segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O NATAL FELIZ NA MINHA ALDEIA

Fonte: Canção Nova Notícias


O NATAL FELIZ NA MINHA ALDEIA

José Pedro Araújo
Cronista, contista, romancista e historiador

Em outra oportunidade já descrevi como comemorávamos o Natal na minha pequena cidade, em épocas passadas. Com o título “O Natal Sertanejo”, relatei as dificuldades em organizar uma ceia nos moldes da que vemos hoje em dia. Descrevi como erigíamos uma belíssima árvore de natal a partir de um exuberante galho de Pitombeira, de preferência com alguns cachos do fruto redondinho bem maduro, e que depois recebia toda a decoração nas cores vermelha, branca e verde, que são alusivas à festividade maior dos cristão. Depois da arrumação toda, incluindo-se ai uma instalação elétrica bem rústica, com lâmpadas multicoloridas, mas apagadas, posto não termos energia elétrica ainda. Tudo era arrematado com uma Estrela de Belém bem no alto da folhagem. Bela e natural árvore natalina caipira.

Depois de pronta e decorada, muitas vezes ela excedia aos três metros de altura, e recebia os presentes simples que os pais depositavam ali para serem entregues aos filhos no final da apresentação do Auto de Natal. Por que justamente a escolha da árvore da Pitombeira? Porque possuía folhas pequenas, volumosas e muito verdes, além de resistentes a perda da sua vivacidade! Assim, demorava dias sem murchar. Do mesmo modo, porque seria fácil encontrar um galho bem enfolhado e cônico, idêntico a um pinheiro. Pelo menos em tese.

 Toda essa arrumação acontecia na Igreja Cristã Evangélica, local onde se acomodava uma multidão nas noites de 25 de dezembro para acompanhar a festiva comemoração que já se tornara tradição na cidade. Gente de todas as regiões da cidade se aglomerava para assistirem à apresentação das peças natalinas, a ponto de não caber mais ninguém no templo. Era um espetáculo muito bonito e cheio de significância e emoção. Enleava-nos e nos envolvia em uma aura de ternura e amor.

Por sua vez, a Ceia também não tinha o glamour das atuais, por razões de fáceis compreensão: o comércio, ainda incipiente, também não oferecia muitas oportunidades para aquisição dos incensados perus de mais de dez quilos de hoje em dia; nem as castanhas, os Panetones e os chocolates tão à mão nas sortidas casas comerciais que hoje tínhamos à disposição. Tudo era substituído pelos Perus, além dos tradicionais leitões, criados, e engordados nos chiqueiros existentes nos próprios quintais, que aliados aos patos e frangos caipiras, compunham uma gostosíssima Ceia para várias dezenas de pessoas. Portanto, a comemoração era coletiva, não apenas com os nossos familiares. E era festiva. Muito festiva. Como esquecer?

Depois que nos dispersamos e fomos morar em lugares diferentes, minha mãe exigia que nos encontrássemos nessa data para relembrar o nascimento de Jesus dentro dos melhores moldes que a data exige. Agora que ela se foi, perdemos o hábito, e cada um de seus filhos se arranja da forma que mais lhe convêm para não deixar passar em brancas nuvens a data mais importante da cristandade. Como agora, quando contarei apenas com a minha própria família(esposa, filhos, noras e netas), no jantar festivo que organizaremos em nossa casa. E ao pensar nisso, bateu uma saudade incrível dos velhos tempos em que a nossa árvore natalina gigante, construída a partir de uma Pitombeira robusta, enfeitava tudo ao seu redor; iluminava e estimulava o auto natalino e transformava a ocasião em uma festa cristã das mais bonitas, e para muitas famílias amigas.  FELIZ NATAL!   

3 comentários:

  1. Dr. Elmar,
    Um feliz Natal. E que em 2017 o nosso grande poeta nos presenteia com belíssimas poesias. Desejo-lhe também e família um próspero ano e cheio de alegrias e saúde. Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. Caro Acoram, bravo cacique dos Marataoãs, gostaria muito que os seus votos se concretizassem. Mas, com exceção de um poema, que pode ser assistido no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=56Vz8DHe_B0&t=724s
    há muitos anos que já não me vem nenhum poema. De modo que posso dizer dizer que minha "fonte de inspiração poética" já bateu na laje, e não mina mais nada, nenhuma gota sequer.
    Mesmo assim muito obrigado, ao tempo em que lhe desejo um Ano Novo repleto de sucesso e realizações nos seus diversos campos de atividades.
    Abraço,
    Elmar

    ResponderExcluir
  3. Retificando: E que em 2019 o nosso grande poeta nos presenteia ...

    ResponderExcluir