sábado, 4 de novembro de 2023

Poeta da Estação ou Helano, o último heleno

Fonte: Google/Maria Luselene

Vieira Jr. e Helano Lopes



 

Poeta da Estação ou Helano, o último heleno

 

Elmar Carvalho

 

No dia 28 passado, sábado, ainda cedo, fui a Campo Maior. Tinha o compromisso de cumprir uma missão na Academia Campomaiorense de Ciências, Artes e Letras. Iria proferir o discurso de recepção ao acadêmico Gildário Dias Lima. Fui em companhia de Fátima, do escritor e crítico literário Carlos Evandro Martins Eulálio e de sua esposa Rita.

Tendo chegado com boa antecedência, fiz o contorno do mimoso e pequenino Açude Grande, sem pressa, e me dirigi à velha Estação Ferroviária da cidade, que se encontra em estado de quase abandono, e já um tanto deteriorada. Nesse prédio funcionava o célebre Museu do Zé Didor, que seria referido em meu discurso, por ser o antecessor do novel acadêmico Gildário.

Vi a vila de casas, onde residiam funcionários e militares do BEC, que contribuíra para a construção da via férrea da antiga Estrada de Ferro Central do Piauí - EFCP, vinda da outrora Amarração, hoje Luís Correia. Ali, ainda vi desfilar uma velha “maria fumaça”, cujos penachos de fumaça e vapores, além das negras ferragens e engrenagens, me despertavam certo pavor. Vi também a Praça da Estação, outrora bonita, bem conservada, com seus monumentos ornamentais. Precisa ser restaurada, para que readquira a sua antiga beleza. Nela, à noite e ao ar livre, nos anos 1960, eram exibidas películas cinematográficas.

Como não poderia deixar de ser, me lembrei do Poeta da Estação, o Helano Lopes, que, em alusão ao seu nome, chamo de o “último heleno”. Sabia que logo mais iria revê-lo na solenidade de posse, como de fato revi e cumprimentei com efusão. Após pronunciar o meu discurso, retornei a meu lugar, na plateia. Helano sentou-se ao meu lado e me parabenizou pelo discurso, com vívido entusiasmo. Em seguida, sacou um pedaço de papel e começou a escrever de forma concentrada. Ato contínuo, me repassou o seguinte texto, que para mim vale mais do que certas homenagens:  

“És o alfaiate

Na arte de escrever –

Que hábil prazer

Tens ao alinhavar

As palavras no cerzir

Dos diversos fatos –

Bordando ágil

As formas poéticas

Orquestrando

A rima na harmonia

Do ser pleno e sereno

Poeta mor!... vibrante

Filho de Campo Maior

            ESPECIAL

Ao irmão e poeta

ELMAR CARVALHO”

Em seguida vem a data e a sua assinatura personalíssima, que é uma verdadeira obra de arte, sob a qual colocou seu epíteto literário – POETA DA ESTAÇÃO.

Não bastasse isso, o irmão e poeta Helano Lopes, no grupo de WhatsApp da ACALE, postou o seguinte comentário, que muito me desvaneceu, com o qual encerro este arremedo de crônica:

“O discurso de Elmar me fez, fazer de improviso um curto poema num limitado pedaço de papel que saquei de minha carteira. Fiz este, ladeado pelo titânico aedo Elmar! Nobre e fidedigno confrade e irmão maçônico. Um naipe raro e magnânimo da plêiade campomaiorense. Um alfaiate do dom de escrever e falar. Atento ao seu magnífico discurso, vi e ouvi alinhavar com maestria os tópicos dos fatos que iam sendo expostos por este. Cerzia com habilidade e plena sabedoria as palavras, as expressões e sinônimos no âmago da plateia atenta.  Que glória! Nobre vate, sentir e ver ressoar nos meus tímpanos o som orquestrado de tuas palavras.  Gratidão Mestre! Shalom! Poeta da Estação. Bairro Estação.  01/11/2023; 09:45.”

Só me resta dizer: Muito obrigado, poeta Helano, por suas esplêndidas e generosas palavras. Deus lhe pague!  

Um comentário:

  1. Uma vez, escutei a frase certeira " no sentido da sanha do Brasil de matar seus heróis". Por sorte, há defensores. Muito obrigado pelo texto.

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