sábado, 13 de abril de 2019

ÉTICA E MORAL: VIRTUDES MAIORES DO SER HUMANO



ÉTICA E MORAL: VIRTUDES MAIORES DO SER HUMANO       

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
      
                Andamos tão descrentes de tudo e desacreditando de todos, que fatos publicados pela mídia, ouvidos ou sabidos em decorrência de processos interativos ou comunicativos, interpessoais, importantes ou não, quando não os descartamos, sumariamente, não têm sido motivo para reflexões mais sérias. Se lhes interessam, os menos céticos até tentam confirmar informações vindas de fontes sobre as quais não deveriam recair quaisquer dúvidas, ou ainda que disseminadas por pessoas ou veículos de prestígio e/ou idoneidade, pretensamente, inquestionáveis.

                Parece, se formos levados a considerar, ao pé da letra, determinadas intervenções feitas por pessoas ou entidades, em que possam estar em julgamento aspectos éticos ou morais, que ninguém mais pode ser diferenciado ou prestigiado pelo uso que faz ou pela valorização que atribui a tais preceitos. Ou seja, virtudes morais e éticas poder-se-ia, infelizmente, tomar, hoje, por algo que não mais separa os homens bons e probos, dos cafajestes, bandidos ou amorais. Tão poucos, no entendimento de muitos, possuem-nas que, por isso, não passam de exceções residuais. Melhor considerar a todos vítimas da falta de ética ou de valores morais, do que se arriscar colocar a mão no fogo em defesa dos que não padecem de essas falhas existenciais. É como se disséssemos – concordando com George Bernard Shaw, para quem o segredo do sucesso é ofender o maior número de pessoas -, sem que com isso pudéssemos estar ofendendo os bons, que melhor e muito mais fácil seria colocar a todos nos mesmos nichos ou situações; desse modo, não lograriam êxito os que ousassem se ofender por não quererem estar posicionados ou entre os indivíduos indignos de respeito ou credibilidade, já que todos estariam reunidos, senão pelos defeitos morais e éticos, não por suas virtudes, o que tornaria ninguém melhor ou pior do que seus pares.

Fato é que não existe um ranking ao qual alguém possa reivindicar, naturalmente, um posicionamento compatível com seu grau de idoneidade moral e ética, e isso fica patente a partir do momento em que as pessoas, para ganharem tempo ou não se preocuparem, passam quase a não reconhecer méritos morais e éticos em quem quer que seja.

                Para comprovar e, aproveitando o ensejo, encerrar este arrazoado, pretendemos dar exemplos de como andamos igualando todo mundo pelo que a humanidade tem de pior: a falta de ética e o abandono aos princípios morais que devem nortear o homem em suas inter-relações e interações com seus pares.

Como funcionário público que, no exercício de suas funções, por dever de ofício, embasado em critério moral ou ético inquebrantável, tem a obrigação de guardar sigilo sobre os fatos, os documentos e as ações que orientam, disciplinam, controlam nosso mister laboral, temos visto o órgão para o qual prestamos serviços colocando em cheque a intrínseca e racional naturalidade daqueles princípios éticos e morais, quando, a despeito do fato de havermos, ao tomar posse e entrar em exercício funcional, jurado cumprir as leis, regulamentos e regimentos que norteiam a profissão que abraçamos, vez ou outra, ou melhor, tantas vezes, reiteradamente, emitindo instruções, orientações, portarias, memorandos, enfim, documentos que tentam nos ensinar mais do que seja moral e ética, a nos comportar segundo ditames que aqueles instrumentos legislativos e administrativos lecionam a respeito dos mesmos. Parecem desconfiar os homens, alguns de entre nós mesmos, funcionários, colegas de profissão, gestores, de que, sem a formalização ou oficialização de normas que, coercitivamente, nos orientem e induzam a agir, moral e, eticamente como cidadãos e profissionais ilibados, probos e honestos, não conseguiremos sê-los.

                Outro exemplo. O presidente da República, em um decreto fresquinho, que entrará em vigor no dia internacional do trabalho, vem determinando aos servidores públicos federais como se dirigir, oralmente ou por escrito, a quase todas categorias funcionais de trabalhadores e funcionários públicos, exceto a turma do poder judiciário, ministérios públicos e de outros entes estatais: deveremos tratar a todos por “senhor” ou “senhora”. Vossa senhoria, vossa magnificência, doutor, ilustríssimo, digno ou digníssimo, respeitável, excelência ou excelentíssimo, somente se os que assim quiserem ser tratados, dispensarem-nos compatível tratamento. Ou seja, estaremos sendo antiéticos se não seguirmos tal norma legislativa. Fato é que, enquanto perdemos tempo com demagogia, picuinhas e cerimonialismos, o mundo pensa em coisas mais sérias.

                Enfim, quiséramos estar corretos ao considerar que os homens nascem predestinados a ser moral e eticamente honestos, que o convívio social com aqueles que não valorizam tais princípios é que estraga a muitos; também desejaríamos estar certos se disséssemos que as pessoas precisariam, sim, ser segregadas ou reunidas por suas diferenças e semelhanças em aspectos vários, dentre eles, os princípios morais e éticos aceitos, conhecidos e, racionalmente, respeitados por todos que, independentemente, de normas ou regras esdrúxulas, descabidas, reconhecem-nos como indispensáveis à prática da convivência em sociedade.   

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