Imagem criada pela IA Gemini, seguindo minhas instruções |
Elmar Carvalho
De algum ponto não muito iluminado dos arredores de Teresina,
à boca da noite, fomos observar a Lua e outros astros. Éramos um grupo de seis
pessoas. Nosso guia e mestre era o médico e astrônomo amador Aluísio Amorim
Andrade.
Disse amador apenas no sentido de que ele não exerce a profissão de astrônomo. Entretanto, é um profundo conhecedor e estudioso do cosmo e efetivamente ama observar a Lua, as estrelas e os planetas. Era fácil perceber-lhe o entusiasmo enquanto nos ensinava e falava da grandiosidade e da maravilha do cosmo, das galáxias, das constelações e de outros mistérios insondáveis do universo.
Os outros integrantes do grupo éramos eu; a médica Naiara da Costa Sobral Andrade e o estudante de medicina Daniel Sobral Andrade (esposa e filho de Aluísio, respectivamente); e o escritor e médico Edilson Carvalho Jr., acompanhado de sua esposa, Carmen Milena Rodrigues Siqueira Carvalho.
Era uma esplêndida noite de plenilúnio. O nosso satélite ostentava toda a glória de sua beleza. O céu apresentava poucas nuvens, que apenas serviam para ocultar levemente a Lua por breves momentos, para nos deslumbrar quando ela reaparecia ainda mais bela.
Lembrei-me então de minha infância, quando minha saudosa e excelente mãe, para aguçar minha imaginação e me proporcionar momentos mágicos, dizia que a Lua estava trocando de roupa. Quando, nas noites frias, formava-se um halo ao seu redor, mamãe afirmava que ela estava tomando banho numa lagoa. Ó ditosos tempos de minha meninice, “que os anos não trazem mais”...
Aluísio Amorim Andrade foi um verdadeiro cicerone e nos proporcionou uma viagem cosmológica. Assim como o poeta Virgílio conduziu Dante, na Divina Comédia, pelos círculos infernais, ele nos guiou pelos páramos celestiais — o que me fez lembrar do meu poema Viagem, em que simulei um périplo pelo infinitamente grande e pelo infinitamente pequeno. Transcrevo apenas estes poucos versos:
“surfo nos mares lunares
e desvendo os enigmas
da face nunca revelada
em seu véu de eterna treva
combato o hálito de fogo do dragão
cavalgando lado a lado com São Jorge”
Mas, ao contrário do que digo no trecho acima, não vi São Jorge e muito menos o pavoroso dragão. Aliás, disse aos amigos do grupo de observadores que não pretendo mais discutir assuntos de astronomia e astrofísica com o confrade Prof. Jônathas Nunes, com medo de ser sugado por um buraco negro ou de cair num buraco de minhoca e ir parar numa outra, desconhecida, dimensão.
Quando nosso guia nos mostrou os caminhos de Santiago e do Zodíaco, não me contive e aproveitei para lhes torrar a paciência com este meu poema, escrito há muitos anos:
AUTOBIOGRAFIA ZODIACAL
Sou do signo de
Carneiro
Mas meu coração é um
Touro indomável
No meu sangue
corre a fúria de
Leão
Entre uma Virgem e duas
Gêmeas
Meu coração / bala
Balança
Sou um Câncer
nos chifres de
Capricórnio
Sou Peixes libertário
sem o cárcere de um
Aquário
Sou Sagitário
a
r
m
a
arco e flecha
d
o
d
e
(A flecha é uma cauda de Escorpião)
Tive o ensejo de lhes dizer que, nos meus PoeMitos da Parnaíba, em que falei de figuras populares, engraçadas ou anedóticas dessa mítica cidade de meu encantamento, tracei um breve perfil do Boa Ideia, que, segundo soube, chegou a se corresponder com cientistas da NASA. Desse poema, transcrevo os versos abaixo:
“Galileu Galilei da Parnaíba
construiu sua luneta
desvendou estrelas e planetas e cometas
e perscrutou os umbrais do infinito.
Autodidata da astronomia
com seu telescópio passeava
pelos “mares” da Lua
dizendo coisa com coisa
que ninguém sabia.
Brincava de bambolê
com os anéis de Saturno.”
Quando o Dr. Aluísio chegou ao “observatório” e retirou seus potentes instrumentos, o meu acanhado telescópio teve tremor e temor, encolhendo-se todo, recolhido em sua modéstia, como se fosse um canarinho-belga diante de um belicoso e grande canário verdadeiro. Depois recobrou o ânimo quando nosso mestre disse que ele era suficiente para os fins que eu desejava.
Em seguida, com sábia didática, utilizando uma mira de raio laser, Aluísio nos mostrou algumas constelações e aglomerados de estrelas. Com sua longa manus de longos dedos de luz, ele nos fez passear pelo lindo céu salpicado de astros, no qual sentimos a Glória do Criador.
Ótimo. O céu estrelado nos lembra do nosso tamanho. Longe das molduras quadradas(telas), o mundo não tem bordas.
ResponderExcluir