HISTÓRIA DO JORNALISMO
CAMPO-MAIORENSE
Celson Chaves
Professor, escritor e historiador
AS ORIGENS DO JORNALISMO
CAMPO-MAIORENSE
A origem da atividade
jornalística em Campo Maior está ligada a figura de Lívio Lopes Castelo Branco
e Silva. Ele nasceu em Campo Maior, a 11 de setembro de 1811, e faleceu na
Parnaíba, a 05 de dezembro de 1869. Casou-se, em 15 de junho de 1834, na vila
de Campo Maior, com sua prima Bárbara Maria de Jesus Castelo Branco. Filho de
Antônio Lopes Castelo Branco e Silva e Anna Rosa de São José.
Por ser membro de família
tradicional e fazendeiro próspero na região, Lívio ingressou cedo na vida
militar e política, ocupando postos no oficialato da Guarda Nacional, na Câmara
Municipal e Assembleia Provincial.
Por conta do seu envolvimento na
Balaiada, movimento rebelde ocorrido no Maranhão e Piauí (1838-1841) e na
política acabou ingressando no jornalismo. A militância na imprensa foi longa e
desgastante. Foi responsável pela fundação de diversos tabloides no Piauí
(Oeiras, Teresina e Campo Maior) e no Maranhão (São Luís e Caxias).
Lívio era homem de temperamento
forte, intelectual de espírito irrequieto, usou o jornalismo para rebater
críticas, acusações e calúnias proferidas por adversários nos periódicos de
diversas províncias do Império. Como bom advogado, na defesa da sua honra,
utilizava da retórica jurídica em textos jornalísticos. Fazia tudo com
parcimônia e decência. Depois do frustrante envolvimento na Balaiada, não
queria brigar com ninguém, buscava o diálogo. Contudo, não era homem de
aguentar desaforo. Para Celso Pinheiro Filho, foi o primeiro do Piauí a merecer
o título de jornalista.
Campo Maior era seu principal
reduto eleitoral. Mesmo atuando em outras cidades, Lívio não perdia contato com
a cidade. Por conta disso, criou os dois primeiros jornais da terra dos
carnaubais: O Patuléia (1855) distribuição gratuita, de assunto comercial e
literário, produzido na tipografia Independente; e O Povo (1863), distribuição
gratuita, meramente eleitoral, impresso na tipografia constitucional. Os dois
jornais eram feitos em Teresina. Segundo Celso Pinheiro Filho, O Patuléia teve
“9 números, sendo o último em 27/11/1856”.
Apesar de não haver consenso
entre os autores Pereira da Costa, Celso Pinheiro Filho e Daniel Ciarlini,
quanto ao local de origem dos dois jornais, arrisco em dizer que O Patuléia
abrangia assuntos de interesse de Campo Maior e Teresina, enquanto O Povo era
restrito a terra dos carnaubais.
Lívio era articulado, sabia sair
das ciladas dos adversários, que faziam questão de relembrar nos noticiários
pagos, a participação dele ao lado dos rebeldes balaios, em vez do
governo. Lívio passou agir ativamente na
imprensa. Escreveu para os seguintes jornais: O Propagador (Teresina-PI,
1858-1864); Conciliador Piauiense (Teresina-PI, 1857); Correio Piauiense
(Teresina-PI, 1856); Atleta Piauiense (Oeiras-PI, 1845); O Argos Piauienses
(Oeiras-PI, 1851-1852); O Aucapura (Oeiras-PI, 1850); O Echo Liberal
(Oeiras-PI, 1849-1851); O Governista (Oeiras-PI, 1847-1848); A voz da Verdade (Oeiras-PI, 1849); O Grito
Nacional (Rio de Janeiro-RJ, 1853); Diário de Pernambuco (Recife-PE, 1841); O
Liberal de Pernambuco (Recife-PE, 1857); O Lidador (Recife-PE, 1848); A
Malagueta Maranhense (São Luís - Ma, 1844); Porto Livre (São Luís-MA, 1862);
Correio dos Municípios (Caxias-MA, 1848), O Liberal Piauiense (Caxias-MA, 1846)
e o Jornal Caxiense (Caxias-MA, 1846). Lívio Lopes atuou mais de vinte anos na
imprensa, nesse período, criou 10 jornais.
