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A CHUVA
Cícero Veras
A noite cai negra e sombria
E no terreiro prepara uma fogueira
A viola num canto parada o dia inteiro
Agora se lança em cantoria
Um rasgo no céu clareia o mundo
É as primeiras gotas de esperança
Ninguém se importa se a fogueira apaga
Com a saraivada d’água fria
Ou se o sapo coaxa na estrebaria
Pois quando a chuva chega,
E o chão rachado encharca,
Nada pode conter tanta alegria!
O relâmpago anuncia o que viria
Nem se cogita parar a brincadeira
Cá dentro a luz de lamparina ou candeeiro
A viola dispara em sinfonia
O som das águas se ouve ao fundo
Um motivo a mais para a festança
Os dedos ágeis ao instrumento afaga
Corre solta a noite em alquimia
O sertanejo bravo festeja sua alforria
Pois quando a chuva chega,
E o chão rachado encharca,
Nada pode conter tanta alegria!
Aí quem me dera voltar um dia
Como quem canta a marcha derradeira
Diz o sertanejo saudoso no sul forasteiro
Rasgando seu peito em agonia
Sonhando voltar àquele que é seu mundo
Nos dias de grande abastança
Dançar ao som dos pingos que se traga
Como se fosse uma grande fantasia
Descerrando o céu de uma noite fria
Pois quando a chuva chega,
E o chão rachado encharca,
Nada pode conter tanta alegria!
São Luis - 27/10/2022
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