ZEFERINO E A
MATEMÁTICA MODERNA
Elmar Carvalho
No meu périplo
campomaiorense, por ocasião da inauguração do Memorial e da sede da Academia
Campomaiorense de Artes e Letras revi o Zeferino Alves Neto, um guerrilheiro da
cultura e agora blogueiro. Foi meu professor de matemática, creio que em 1969,
no meu primeiro ano do antigo curso ginasial, no único ano em que estudei no
Colégio Santo Antônio, de que foram fundadores, entre outros, os velhos mestres
padre Mateus, professor Raimundinho Andrade e o juiz Hilson Bona.
A seguir,
estudei o segundo ano ginasial na cidade de José de Freitas, da qual guardo
ótimas lembranças. Fiz o terceiro e o quarto ano, de volta a Campo Maior, no
Colégio Estadual, que hoje, com muita justiça, tem o nome do professor
Raimundinho Andrade.
Devo dizer que
Zeferino, o ZAN, foi o único professor de matemática de que não tive medo, e
observo que foi através de suas aulas o meu primeiro contato com a então
chamada Matemática Moderna, cheia de sinais gráficos, desenhos geométricos e
noções de conjunto, e outros artefatos pavorosos.
Sempre tive
terror dessa matéria, e por isso escrevi em versos: A matemática / me enlouquece: / por isto
meu pensamento / salta de mais infinito / a menos infinito (…). Alguns professores dessa disciplina
aparentam ter certa inclinação para o sadismo, e parecem se comprazer com o
medo que infringem aos discípulos. ZAN sempre foi um humanista, um guerreiro do
bem, e não torturava seus alunos com ameaças e perspectivas de reprovação.
Como em 1975
deixei definitivamente Campo Maior, com minha ida para Parnaíba e depois
Teresina, por décadas o perdi de vista. No começo dos anos 2000, quando lancei
meu livro Rosa dos Ventos Gerais em Brasília, voltei a vê-lo, uma vez que ele
foi a essa solenidade cultural. Depois, consegui rastreá-lo através dos mares
internéticos.
Com o seu
retorno a nossa cidade natal, tenho-o visto mais amiúde. Conversamos algumas
vezes. Em seus comentários em blogs e sites, nota-se o seu apurado senso de
humor e a sua preocupação com a cultura e o bom andamento da administração
pública. Além de escritor, radialista, jornalista, blogueiro, é eminentemente
um homem de teatro, tanto como teatrólogo, como também na qualidade de ator e
diretor.
Embora a sua
veia humorística esteja sempre afiada e armada, noto-lhe a preocupação
constante em não ferir as pessoas, mas apenas em divertir-se e diverti-las.
Portanto, o caríssimo ZAN sempre será Zeferino, mas jamais Zé Ferino, para
fazer um trocadilho cretino, e continuar no meu rimar genuíno, sem perder o tom
e o tino.
17 de março de 2010
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