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O HOMEM
R. Petit - Raimundo de Araújo
Chagas (1894 – 1969)
Garboso rei supremo das quimeras,
que vieste, por momentos, como eu
vim,
a este orbe, onde por grande que
pareças,
um dia hás de ter sempre o mesmo
fim
que têm as borboletas, os
vampiros,
as lesmas, as serpentes e os
abutres.
No entanto, à luz de exemplos tão
frisantes,
somente de vaidades, enfim, te
nutres.
Se comercias, ninguém mais
honesto
no serviço do peso ou da medida.
Tens filho? — Hás de supor que os
teus parecem
as almas mais perfeitas desta
vida.
Contudo és grande: regulaste o
tempo,
mediste a terra, devastaste o
espaço.
Tudo tens feito aos rasgos do teu
gênio
seguido pela força do teu braço.
E assim te elevas,
orgulhosamente.
Do mundo gozas todos os
conceitos.
Tudo sabes fazer, mas, por
desgraça,
não sabes conhecer os teus
defeitos!
Baixa, pois, desce até chegar aos
vermes.
Busca o teu nível, sofre e te
consola.
Não julgues nunca que és alguma
cousa
diante do pobre que te pede
esmola.
Humilha-te, portanto, ante os
humildes.
Sonda tua alma, purga os teus
pecados.
“Os que se humilham neste mundo,
no outro
serão pelos feitos exaltados”.
Fonte: Portal Antonio Miranda
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