Elmar e Paulo Almeida |
6
de fevereiro Diário Incontínuo
PAULO
ALMEIDA E AS PALMAS DOS COLEGAS
Elmar Carvalho
Na
época em que fui fiscal da extinta Superintendência Nacional do
Abastecimento – SUNAB, Delegacia do Estado do Piauí, integrei
algumas blitzes com a participação de outros órgãos, inclusive a
Polícia Federal – SDR-PI, mormente na época dos famigerados
congelamentos, que não deram certo nem na poderosa Roma antiga, no
tempo do imperador Deocleciano.
Por
essa razão, conheci alguns agentes policiais, servidores
burocráticos e delegados, entre os quais recordo os nomes dos
delegados Jonas Duarte, Antônio Vanderley Portela e Vasconcelos, que
ao aposentar-se foi morar em sua terra natal, a bela e aprazível
Tianguá, da qual se tornou vice-prefeito, e Airton Franco, que fixou
residência em Fortaleza, onde passou a escrever crônicas e artigos,
após ter exercido o cargo de secretário de Segurança Pública do
Piauí.
No
curso de Direito, na Universidade Federal do Piauí, fui colega de
alguns agentes e servidores da nossa briosa PF. Recordo o nome de
alguns, entre os quais cito: Benjamim de Oliveira, Audenir Rufino
Mota, conhecido como Federal, de alegria contagiante, sempre afável
e simpático, Francisco Cláudio Bruno Sales, escrivão, cearense,
boa praça, José Carlos Fontenele, Nelson Estevan de Andrade, que
depois ascendeu a delegado de Polícia Federal, mediante concurso,
Lucídio Leódido, natural de Buriti dos Lopes, portanto conterrâneo
de minha mulher, Lúcio Machado Vale, hoje juiz de Direito na comarca
de São Luís – MA, e Paulo Nunes de Almeida.
Alguns,
como o outro Paulo Almeida, o Davi, o Luís Alberto e o Luiz Carlos
Martins Alves, são irmãos maçônicos, entusiastas e dedicados à
sublime Ordem. Outros foram meus vizinhos, como o Daílo Barreto
Marinho, o Martins, o Ribamar, casado com a Bernadete, que foi minha
colega na Sunab, o Odom Baltazar Nobre Filho e o Sica (Siqueira),
pintor e pirógrafo de enorme talento e apurada técnica.
Merece
referência especial o saudoso irmão Odeon Batista, de grande
estatura moral e física, sempre vibrante e cordato, que foi grão
mestre do GOB-PI – Grande Oriente do Brasil – Piauí, sobre o
qual escrevi uma crônica, publicada na internet.
Vários
desses servidores já se aposentaram. Muitos não mais tive a
satisfação de rever. Voltei a reencontrar, com certa frequência, o
Paulo Nunes de Almeida. De vez em quando nos encontramos na praça de
alimentação do shopping Riverside, na qual seu filho Ravanelli tem
um bar e lanchonete. No domingo passado, enquanto sorvíamos uma
cerveja, ele me contou um fato de sua vida profissional, que acho
interessante trazer à luz da publicidade.
Paulo
sempre foi uma pessoa afável, prestativa e de boa formação moral.
No seu último dia de expediente, antes de aposentar-se, cumpriu seus
deveres com o zelo de sempre, com observância do horário
regulamentar. Ao final de sua jornada de trabalho, fechou as gavetas
e o armário cuidadosamente, e entregou as chaves a quem de direito.
Não deixou pendências funcionais e nem objetos particulares nas
gavetas, escaninhos e prateleiras.
A
administração regional do Piauí não lhe prestou nenhuma
homenagem, nem mesmo um simples agradecimento ou obrigado. Não lhe
foi outorgada nenhuma singela medalha de honra ao mérito; sequer um
diploma de papel. Nenhuma nota no Boletim registrou o fato. Devo
advertir que Paulo não precisa dessas honrarias, e não tem queixas
por não tê-las recebido. Ao contrário, acha que apenas procurou
cumprir o seu dever, e isso deveria ser a rotina de qualquer servidor
público.
Todavia,
quando se encontrava no hall de saída, um grupo de aproximadamente
oito servidores perguntou se poderia acompanhá-lo até o portão,
tendo ele respondido afirmativamente. Esses funcionários o seguiram
até a saída da repartição, batendo calorosas palmas em sua
homenagem. Através desse gesto simples, mas significativo e
comovente, esses colegas estavam dizendo para o Paulo Nunes de
Almeida que ele havia cumprido a sua missão funcional de forma
honrada e digna, e que era um bom colega e um homem de bem.
Acho
que essa saraivada de palmas, sinceras e vibrantes, valeram mais do
que insígnias de latão e ouropéis que lhe fossem outorgados pela
administração a título de honraria. A honra, ele a agasalhava em
seu coração e o demonstrou ao longo de sua vida profissional. Que
esse despretensioso registro possa servir de exemplo e estímulo a
outros servidores públicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário