Feliz Dia das Mães
José Pedro Araújo
Romancista, cronista e contista
Se me falta competência para
elaborar uma homenagem à altura a todas as mães, sobram-me lembranças felizes
da minha que já não está mais entre nós. Lembranças como o primeiro presente de
dia das mães que meu pai comprou para ofertarmos a ela: um bonito quadro
emoldurado da Santa Ceia (Última Ceia). Cúmplice na tarefa de guardar bem a
surpresa para ser entregue somente no dia comemorativo, a professora Valdé, de
quem também guardo ternas lembranças, levou-me até a sua casa para me mostrar o
belo presente. Durante muitos anos vi aquele presente exposto na parede da
nossa casa, sinal de que a homenagem fora recebida com alegria e estima.
Cursava eu as primeiras letras.
Fiquei deslumbrado com a homenagem, e então tomei conhecimento de que existia
um dia dedicado exclusivamente para as nossas protetoras, as Mães.
E foi assim que, à falta da
aludida competência poética, conclamei um dos maiores poetas piauiense a me
substituir na tarefa. E como ele se desincumbiu da missão!
MATER VENERANDA
Da Costa e Silva(*)
Por ti, que o ser me deste, eu
vivo apenas;
Vivo junto de ti, mesmo sozinho,
Sem as carícias mansas e serenas,
E a ventura materna do teu ninho.
Em extremos de afeto e de
carinho,
Com a essência de dor das minhas
penas,
Vou regando a aridez do teu
caminho,
Para que brotem lírios e
açucenas...
Sabem do meu amor os que em ti
pensam,
Mas não sabem que, na alma que me
deste,
Nossas almas em uma se condensam.
...
Em horas de incerteza, de
amargura,
Quando, sem fé, o espírito
vacila,
Surge ante mim uma visão
tranquila,
Num sonho de esperança e de
ventura.
É a alma de minha mãe que, suave
e pura,
Desprendida, talvez, da humana
argila,
Me vem à ideia, em meu olhar
cintila
E o meu aflito coração procura.
(*) Poeta piauiense da mais fina
sensibilidade, nascido em Amarante.
Fonte: Blog Folhas Avulsas
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