Fonte: Google/Maria Luselene |
Poeta da Estação ou Helano, o último heleno
Elmar Carvalho
No dia 28 passado, sábado, ainda cedo, fui a Campo Maior. Tinha
o compromisso de cumprir uma missão na Academia Campomaiorense de Ciências,
Artes e Letras. Iria proferir o discurso de recepção ao acadêmico Gildário Dias
Lima. Fui em companhia de Fátima, do escritor e crítico literário Carlos
Evandro Martins Eulálio e de sua esposa Rita.
Tendo chegado com boa antecedência, fiz o contorno do mimoso
e pequenino Açude Grande, sem pressa, e me dirigi à velha Estação Ferroviária da
cidade, que se encontra em estado de quase abandono, e já um tanto deteriorada.
Nesse prédio funcionava o célebre Museu do Zé Didor, que seria referido em meu
discurso, por ser o antecessor do novel acadêmico Gildário.
Vi a vila de casas, onde residiam funcionários e militares do
BEC, que contribuíra para a construção da via férrea da antiga Estrada de Ferro
Central do Piauí - EFCP, vinda da outrora Amarração, hoje Luís Correia. Ali,
ainda vi desfilar uma velha “maria fumaça”, cujos penachos de fumaça e vapores,
além das negras ferragens e engrenagens, me despertavam certo pavor. Vi também
a Praça da Estação, outrora bonita, bem conservada, com seus monumentos
ornamentais. Precisa ser restaurada, para que readquira a sua antiga beleza.
Nela, à noite e ao ar livre, nos anos 1960, eram exibidas películas cinematográficas.
Como não poderia deixar de ser, me lembrei do Poeta da
Estação, o Helano Lopes, que, em alusão ao seu nome, chamo de o “último heleno”.
Sabia que logo mais iria revê-lo na solenidade de posse, como de fato revi e
cumprimentei com efusão. Após pronunciar o meu discurso, retornei a meu lugar,
na plateia. Helano sentou-se ao meu lado e me parabenizou pelo discurso, com
vívido entusiasmo. Em seguida, sacou um pedaço de papel e começou a escrever de
forma concentrada. Ato contínuo, me repassou o seguinte texto, que para mim
vale mais do que certas homenagens:
“És o alfaiate
Na arte de escrever –
Que hábil prazer
Tens ao alinhavar
As palavras no cerzir
Dos diversos fatos –
Bordando ágil
As formas poéticas
Orquestrando
A rima na harmonia
Do ser pleno e sereno
Poeta mor!... vibrante
Filho de Campo Maior
ESPECIAL
Ao irmão e poeta
ELMAR CARVALHO”
Em seguida vem a data e a sua assinatura personalíssima, que
é uma verdadeira obra de arte, sob a qual colocou seu epíteto literário – POETA
DA ESTAÇÃO.
Não bastasse isso, o irmão e poeta Helano Lopes, no grupo de
WhatsApp da ACALE, postou o seguinte comentário, que muito me desvaneceu, com o
qual encerro este arremedo de crônica:
“O discurso de Elmar me fez, fazer de improviso um curto
poema num limitado pedaço de papel que saquei de minha carteira. Fiz este,
ladeado pelo titânico aedo Elmar! Nobre e fidedigno confrade e irmão maçônico.
Um naipe raro e magnânimo da plêiade campomaiorense. Um alfaiate do dom de
escrever e falar. Atento ao seu magnífico discurso, vi e ouvi alinhavar com
maestria os tópicos dos fatos que iam sendo expostos por este. Cerzia com
habilidade e plena sabedoria as palavras, as expressões e sinônimos no âmago da
plateia atenta. Que glória! Nobre vate,
sentir e ver ressoar nos meus tímpanos o som orquestrado de tuas palavras. Gratidão Mestre! Shalom! Poeta da Estação. Bairro
Estação. 01/11/2023; 09:45.”
Só me resta dizer: Muito obrigado, poeta Helano, por suas esplêndidas
e generosas palavras. Deus lhe pague!
Uma vez, escutei a frase certeira " no sentido da sanha do Brasil de matar seus heróis". Por sorte, há defensores. Muito obrigado pelo texto.
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