sábado, 27 de abril de 2019

Cunha e Silva Filho e Enéas Athanázio




Cunha e Silva Filho e Enéas Athanázio

Elmar Carvalho

No sábado, 30 de março, recebi, na secretaria da Academia Piauiense de Letras, o livro “Paisagem, vida e linguagem em Enéas Athanázio: Uma leitura de ‘O campo no coração’”, que me fora enviado por seu autor, meu amigo Cunha e Silva Filho. Um pouco depois, na condição de 1º secretário da entidade, o apresentei em nossa Assembleia Ordinária, juntamente com outras correspondências, conforme consta na ata do dia acima referido.

O livro analisa em profundida e com argúcia todos os aspectos relevantes da obra citada em seu título – O campo no coração . Assim, lhe devassa o conteúdo, discorrendo sobre a linguagem dos contos e crônicas que ele enfeixa, com riqueza de detalhes, esmiuçando-lhe as qualidades e recursos estilísticos.

Cunha é um velho amigo meu, posto que o conheci em 1990, como ele próprio o declara no prefácio a meu livro Rosa dos Ventos Gerais (3ª edição, Coleção Centenário, APL, 2016), na linda e bucólica Amarante, terra natal sua e de seu pai. Participamos de um evento cultural que lá estava sendo realizado. Se não estou enganado, traído pela memória e pelos longes do tempo, ele fora visitar a sepultura de seu pai, falecido nesse ano, como verifico agora, compulsando o Livro do Centenário da Academia Piauiense de Letras, posto que o velho professor Cunha e Silva ocupara a sua cadeira nº 8.
Francisco da Cunha e Silva Filho é o seu nome completo. Exerceu o magistério superior e de segundo grau até bem pouco tempo. Leitor voraz e erudito. Voltou-se sobretudo para a crítica e para a teoria literária. No exercício da crítica, embora observando as lições da melhor crítica impressionista, no nível da praticada por um Álvaro Lins, cultivou a nova crítica, a que analisa, sobretudo, os aspectos intrínsecos da obra.

Escreveu “Da Costa e Silva: uma leitura da saudade” (Edufpi/APL, 1996), um dos melhores livros sobre a poesia de Da Costa e Silva, poeta de sua admiração, um dos melhores do Brasil, seu conterrâneo amarantino. Mas também escreveu sobre vários poetas e escritores do Piauí. Esses textos foram publicados de forma avulsa na imprensa piauiense. Boa parte deles foram coligidos na obra “As ideias no tempo” (APL/Senado Federal, 2010). Tendo prestado um inestimável serviço à literatura, tanto na cátedra como na qualidade de escritor, publicou “Apenas memórias (Rio de Janeiro: Quártica, 2016), em cujas páginas perpassam a sua vivência, experiência de vida e de magistério, as suas dificuldades e conquistas, a sua dedicação profissional e literária, e a nostalgia do Piauí.

Tive a desvanecedora honra de ter recebido amáveis comentários de sua esmerada crítica, tanto pela linguagem escorreita e elegante, como pelo apurado conteúdo de quem realmente entende do que fala. Meus livros Rosa dos Ventos Gerais (poesia), Confissões de um juiz (memórias) e Histórias de Évora (romance) lhe mereceram aprofundados estudos, diria mesmo verdadeiras críticas ensaísticas, se é que posso usar essa denominação, para dar uma exatidão ao que quero dizer.

Além de seus dotes naturais, aperfeiçoados no esforço pessoal de muitas leituras, ele quis a instrução formal de altos estudos, e por isso fez mestrado, doutorado e pós-doutorado, todos no campo da literatura.

Todo esse esforço, com certeza, foi canalizado para o magistério e para a crítica e teoria literária, uma vez que ele continua a escrever importantes textos nessa seara, que se encontram publicados na internet, tanto em seu blog (http://asideiasnotempo.blogspot.com/), como no Portal Entretextos(http://www.portalentretextos.com.br/), como em meu blog (http://poetaelmar.blogspot.com/).

Quanto ao escritor Enéas Athanázio, é um amigo do Piauí e de sua literatura e escritores. Tanto que já lhe foi outorgado o merecido título de Cidadão Piauiense, pela Assembleia Legislativa, ocasião em que esteve em nosso estado. Muitos escritores e poetas piauienses mereceram trabalhos de sua autoria, inclusive eu próprio. Homem cordial, no melhor sentido que se possa dar a essa palavra, um dia, em que eu estava um tanto apreensivo, por estar mourejando em longínqua Comarca, no início de minha carreira, ele, que foi membro do Ministério Público de Santa Catarina, disse-me, incutindo-me coragem e consolo, para que eu não me angustiasse, que dias viriam em que eu sentiria saudade dessa situação e dessas plagas remotas.

E isso de fato aconteceu. Hoje sinto certa nostalgia, como se sentisse saudade da própria saudade que eu sentia então.

Com estas acanhadas palavras, louvo o livro, louvo o autor (Enéas Athanázio) e a obra a que ele se refere, e exalto o amigo e notável escritor Cunha e Silva Filho.   

4 comentários:

  1. LEIO, AGORA, O SEU ARTIGO FOCALIZANDO A FIGURA DO GRANDE FICCIONISTA ENÉAS ATHANÁZIO E A DESTE MODESTO AMIGO NA CONDIÇÃO DE HAVER ESCRITO UM ENSAIO SOBRE O AUTOR CATARINENSE.
    O SEU OLHAR DE OBSERVADOR ATENTO O LEVA A PINÇAR OS DADOS MAIS RELEVANTES RELEVANTES DE UM AUTOR OU DE UM OBRA.
    É NESTE SENTIDO DE SUA ESCRITA, ELMAR, QUE O ENQUADRARIA COMO UM BOM ANALISTA DA OBRA ALHEIA. ME LEMBRO DE BONS TEXTOS SEUS ACERCA DE AUTORES E LIVROS EM PREFÁCIOS E PALESTRAS.
    QUEIRA ACEITAR OS MEUS AGRADECIMENTOS PELA GENTILEZA DE VIR A PÚBLICO AJUIZAR COM ARGÚCIA E COMPETÊNCIA SOBRE OS DOIS AUTORES ORA MENCIONADOS.
    UM GRANE AMPLEXO DO AMIGO E ADMOR.
    CUNHA


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  2. De nada, amigo Cunha.
    Você bem merece o que afirmei.
    Muito você tem feito pelos autores e pela literatura feita no Piauí.
    Abraço,
    Elmar

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    1. Sempre terei os escritores piauienses em alta conta nos meus projetos literários. Abração. Cunha

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