domingo, 21 de agosto de 2016

UM POEMA DE AMOR


UM POEMA DE AMOR

Elmar Carvalho

            Eu me entrego todo
            a teu corpo de doação
aberto como
corola e cálice
aberto para a
recepção de meu corpo
que também se entrega.
            Percorro
           – minhas mãos –
    percorro teu
    corpo em ânsia
    em busca de seus
    recantos secretos
de suas grutas escondidas
de suas fendas perdidas
de suas chagas naturais.
            Eu me te entrego
            que te me entregas
como uma dádiva
que te dou e que me dás.
            Nos instantes
            de nossos afetos
percorro os relevos e as vertentes
de teu corpo como
quem penteia
cabelos de nuvens
            e altera
            a posição
            das estrelas.
            E desejaria,
            nessas horas
de lúcidas loucuras
que um brutal espasmorgasmo
nos consumisse
nos braços um do outro.
            E que uma
            longa vertigem
nos transportasse
            ao paraíso
dos sonhos das quimeras
            e dos loucos.

           Parnaíba, 79 

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