Foto meramente ilustrativa Fonte: Google |
GALO MAGRO
Elmar Carvalho
Galo Magro
não tinha
penas multicores
não tinha
canto
nem encanto
não tinha crista
nem cristais de prata.
Sim, senhores, porque Galo
Magro
era apenas o apelido
de um menino pobre,
de um menino feio,
de um menino com fome,
de um menino sem nome,
como milhares de
outros meninos do Brasil.
Galo
Magro
jogava bola
mas um dia
para driblar a fome
encravada no seu bucho
ainda menino foi ser
motorista de táxi.
Um dia,
um dia como
outro qualquer,
um dia simples
sem exuberância de sol
e sem adorno de nuvens
um homem mandou
que o Galo Magro
fizesse uma corrida
à passagem do
“Vai-não-Volta”.
E o Galo Magro
foi e não mais voltou.
Foi encontrado morto
com o olhar de
vidro absorto
fitando o vazio
do sem futuro.
Foi encontrado morto
com os olhos tristes abertos
fitando talvez a quimera
da vida perdida de quem
nada espera
da vida perdida
de pobre diabo
completamente morto
morto ainda em vida
de morto morto e acabado.
(Uma rosa
rubra de sangue coagulado
brilhava muito viva e linda em
seu
peito frágil de Galo Magro
magro.)
Galo Magro, excelente poesia onde o sentimento se junta à visão de mundo e nos faz refletir sobre a angústia do ser humano. Parabéns, poeta!
ResponderExcluirParabéns!
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