Antes da atuação de Lívio Lopes
no jornalismo, entre 1821 e 1823, com alguns intervalos, circulavam no
município pasquins subversivos, num período de grande contestação política à
cora portuguesa. Era o prelúdio a
Batalha do Jenipapo. Muitos dos boletins eram atribuídos ao rábula Lourenço de
Araújo Barbosa. Há alguém que possa pensar nesses folhetos subversivos como a
origem da imprensa campo-maiorense?
Para o historiador Reginaldo
Gonçalves Lima, a origem do jornalismo local está ligada a figura do português
Francisco Figueiredo da Silva Duarte. O mesmo foi responsável pela criação do
tabloide O Campo-Maiorense, impresso por Azarias J. de Sousa. A primeira edição
circulou em 10 de janeiro de 1883. Ao contrário de Lívio, Duarte buscou trilhar
por um jornalismo ameno, imparcial. De periodicidade trimensal e de assunto
comercial e noticioso, O Campo-Maiorense foi o primeiro jornal impresso na
cidade. Segundo Celso Filho, a tipografia foi adquirida em Caxias-MA pela firma
F. Bastos & Irmãos. Para Reginaldo Lima, o periódico não passou de três
números.
Francisco Figueiredo da Silva
Duarte nasceu na cidade do Porto-Portugal, em 1833, e faleceu em 18 de janeiro
de 1892, na vila de Campo Maior-Brasil. Casou-se com Maria Isabel da Silva
Figueiredo. Residiu nas antigas ruas General Câmara, Riachuelo e 13 de Maio.
Foi membro do partido conservador (1883).
Com a proclamação da República,
em 1889, filou-se ao partido Democrata. Ocupou diversos cargos públicos:
escrivão interino dos órfãos e ausentes (1889) e escrivão de paz (1889) da
comarca de Campo Maior; oficial de registro e escrivão do juiz dos casamentos
de Teresina (1890). Foi sacristão e eleitor da paróquia de Santo Antônio
(1881). Atuou como comerciante e agropecuarista. Seus filhos, Ernesto e Justino
Figueiredo Duarte, nascidos no Brasil, tiveram forte atuação política na vila
de Campo Maior, entre o final do Império e o início da República. A família
Figueiredo Duarte foi apoiadora de primeira grandeza do coronel Lysandro
Pereira da Silva.
INÍCIO DO SÉCULO 20 E A DINAMIZAÇÃO DO JORNAL EM CAMPO MAIOR
Até o final do século 19, o
jornal era um artigo escasso na região. O analfabetismo da população
dificultava a popularização dos tabloides. Quase 90% dos campo-maiorenses não
sabiam ler e/ou escrever. A pecuária, como principal atividade econômica da
vila fortalecia o campo em detrimento da cidade. A urbanização não se
desenvolvia. A enorme distância entre sítios e fazendas propiciava o
isolamento, dificultando a comunicação. Os poucos diários que circulavam no
município vinham por encomenda. Tinha clientes certos. As gazetas chegavam de
Teresina e Maranhão.
Na inexistência de recursos
didáticos, o jornal servia de material escolar. Papel era mercadoria cara e
difícil acesso. A cidade possuía só escolas primárias. Uma municipal, outra
estadual e duas particulares. As escolas resumiam-se a uma sala de aula. Na
zona rural, onde localizava-se o grosso da população, os casarões das fazendas constituíam-se em escolas
improvisadas. Os poucos alunos que desejavam prosseguir nos estudos
encaminhava-se para Teresina. O leitor de jornais em Campo Maior era os padres,
os comerciantes, bacharéis e burocratas do governo municipal.
Na passagem do século 19 para o
século 20, Teresina moderniza-se, civilizava-se. Pela a proximidade com a
capital, Campo Maior acabou beneficiando desse progresso. Criaram-se na capital:
teatros, cinemas, clubes, livrarias, tipografias e inúmeros jornais. Os filhos
dos fazendeiros mais abastados de Campo Maior passaram a estudar em Teresina. O
Liceu Piauiense era o mais procurado. Muitos buscavam o bacharelato. Durante a
vida acadêmica, dedicavam-se a poesia e ao jornalismo. Alguns eram
correspondentes e representantes dos jornais da capital na terra dos
carnaubais.
Com o progresso de Teresina,
aumenta o tráfego de pessoas e mercadorias entre as duas cidades. Os estudantes
campo-maiorenses residentes na capital foram os maiores incentivadores para
criação de jornais locais.
