ERROS NÃO SÃO ATRIBUTOS DIVINOS
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Diria,
tentando não ser demagogo ou hipócrita, que não me tem abalado a fé, a confiança,
muito menos a religiosidade em relação às coisas divinas e misteriosas, essa
repentina e absurda irrupção de erudição que tentam despejar aos olhos e
ouvidos de todos, e não apenas dos lhes dão incomensurável crédito, neófitos doutores, teólogos, metafísicos de
plantão, quase semideuses, que se põem ou se propõem a dissecar, interpretar e,
por conseguinte, recomendar, como se verdades insofismáveis ou incontestáveis
fossem, obscuros pontos de vista, toscas opiniões, obtidos de pares ou parceiros
tão magnânimos e sapientes quanto eles, ou catados em escaninhos eivados de
ficção e asnices, encontrados aos montes em espaços como redes sociais
particulares ou na parte mais rasa da rede mundial de computadores, ou nichos
similares. Compilações de informações fajutas ou deletérias são fontes de que
se abastecem esses iluminados em suas elucubrações divagantes.
Não
consigo atribuir seriedade ou racionalidade às previsões, otimistas ou
catastróficas, dispensadas, seja em espaços virtuais, na imprensa, seja em
conversas públicas ou privadas, por profetas midiáticos que, em busca de
prestígio imediato, mais que prestar um serviço de utilidade incontestável,
travestem-se de videntes, quiromantes, magos, enfim, visionários, pouco se preocupando
se o fruto de suas quiromancias, vidências ou visões servirão ou se prestarão a
desestabilizar as emoções mais sensíveis de indivíduos que se deixam influenciar,
facilmente, por conhecimentos ou informações provenientes de fontes, às quais
não se metem a criticar, tampouco questionar a veracidade ou validade.
Criminosos
não poderiam ser considerados – Hitler teria começado mais ou menos assim:
dentre outras sandices, tentando vender a ilusão de que pretendia estabelecer
um mundo perfeito para o povo alemão, ele que nem germano era, quando, na
verdade, o que desejava era subjugá-los, moral, ética e, socialmente, o que
conseguiu, com certa facilidade, por algum tempo – indivíduos que, em vez de
opiniões, não raro, manifestam, expõem afirmações que gostariam de ver tratadas
como fatos científicos, não meras insinuações, que, por sua vez, induzem mentes
mais incautas, menos céticas, acríticas, a partir das depreensões que delas
absorvem, a tomar rumos ou decidirem em desacordo com a lógica mais racional;
esses que expelem bobagens, vitupérios e ignomínias que chegam a funcionar como
uma forma eficiente de lavagem cerebral, notadamente, para os tipos mais
despreparados existencial, intelectual e/ou, culturalmente?
Que dizer de esses seres divinizados – que não creem em deuses, logo, quem acreditaria que não gostariam de ser havidos ou considerados uma entidade superior às demais? - que, quando, temporariamente, se humanizam, transformam-se em anjos caídos e, como tal, absorvem o que seria o pior aspecto da fragilidade do homem: a bestialidade, a irracionalidade; porém, vivenciada essa experiência, logo reassumem sua condição de deuses, quando, então, esperam que não lhes seja impingida qualquer culpa, nem cobrada, pelos mortais comuns, nenhuma desculpa ou justificativa, por conta das atrocidades cometidas contra inocentes indefesos, enquanto travestidos de indivíduos falíveis, essencialmente, homens? Deuses, seres divinos, iluminados, se erram, certamente, não podem nem devem tentar justificar-se, tampouco, esconder-se sob forma de figuras falíveis; mas isso, simplesmente, não acontece: erros não são atributos dos deuses; nós somente relevamos erros cometidos por toleirões que até gostariam de ser confundidos com entes divinos, inatacáveis, inquestionáveis, porque acreditamos que errar é uma imanência humana.
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