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3 POSTAIS DE TERESINA
Elmar Carvalho
POSTAL I
Na Paissandu e adjacências
bêbados passeiam
equilibrados sobre a
corda-bamba dos pés.
Velhas meretrizes sem
freguesia
conversam e cospem na
calçada.
Nas noites serenas de
serenatas
as luzes mortiças dos
postes
espiam de pálpebras
cansadas
os amores camuflados
clandestinos (in)decentes.
Os amores puros, sem rotas
e rótulos.
A lua, velha safada,
espreita a intimidade
das alcovas dos casais.
POSTAL II
No Morro do Querosene
– sem quero, sem querosene
e sem gás –
a miséria mora em cada casa
sem água e sem luz.
Um bolero ou tango
tange
o tédio.
De repente, um tiro na
noite.
Assassinato ou suicídio?
Último ato: cai o pano do
silêncio
sobre o silêncio do morto.
POSTAL III
O Morro do Urubu
se muito foi terá sido
morro do urubu chumbado,
morro do
urubu chagado, sifilítico e
faminto.
O Morro do Urubu
hoje é Morro da Esperança.
Esperança de quem?
Daqueles que nada esperam
em sua ab/so/luta miséria.
Morro da Esperança?
Morro dos bastardos da
vida,
dos pobres, dos desvalidos.
Morro da morte matada,
morro da morte morrida,
morro da morte em vida:
morro da (des)Esperança.
O Poeta canta a Teresina de outras épocas, de várias caras, e de muitas chagas.
ResponderExcluirLindos poemas da nossa Teresina sem motel dos cabarés da Rosa Banco da Paissandú da Raimundo a no morro do querosene e do morro do urubu que D.Avelar mudou para morro da Esperança.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo pertinentes comentários.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO Morro do Querosene,
ResponderExcluirA Paissandu, dois lugares
Onde havia no passado
Dois famosos lupanares
E o Morro da Esperança
Aflorara-me à lembrança
Com a miséria nos lares.
(Joames).
Muito obrigado, poeta Joames.
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