Entre os anos 1900 e 1950, o
jornalismo campo-maiorense se consolida através do surgimento de diversas
gazetas, sem certa periodicidade. Nasce daí: O Riso; O Pranto; O Passarete; A
Luz; A Diretriz; O Carnaúba, O Espião, O Raio (Quinzenal literário, crítico e
noticioso, 1916), redatores poeta Mário da Costa Araújo, João Bona, Francisco
Carvalho e o professor Leopoldo Pacheco; A Cruzada (Literário, artístico, religioso
e científico, 1921), órgão do Ateneu Santo Antônio; e Atalaia Campo-Maiorense
(De interesse geral, 1948), fundado por Francisco Bento Ribeiro, Luciano Lima e
Moreira Bonfim.
Em 27 de janeiro de 1946 surge O
Estímulo, órgão dos interesses sociais de Campo Maior. A equipe do jornal era
composta pelo padre Mateus Cortes Rufino (diretor-chefe), Sílvio José de
Andrade (diretor de oficina, ou seja, tipógrafo), o cronista e sacristão da
Igreja Santo Antônio Otacílio Eulálio (gerente), Aloísio Portela e professor
Raimundo Andrade (diretores-secretários).
A criação d´O Estímulo
representava um contexto de otimismo no progresso econômico da cidade. Fruto do
entusiasmo de uma juventude madura, consciente, parte formada na capital. O
jornal representava um facho de luz em meio à sociedade sedenta de informação,
a consolidação do ideal de modernidade crescente no mundo, trouxe aos
campo-maiorenses a ideia de crescimento e progresso.
O Estímulo no seu primeiro número
de domingo último (27 de janeiro de 1946), é o pequenino jornal criado por uma
plêiade de jovens inteligentes e esforçados, de Campo Maior.
Como o título indica não é mais
um estímulo para o nosso povo, e também um esforço louvável para demonstrar que
nossa terra rica e progressista como é, deve seguir as pegadas das cidades
civilizadas.
Hoje não apenas um estímulo,
amanhã a concretização de um ideal. Vimos, há pouco, esses mesmos jovens num
gesto grandemente idealista, trabalharem pela grade causa que é a de todos nós
– instrução e mais instrução para nossa gente numa campanha que bem reflete a
finalidade superior e o valor moral, intelectual e patriótico de cada um.
Como ninguém ignora, a imprensa
constitui para as civilizações contemporâneas uma das mais eficientes armas de
defesa, como amparo, porta-voz e, como tal, merece todo nosso apoio.
Far-se-á, assim necessário, que
todos compreendam o aparecimento do jornalzinho e reúnam seus esforços para que
não venham a morrer, pois, não só estará cooperando para alavancar a cultura de
nosso querido torrão, como também, trabalhando para o seu próprio bem.
A LUTA: UM MARCO JORNALÍSTICO
CAMPO-MAIORENSE
O principal jornal da história de
Campo Maior, o de maior circulação e longevidade da cidade foi o A Luta,
fundado em 19 de novembro de 1967, por Raimundo Antunes Ribeiro, o popular
“Totó Ribeiro”, impresso por Severo Visgueira Sampaio. O A Luta era um
periódico semanário, literário, crítico, noticioso e publicitário. Foi mantido,
inicialmente pelo Clube Lítero-Cultural de Campo Maior (CLCC) formado
principalmente por jovens estudantes e entusiastas da comunicação. Não podemos
esquecer que com a técnica de impressão moderna, o A Luta foi o primeiro
impresso a usar fotografia para dinamizar as notícias. O jornal tinha a própria
tipografia, assim como O Campo-Maiorense. Foi o segundo periódico impresso na
cidade.
Raimundo Antunes Ribeiro nasceu
em Manaus-AM, a 29 de março de 1905 e faleceu em Campo Maior, onde foi
sepultado, a 21 de setembro de 1992. Filho de Horácio Antunes Ribeiro e Maria
Bernardina Ribeiro. Casou-se, em Floriano, com Aldenora Carvalho Ribeiro.
Residia à rua Benjamim Constant.
Homem dinâmico e empreendedor
teve forte atuação como político, orador, articulista, mas foi como jornalista
que se destacou. Escreveu em diversos jornais de Teresina e fundou outros em
Floriano (O Operário e O Labor) e Campo Maior (A Luta; O Triângulo, órgão da
loja Maçônica Costa Araújo Nº03; e O Tombador). Colaborou também nos jornais: O
Popular e Correio do Sul de Floriano; e A Voz do Jenipapo e Heróis do Jenipapo
de Campo Maior.
