terça-feira, 12 de agosto de 2025

OBSERVANDO O COSMO

 

Imagem criada pela IA Gemini, seguindo minhas instruções

Fonte: Google



OBSERVANDO O COSMO

 

Elmar Carvalho

 

De algum ponto não muito iluminado dos arredores de Teresina, à boca da noite, fomos observar a Lua e outros astros. Éramos um grupo de seis pessoas. Nosso guia e mestre era o médico e astrônomo amador Aluísio Amorim Andrade.

Disse amador apenas no sentido de que ele não exerce a profissão de astrônomo. Entretanto, é um profundo conhecedor e estudioso do cosmo e efetivamente ama observar a Lua, as estrelas e os planetas. Era fácil perceber-lhe o entusiasmo enquanto nos ensinava e falava da grandiosidade e da maravilha do cosmo, das galáxias, das constelações e de outros mistérios insondáveis do universo.

Os outros integrantes do grupo éramos eu; a médica Naiara da Costa Sobral Andrade e o estudante de medicina Daniel Sobral Andrade (esposa e filho de Aluísio, respectivamente); e o escritor e médico Edilson Carvalho Jr., acompanhado de sua esposa, Carmen Milena Rodrigues Siqueira Carvalho.

Era uma esplêndida noite de plenilúnio. O nosso satélite ostentava toda a glória de sua beleza. O céu apresentava poucas nuvens, que apenas serviam para ocultar levemente a Lua por breves momentos, para nos deslumbrar quando ela reaparecia ainda mais bela.

Lembrei-me então de minha infância, quando minha saudosa e excelente mãe, para aguçar minha imaginação e me proporcionar momentos mágicos, dizia que a Lua estava trocando de roupa. Quando, nas noites frias, formava-se um halo ao seu redor, mamãe afirmava que ela estava tomando banho numa lagoa. Ó ditosos tempos de minha meninice, “que os anos não trazem mais”...

Aluísio Amorim Andrade foi um verdadeiro cicerone e nos proporcionou uma viagem cosmológica. Assim como o poeta Virgílio conduziu Dante, na Divina Comédia, pelos círculos infernais, ele nos guiou pelos páramos celestiais — o que me fez lembrar do meu poema Viagem, em que simulei um périplo pelo infinitamente grande e pelo infinitamente pequeno. Transcrevo apenas estes poucos versos:

“surfo nos mares lunares

e desvendo os enigmas

da face nunca revelada

em seu véu de eterna treva

combato o hálito de fogo do dragão

cavalgando lado a lado com São Jorge”

Mas, ao contrário do que digo no trecho acima, não vi São Jorge e muito menos o pavoroso dragão. Aliás, disse aos amigos do grupo de observadores que não pretendo mais discutir assuntos de astronomia e astrofísica com o confrade Prof. Jônathas Nunes, com medo de ser sugado por um buraco negro ou de cair num buraco de minhoca e ir parar numa outra, desconhecida, dimensão.

Quando nosso guia nos mostrou os caminhos de Santiago e do Zodíaco, não me contive e aproveitei para lhes torrar a paciência com este meu poema, escrito há muitos anos:

AUTOBIOGRAFIA ZODIACAL

 

Sou do signo de

 Carneiro

Mas meu coração é um

 Touro indomável

No meu sangue

corre a fúria de

 Leão

Entre uma Virgem e duas

 Gêmeas

Meu coração / bala

   Balança

Sou um Câncer

nos chifres de

 Capricórnio

Sou Peixes libertário

sem o cárcere de um

 Aquário

Sou Sagitário

 a

  r

   m

    a

     arco e flecha

    d

   o

  d

 e

(A flecha é uma cauda de Escorpião)

Tive o ensejo de lhes dizer que, nos meus PoeMitos da Parnaíba, em que falei de figuras populares, engraçadas ou anedóticas dessa mítica cidade de meu encantamento, tracei um breve perfil do Boa Ideia, que, segundo soube, chegou a se corresponder com cientistas da NASA. Desse poema, transcrevo os versos abaixo:

“Galileu Galilei da Parnaíba

construiu sua luneta

desvendou estrelas e planetas e cometas

e perscrutou os umbrais do infinito.

Autodidata da astronomia

com seu telescópio passeava

pelos “mares” da Lua

dizendo coisa com coisa

que ninguém sabia.

Brincava de bambolê

com os anéis de Saturno.”

Quando o Dr. Aluísio chegou ao “observatório” e retirou seus potentes instrumentos, o meu acanhado telescópio teve tremor e temor, encolhendo-se todo, recolhido em sua modéstia, como se fosse um canarinho-belga diante de um belicoso e grande canário verdadeiro. Depois recobrou o ânimo quando nosso mestre disse que ele era suficiente para os fins que eu desejava.

Em seguida, com sábia didática, utilizando uma mira de raio laser, Aluísio nos mostrou algumas constelações e aglomerados de estrelas. Com sua longa manus de longos dedos de luz, ele nos fez passear pelo lindo céu salpicado de astros, no qual sentimos a Glória do Criador.

Um comentário:

  1. Fabrício Carvalho Amorim Leite12 de agosto de 2025 às 11:24

    Ótimo. O céu estrelado nos lembra do nosso tamanho. Longe das molduras quadradas(telas), o mundo não tem bordas.

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