Não voto em caricatura
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Começou o período de campanha
eleitoral. Para início de conversa, perpassa-me, como na maioria dos
brasileiros, a sensação de náusea à classe política, em geral. Assiste-se a
desenfreada e faminta tara por um mandato eletivo, como rapinas atrás da presa,
embora estigmatizados de fichas sujas. Sem falar na desavergonhada corporação
do que “vou receber, se virar a casaca”.
Bote de lado qualquer ranço ideológico
ao nobre povo cubano, exemplo de cidadania e patriotismo, apesar do implacável
cerco americano à sua tentativa de prosperidade. Repare o depoimento do médico
cubano, Orlando Leskay, do programa “Mais Médicos”, de Porto Alegre.
Acompanhado de colegas de profissão, durante coletiva com a imprensa, Leskay
lascou, em defesa de seu povo: “Para nós o mais importante é o sentimento de
ajudar as pessoas. Sabermos que temos garantia de segurança. A família cheia de
saúde, possibilidade de atendimento médico. Recebo o meu salário, e, no meu
país, nenhum de nós está contando quanto nós ganhamos. Isso não é importante
para nós. Quando nossa turma se reúne, é para falar do trabalho no posto de
saúde. Ninguém fala de dinheiro, do que vou fazer com esse dinheiro. Falamos de
quantos pacientes com tuberculose atendemos e estão bem. Ou de um diabético descompensado,
agora recompensado. Nós respondemos a um sistema social, enquanto, em outros
lugares, as pessoas pensam em dependência do sistema social. No Brasil, um
doutor não nos entende, porque responde a outro sistema social. Nós, desde a
infância, somos educados com um sentimento diferente, coletivo. É preciso que
vocês entendam isso. Nós não vamos mudar. Nós não vamos morrer, tal como éramos
no período da colonização e exploração capitalista”.
Filtrando-se certo exagero da utopia
cubana, passada e vigiada pela repressão da ditadura, observa-se, entretanto,
testemunho patriótico do médico Orlando Leskay. Provoca inveja na consciência
de brasileiros, mais ávidos de direitos pessoais do que deveres de cidadão. Na
defesa do prato do que da pátria (só nos esportes).
Quando se observa o campo político no
Brasil, espanta-se com a retórica histérica, populista, apaixonada, ideológica.
Por trás da verborreia, só planos pessoais. Apela-se de tudo, até para o nome
de Deus, na fúria esbaforida e ofegante pelo voto. Nem precisa citar conhecidas
figuras dos escândalos, palavrões, tabefes e garrafadas em público. Servem
apenas de caricaturas na missão tão nobre da política, como a inglesa. Na
campanha eleitoral para presidente americano, destaca-se uma dessas
caricaturas, Trump.
Candidatos caricaturescos berram,
ofendem adversários, prometem o impossível, testemunham a própria mediocridade
com palhaçada para seduzir, especialmente, a plebe sofrida, desinformada de
consciência cívica, responsável, coletiva, em vez das merrecas prometidas para
vender seu voto. Falta um Orlando Leskay nessa história.
José Maria, um dia quem sabe, todos sem exceção terão coragem, determinação e consciência política em seguir os profundos ensinamentos do mestre.
ResponderExcluirParabéns!
Itamar Costa