Muito participativo, Totó Ribeiro
atuou em prol da criação de instituições campo-maiorenses como a Loja Maçônica
Costa Araújo Nº 03, o Centro de Estudos Piauienses (CEP) e o clube Grêmio
Recreativo. Através do CEP, Ribeiro visitou diversas cidades piauienses,
promovendo palestras e conferências na companhia de grandes nomes da
intelectualidade do Estado, como o advogado e prefeito Raimundo Nonato Monteiro
de Santana, o historiador Monsenhor Chaves, professor José Olímpio Castro de
Oliveira, Artur Passos…
Fruto de iniciativas
particulares, o A Luta primor pela independência editorial. Por conta disso,
muitos políticos incomodados com certas matérias publicadas no periódico
tentaram fechá-lo, mas não conseguiram. A grande dificuldade do A Luta para
manter-se era o financeiro. As doações dos colaboradores eram fundamentais,
pois as assinaturas e propagandas não bancavam as despesas.
A gazeta, ao longo da sua
existência, teve diversos redatores-chefes. Citam-se aqui quatro nomes: Totó
Ribeiro, José Rodrigues de Miranda (que o manteve do próprio bolso); Zeferino
Alves Neto e José Miranda Filho.
O jornal surgiu num momento de
extrema censura aos meios de comunicação no Brasil. O fechamento de jornais
acelerou com o estabelecimento do AI-5, em 1968. Para manter-se em circulação,
a gazeta buscou uma posição de neutralidade. Não colaborou com o regime militar
e nem impediu que algum ousado colaborador emplacasse uma nota discreta contra
atos da ditadura. O próprio fundador do
periódico era um crítico do regime. Foi preso. Em relação à política local e as
administrações municipais, os jornalistas mais afoitos, metidos a
contestadores, descia a sola em prefeitos que porventura achassem relapso com a
coisa pública. Zeferino Alves Neto era um dos que mais alfinetava as
autoridades.
O tabloide era dinâmico,
eclético. Publicava um pouco de tudo. Segundo o historiador José Ribamar de
Sena Rosa, autor do livro A Luta: falando de troca e meios (2015), em relação
ao número de artigos publicados no diário, o assunto “política” ficou em quarto
lugar. O jornal informava e formava opinião. O seleto grupo de escritores
tornava o noticiário mais leve, dinâmico e rico em conteúdo.
Na cronologia histórica, o nome
“A Luta” como título de jornal figurou em quatro momentos: primeiro,
1883(26-06) Teresina, órgão de oposição ao governo de Firmino de Sousa Martins,
editado por Joaquim Ribeiro Gonçalves; segundo, 1888(28-03) Teresina –ciência,
letras e artes-, redigido pelos alunos do Colégio Nossa Senhora das Dores;
terceiro 1952, editor-chefe Arimatéia Tito Filho, produzido também na capital;
quarto e último, (1967-1979) Campo Maior, fundado por Raimundo Antunes Ribeiro.
Muitos dos impressos campo-maiorenses possuíam similaridade quanto ao título
dos periódicos. Exemplo das gazetas: A Luta e o Estímulo.
Depois do A Luta, surge outro
periódico no final da década de 1970, que perdurou até os anos de 1990. Estamos
falando d’A Voz do Jenipapo (1978), redigido pelo comerciante e vereador Manoel
Pereira da Silva, conhecido “Manuca”, e impresso por Zacarias Santos de Araújo.
Mesmo com a efemeridade dos
tabloides, o município não ficou órfão de notícias. Sempre surgiam outros
impressos. Na década de 1980, tivemos o Jornal da Cidade (1980), diretor Ernane
Napoleão Lima; O Tombador (1984-1985), redigido pelo professor Antônio Araújo
Loiola; e o quinzenal a Tribuna dos Heróis (1989), editor-chefe professor Jorge
Câmara Lemos e colaboração do radialista Arnaldo Ribeiro.
A Luta foi o único da imprensa
campo-maiorense a competir com as grandes empresas de comunicação da capital,
exemplo O Dia, que tinha vasta clientela no mercado local. Apesar das
dificuldades financeiras, A Luta foi também um dos pouquíssimos jornais locais
de caráter comercial. Os vereadores de
oposição ao prefeito Mamede Lima, a exemplo de João Alves usavam as páginas do
A Luta para desferir críticas à gestão.
O A Luta tinha forte aceitação na
sociedade, influenciava de maneira significativa na vida política do município,
a ponto de ser motivo de calorosas discussões no plenário da Câmara. Havia
críticas e elogios. As reportagens não passavam despercebidas pela opinião
pública. Vereadores incomodados com as matérias de jornalistas provocativos
faziam campanha silenciosa pelo fechamento do periódico. A asfixia financeira era a estratégia mais
usada. Já outros parlamentares chamavam
atenção dos colegas para as dificuldades do jornal e solicitavam apoio ao
periódico.
O impresso tinha um público
cativo. O sistema de comunicação da cidade era limitado. Além do jornal,
existiam duas amplificadoras comerciais, instaladas nas praças Rui Barbosa e
Luís Miranda. O serviço de alto-falante
(amplificadoras) surgiu entre as décadas de 1950 e 1960. Depois apareceu a
emissora de Rádio Clube de Campo Maior, em 1962. Segundo o professor e
pesquisador Antônio José, a Rádio Clube foi criada em 1962, mas legalizada
somente no ano de 1968. Entre 62 e 68, a Rádio clandestina funcionou
precariamente. Foi fechada por apresentar defeitos, outras vezes por invadir a
frequências das emissoras comerciais. Seu alcance era limitado, apresentava
muitos problemas.
Oficialmente a Rádio Clube de
Campo Maior, surgiu 28 anos depois da implantação da estação de Rádio da
Parnaíba (3/05/1940), a primeira do Piauí; e 20 anos após a instalação da Rádio
Difusora de Teresina, a primeira da capital, fundada em 18 de julho de 1948.
Com o estabelecimento do sistema
radiofônico na cidade, alguns jornalistas e articulistas bem como o próprio
fundador do A Luta migraram para Rádio Clube, sem abandonar o jornalismo
impresso. A Rádio atualizava o noticiário local mais rápido que às páginas
semanais do aguerrido A Luta. O editor-chefe do jornal, José Miranda Filho,
passa a comandar a redação do noticiário da Rádio.
A partir da década de 1970,
iniciou-se o empenho para trazer o sinal do canal 4 (TV Clube de Teresina) a
Campo Maior. As articulações políticas para o estabelecimento do sinal de
televisão em nossa cidade foi longa e trabalhosa. O sinal era precário, as
interrupções eram frequentes e prolongadas.
Fruto de muitos aborrecimentos. Em 1977 foi realizada ampla reforma na
torre de TV local, melhorando significativamente a imagem e o som da TV na
região dos carnaubais.
A CONSOLIDAÇÃO DO JORNALISMO
POLÍTICO
O retorno da democracia, a partir
de 1985, dinamizou as disputas políticas no município. Com a garantia da
liberdade de expressão pela constituinte de 1988, o número de jornais cresceu
na cidade, só que com viés político. A imprensa campo-maiorense voltava às suas
origens. Surgem novos atores: Cezar Melo e Bona Carbureto.
Entre 1990 e 2000, Melo e Bona
impulsiona o noticiário por conta da polarização eleitoral. O jornal é uma arma
estratégica no convencimento da massa. Seguem na ordem: Folha do Norte (1991),
do empresário Helder Eugênio; Primeira Página (1992), editor e diretor
Reginaldo Gonçalves Lima; Correio Campo-Maiorense (07/09/1999); já na
administração de Antonio Lustosa Machado; e por fim, 13 de Março (2000), o
único a buscar independência editorial.
A partir dos anos 2000, novas
lideranças e apoiadores criam mais periódicos na cidade. A polarização política
desta vez é entre Paulo Martins e Joãozinho Félix. Alguns impressos tiveram
periodicidade irregular. São eles: Direito de Resposta (2000), editado pelo
radialista Arnaldo Ribeiro e impresso na gráfica do senhor Laurindo Paixão; O
Impacto (2003), tendo como coordenadores: Jonas Sousa (editor-chefe), Alberto
Rodrigues (diretor comercial), Ulisses Raulino e a professora Aucélia Ramos; O
Popular, fundado em 26 de maio de 2005, redator Fredson O. Rodrigues; e Tribuna
da Liberdade (2008), proprietário Mizael Ferreira Lima Neto e Valdamir
Alvarenga (editora-chefe). Os impressos continuavam sendo produzidos em Teresina,
como até hoje.
No conjunto dos periódicos, o
Jornal Destak (2009) postava-se isento e independente. A equipe da folha era
formada por: Pedro Cavalcante (proprietário), professor Antônio José dos Santos
(orientação jornalística), Cosme da Silva (editorial), Douglas e Marco Sousa
(colaboradores).
Nos anos de 2010, aparecem:
Tribuna do Norte (2010), trabalhado por Valdamir Alvarenga (editora-chefe),
Augusto Filho, Eugênio Bringel e Zeferino Alves Neto (ZAN); Jornal da Região
Norte Carnaubais (2010), coordenado pelo casal de radialistas Pedro Borges
(editor-chefe) e Káttia Rodrigues (diretora geral); e Terra dos Carnaubais
(2011), Jonas Sousa, Edna Gomes, Eugênio Bringel e Valdamir Alvarenga
(editora-chefe).
Os últimos impressos de Campo
Maior a circular foram: Surubim News (2013), redigido por Zeferino Alves Neto
(ZAN); Nosso Povo (2014), editado por Raimundo Belchior Neto e Carnaubais
(2016), jornal de propriedade da Rádio Heróis do Jenipapo.
Do jornalismo político passamos
para o institucional. Algumas instituições campo-maiorenses como forma de
democratizar suas ações e dar maior transparência as leis e atos do governo
municipal passaram a editar alguns impressos. Segue a lista: SAAE (2000, Toni
F. Rodrigues (editor)); Jornal da Câmara Municipal (gestão Edvaldo Lima);
Academia Campo-Maiorense de Artes e Letras (ACALE); A Voz Acadêmica (AUCAM) e o
Diário Oficial da Prefeitura de Campo Maior criado na gestão do Paulo Martins.
Campo Maior brilhou nas páginas
intrépidas de pasquins subversivos a jornais partidários. Encantou o leitor com
notícias e opiniões que hoje servem como documentos da nossa história. Afinal,
o jornalismo é uma fonte de conhecimento, de entretenimento, provocação e
também cultura.
Qual o futuro do jornal impresso
num contexto de mídia virtual? O
Webjornalismo, com seus múltiplos recursos tecnológicos, sepultará de vez o
jornal impresso? O que podemos ver é um
cenário de desafios e inovações, em que jovens jornalistas como Otávio Neto,
Jordanio Portela, Joares Cavalcante, Weslley Paz, Helder Felipe… são frutos da
interatividade virtual, são os construtores do jornalismo eletrônico. A roda da
história gira mais uma vez.
FONTE CONSULTADA
CASTELO BRANCO, Miguel de Sousa
Borges Leal. Apontamentos Biográficos de alguns piauienses ilustres e de outras
pessoas notáveis que ocuparam cargos importantes na província do Piauí.
Teresina-PI: Academia Piauiense de Letras, 2012. Coleção Centenário. 2 ed. Nº
3.
CHAVES, Joaquim Raimundo
Ferreira. Obra Completa. Teresina-PI: Fundação Municipal de Cultura Monsenhor
Chaves, 2013.
CIARLINI, Daniel Castelo Branco.
Imprensa e Literatura Piauiense na República Velha: gênese de um campo e
circuitos literários. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tese de
Doutorado, 2019.
COSTA, Francisco Augusto Pereira
da. Cronologia histórica do Estado do Piauí. Teresina-PI: Academia Piauiense de
Letras, 2015. Coleção Centenário, 3 ed. V. 1.
_____________________________.
Cronologia histórica do Estado do Piauí. Teresina-PI: Academia Piauiense de
Letras, 2015. Coleção Centenário, 3ed. V.2.
FILHO, Celso Pinheiro. História
da Imprensa no Piauí. Teresina: COMEPI, 1972.
LIMA, Reginaldo Gonçalves.
Geração Campo Maior: anotações para uma enciclopédia. Campo Maior-PI, edição do
autor, 1995.
SENA ROSA, José Ribamar de. A
Luta: falando de trocas e meios. Teresina: Halley Gráfica e Editora, 2015.
Rádio Clube de Campo Maior –
Transmitindo do Túmulo do Tempo… por José Miranda Filho. http://bitorocara.blogspot.com/2012/03/radio-clube-de-campo-maior-transmitindo.html
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