundo Ferreira. Obra Completa. Teresina-PI: Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, 2013.

 

CIARLINI, Daniel Castelo Branco. Imprensa e Literatura Piauiense na República Velha: gênese de um campo e circuitos literários. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado, 2019.

 

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Cronologia histórica do Estado do Piauí. Teresina-PI: Academia Piauiense de Letras, 2015. Coleção Centenário, 3 ed. V. 1.

 

_____________________________. Cronologia histórica do Estado do Piauí. Teresina-PI: Academia Piauiense de Letras, 2015. Coleção Centenário, 3ed. V.2.

 

FILHO, Celso Pinheiro. História da Imprensa no Piauí. Teresina: COMEPI, 1972.

 

LIMA, Reginaldo Gonçalves. Geração Campo Maior: anotações para uma enciclopédia. Campo Maior-PI, edição do autor, 1995.

 

SENA ROSA, José Ribamar de. A Luta: falando de trocas e meios. Teresina: Halley Gráfica e Editora, 2015.

 

Rádio Clube de Campo Maior – Transmitindo do Túmulo do Tempo… por José Miranda Filho. http://bitorocara.blogspot.com/2012/03/radio-clube-de-campo-maior-transmitindo.html 

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