domingo, 29 de outubro de 2023

AUTOBIOGRAFIA

 

Fonte: Google

AUTOBIOGRAFIA


Elmar Carvalho

 

Após seguir os mais ásperos caminhos,

Napoleão avesso, eu próprio me coroei

com uma coroa de cravos e espinhos.

Subi montes, rompi charcos,

atravessei grutas sem luz,

com os ombros esmagados

ao peso de férrea cruz.

Em noites de névoas e luares

sofri e cantei perdido nos lupanares.

Em dias de sol escaldante e incandescente,

fui casto Dante

e Baudelaire delirante e indecente,

pelas tardes mornas de ressacas e orgias.

No Olimpo a que subi em busca

dos mitos, à procura de Zeus,

pregaram-me numa cruz onde

puseram irônica tabuleta: “Rei dos Judeus”.

Por frígida e pálida manhã,

envolto em solidão e neblina,

rasguei e perdi minha toga purpurina.

Cheio de ódio e de amor,

sorvendo taças e mais taças

de bebida balsâmica e malsã,

nos bordéis de Eros, nos templos de Pã,

e nos palácios dourados de Mefisto,

onde sucumbo e resisto,

no meio de mentira e desengano,

fui Satã,

fui Cristo,

fui Humano.

 

Te. 17.11.95 – 04:25h

2 comentários:

  1. Caríssimo poeta, afirmo categoricamente que seu poema é ótimo! Obra de um beletrista irretocável! Só não me arriscarei a dizer a que escola literária pertence. Não passarei esse mico. Kkkkkkkk

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