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PIOR NÃO PODERIA FICAR?
Antônio Francisco Sousa
Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Sobre dois
assuntos que vieram à tona nos últimos dias, pretendo, nas próximas linhas,
tecer considerações, manifestar meu ponto de vista e, claro, fazer as críticas
que considerar oportunas.
O Ministro da
Fazenda fez incluir na Proposta de Emenda Constitucional (PEC), a do tal “pacto
federativo”, sugestão de extinguir ou incorporar aos maiores, municípios
brasileiros com menos de cinco mil habitantes e arrecadação própria inferior a
dez por cento de sua receita total, a partir do ano dois mil e vinte seis. Como
era de se esperar, a chiadeira foi grande, notadamente, a oriunda de órgãos e
autoridades municipalistas beneficiárias deste atual e camarada esfacelamento
redistributivo entre entes estatais sem condição real e efetiva de se
autossustentarem administra, econômica e/ou financeiramente.
Partindo do pressuposto de que mil duzentos e cinquenta
e quatro municípios poderiam ser extintos ou fundidos, de acordo com a
proposta, mesmo número de prefeitos, pelo menos, onze mil e duzentos vereadores
– qualquer município deve ter, no mínimo, nove edis -, cerca de nove mil
secretários – é de se esperar que, mesmo no município mais chinfrim, haja secretaria
de educação, saúde, planejamento, finanças ou fazenda, administração, obras e de
agricultura -, perderiam seus empregos; logo, como ficarem satisfeitos com a
sugestão ministerial?
Vozes
municipalistas e mesmo parlamentares vieram a público tentando mudar o conceito
de receita própria - que, obviamente, é a decorrente da arrecadação de tributos
e outros recursos cobrados e lançados, originalmente, pelo ente municipal -,
para nele poder incluir ou abarcar as redistribuições ou transferências
provenientes da União ou de Estados, que, claro, deixariam de entrar, por via
direta, nos cofres dos municípios extintos. Como tendo partido do povo que, com
ou sem a adoção da medida proposta, continuaria recolhendo os tributos
municipais – ISS, ITBI, mesmo o ITR, se pretendesse fiscalizar e lançar -, não
se teve notícia de qualquer choramingo ou beicinho, por conta das notícias
veiculadas.
Quanto a mim, sou
favorável à aprovação da proposta de extinção/fusão de municípios sem autonomia
econômico-financeira. Menos prefeitos, vereadores, secretários, aspones e
agregados, menos salários diretos e indiretos, mais recursos à disposição do
governante municipal para cuidar de todos, dos governantes, vereadores,
secretários e que tais, alijados das folhas de pagamento dos municípios
fundidos, aos demais munícipes. Índices e/ou montantes de recursos redistribuídos
pela União e Estados, na forma de transferências e fundos constitucionais, na
pior das hipóteses, seriam incrementados com essa economia, nos municípios
remanescentes. A propósito, para todos os expurgados/desempregados, não, mas
alguns, os que se julgassem em condições de disputar novas eleições para o
governo ou parlamento do município que os acolheu, poderiam tentar, quem sabe
lograssem êxito, elegendo-se e, consequentemente, voltando ao velho status quo?
Também por esses
dias, ouvi e li, de representantes de sindicato dos bancários do estado, manifestação
de insatisfação com decisão de bancos transferirem servidores, principalmente,
com muito tempo de serviço, à beira da aposentadoria, e contra sua vontade,
para locais distantes de onde estariam residindo. A mim, pareceu-me tal fato
mera sequência do que já seria o esperado. Como não? Não é de agora, que
determinadas instituições financeiras vêm atribuindo a seus funcionários
funções e encargos que não estariam previstos em seus contratos originais de
trabalho, ademais, estabelecendo metas relativas a essas novas e
extraordinárias atividades. Nem havia, como não há, necessidade de ser
funcionário bancário para perceber, não somente gerentes, mas atendentes,
subgerentes, até mesmo caixas, não raro, em complemento às “atividades normais”,
tentando vender seguros, consórcios, cotas de previdência privada e
assemelhados. Infelizmente, com receio ou temerosos de perderem o emprego, muitos
culminaram por perder espaço, tornando-se dispensáveis. Quem nunca viu, por
exemplo, diante de agências de bancos oficiais, ou mesmo dentro delas, pessoal
terceirizado disputando espaço com servidores e oferecendo produtos e serviços negociados
ou disponibilizados pelas instituições financeiras?
Enfim, quanto à
proposta de extinção/incorporação de municípios, interesses políticos e
corporativos maiores tornam inexequível essa pretensão. Não seria estranho,
porém, se, a despeito da luta – tardia ou não? – do sindicato dos bancários
para reverter a situação, servidores que não quiserem, em podendo fazer isso,
optar pela inatividade/aposentadoria, ou quem não aceitar transferência para
localidade diferente da de seu domicílio, perderem seu emprego. Ou seja, pior
do que está, a coisa pode ficar, sim, para muitos servidores bancários; mas,
certamente, não para os municípios ameaçados pelo “pacto federativo”.
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