José
Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Eu
me dei conta da cartinha na gaveta, deixada pela minha filha, Marta
Vasconcelos: “Pai, hoje, eu reconheço quanto o senhor tinha razão
na sua rígida disciplina. Eu não entendia você, só lhe obedecia
por temor: o senhor nos acordava cedo, tomávamos café e tínhamos
de ouvir a leitura bíblica e seus chatos conselhos, depois é que
íamos à escola; aos domingos, à missa. A gente só tinha direito
de ir ao shopping ou a algum show, depois de ler três artigos da
revista Veja e elaborar uma redação, sem olhar o texto da revista.
Que sufoco!...” Marta, primeiro lugar em concurso no Maranhão,
educadora, casamento e família abençoados, marido exemplar e
empresário.
Neste
início de ano letivo, solicitei ao secretário de Educação, Átila
Lira, que reproduzisse o artigo, “Bagunça Tóxica”, escrita pelo
economista Cláudio Moura Castro, da revista Veja, 8 de janeiro, para
ser debatido em assembleia de professores, alunos e pais.
Turbulência, licenciosidades, decantados constrangimentos por
nonada, direitos e mais direitos vêm encurralando e atemorizando
educadores, impossibilitando-os de exercer a autoridade, às vezes,
vítimas de linchamento e ações judiciais, perda do emprego,
desmoralização na mídia.
Depois
de publicados os resultados do ENEM, um grupo educacional encomendou
pesquisa com os alunos classificados dos dez melhores colégios do
Brasil. Todos, sem exceção, estudantes, além dos pais, louvaram as
regras rígidas do colégio. Escolas religiosas, militares, umas
públicas.
Na
Escandinávia, Alemanha, Inglaterra e gigantes orientais impõem
regras severas e punições. Resultado: uma safra de artistas,
filósofos, escritores, cientistas, empresários, estadistas e
políticos sérios. A palavra punição é proibida, nos projetos
pedagógicos, pelo Conselho Estadual de Educação. Ex-seminaristas e
estudantes, provenientes de centros católicos e evangélicos, também
se destacam em todas as áreas do conhecimento. Segredo? Disciplina,
punição, família presente. Minha experiência de sete anos, como
professor no Colégio Diocesano, marcou-me enorme satisfação de
ver, hoje, expressivos ex-alunos no alto da pirâmide social.
Em
1968, estudantes universitários, em Paris, realizaram quebra-quebra,
ergueram bandeiras, “É Proibido Proibir”, indignados com a
severa disciplina escolar. Mais tarde, os baderneiros viraram
professores, arrependeram-se do mau exemplo passado às novas
gerações de indisciplinados. O movimento, de caráter marxista e
ateu, contaminou a América Latina. Difundiu-se uma falsa psicanálise
de bulling, constrangimentos, direitos individuais, não-me-toques,
beligerância com as autoridades e pais. É o Brasil dos sem
horários, sem entrada proibida, dos meus direitos, do “que é que
tem?”.
Uma
juíza processou a escola, porque expôs notas de seu filho no mural
do colégio. E se fosse o primeiro classificado? É o ano de1968
rolando nas cabeças de uma esquerda que se impôs no país. Trouxe
bons resultados sociais, porém exagerou no conceito de liberdade,
ainda engasgado com o regime militar vivido.
Cartinha,
como de Marta, precisa ser escrita. Que tal os rolezinhos, enturmados
e exibicionistas, produzirem a sua, distribuírem a cópias em
shoppings e na escola? Difícil saber se já passaram da
alfabetização.
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