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Muitos dos
que se autoproclamam da direita discutem de forma acirrada com os
autorrotulados da esquerda, e estes revidam da mesma forma e no mesmo grau de
intensidade, por causa, muitas vezes, de ninharias, de insignificâncias.
E, o que é
mais curioso, um lado chama o outro de intolerante, quando ele próprio também o
é, ao menos no conceito do antagonista. Reivindicam o direito à livre
expressão, mas não dão ao outro o mesmo direito. Querem deitar falação, algumas
vezes estapafúrdia e incoerente, mas não admitem que a outra parte tenha o
mesmo direito. E ambas não admitem escutar o que a parte adversa tem a dizer. E
se acusam, reciprocamente, de radicalismo e intolerância. São os “radicais
livres”, com relação à sua própria liberdade, que desejam ilimitada.
Invocam o
constitucional direito de livre expressão, mas se esquecem de que esse direito,
como qualquer outro, não é absoluto, e que termina onde e quando começa o do
outro, ou melhor, o de nosso semelhante. Também parecem não saber que, através
da livre expressão, crimes e pecados podem ser cometidos, tais como
“assassinatos” de biografias e reputações, injúrias, calúnias, difamações,
falsos testemunhos e declarações inverídicas, falsidades ideológicas etc.
Todavia,
quando se consideram vítimas de eventual abuso do direito de livre expressão se
revoltam e, então, sabem procurar a Justiça em busca de reparação a danos e
prejuízos, e de que esses abusos sejam coibidos.
Muitos
postam ou compartilham as chamadas fake news, sem atentarem para os malefícios
que podem estar causando a outrem. Contudo, quando falsas notícias lhes causam
prejuízo, passam a compreender que a livre expressão não pode ser um direito
absoluto, e que deve estar sujeita às regras limitadoras de nosso ordenamento
jurídico.
Já soube de
casos de pessoas que se “intrigaram” com parentes próximos e amigos por causa
de questões ideológicas e por causa de certos políticos que idolatram, tanto da
chamada direita como da esquerda, cujos nomes não declinarei, mas que acho só
merecem a execração e o desprezo de pessoas de bem. Muitos deles são apenas
mentirosos, vendedores de ilusões, demagogos e populistas, preocupados apenas
com a vaidade do poder e com o ter, e que nunca cumprem o que prometem em suas
campanhas eleitorais e programas partidários e de governo.
Vejo agora
muitos jovens e não tão jovens depredando prédios públicos e particulares,
assim como tocando fogo em carros e outros bens. Ora, sempre soube que não é com
a destruição dos ricos e das riquezas que se irá resolver o problema da
miséria. Ao contrário, a dilapidação de patrimônios e de empresas só irá gerar
mais miséria, mais fome e mais pobreza e desemprego. Construir sempre foi muito
mais difícil e mais caro que destruir. O próprio tempo, por si só, é um
artífice do caos e da destruição.
Por causa de
tudo isso e de mais alguma coisa que julguei desnecessário abordar, me lembrei
do Profeta Gentileza, cujo nome era José Datrino (1917 – 1996). Com a sua
túnica branca e a sua longa barba de profeta, cheguei a vê-lo, no final dos
anos 80 ou começo dos 90 do século passado, na esquina do relógio da Praça Rio
Branco, em Teresina, com um grande painel, que prefiro chamar estandarte, a
pregar o amor, a bondade, a tolerância e a gentileza.
E como hoje
estamos a precisar de que essas virtudes sejam cultivadas e praticadas por cada
um de nós, ainda que só no espaço de nosso pequeno quadrado. Gentileza, que
fora na juventude um amansador de burros brabos, se tornara um “amansador dos
burros homens da cidade”, como ele se denominou.
É necessário que nos tornemos mansos,
tolerantes, pacíficos e cordiais, como pregava o nosso profeta, que também
advertia: “Gentileza gera gentileza, amor.” Em gestos de pura gentileza,
oferecia flores e rosas a pessoas que sequer conhecia. Aos que o chamavam de
louco, respondia simplesmente: “Sou maluco para te amar e louco para te
salvar.”
E, para que
a pregação do Profeta Gentileza não seja a voz de alguém que tenha clamado no
deserto, basta que se siga a regra de ouro deixada por Cristo, que é uma
síntese de tudo quanto ambos ensinaram: “Tudo quanto, pois, quereis que os
homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os
Profetas [Mateus 7:12:].”
E como
corolário, observemos o sublime mandamento, por muitos considerado o dom
supremo: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei [João 15:12].” Se isso acontecesse, a humanidade não precisaria mais
de leis, e as masmorras poderiam ser demolidas.
Amigo Elmar Carvalho, bom dia, a sociedade está realmente a cada dia mais intolerante e augustiada, e com essa pandemia e isolamento social, por conta da covid-19, esses sentimentos se afloraram ainda mais. A prova disso é a violência contra a mulher que aumentou nesse período.
ResponderExcluirHá poucos meses quando assistia a uma palestra de um psicólogo de minha religião, este afirmara que o automóvel é um dos principais meios de agressão social, fiquei deveras admirado, que como um cidadão normal, pai de família, pagador de impostos, frequentador de missas dominicais e cultos religiosos, ou seja, acima de qualquer suspeita, quando estão ao volante de um veículo se transformam em “feras urbanas”? Portanto, bastasse que um outro motorista desavisado faça alguma peripécia veicular em sua frente ou ao seu lado, que ele buzina, pisca os faróis, xinga (falando sozinho), esbraveja colocando a mão para fora do carro com gestos obscenos e até provoca o outro usuário para vias de fatos.
O palestrante explicara que quando a pessoa está dirigindo um veículo sente-se empoderado em conduzir uma máquina e ter uma certa superioridade em relação aos outros usuários da via, principalmente os pedestres. Particularmente, não concordei muito com a tese dele, pois na minha vã consciência e com vinte e poucos anos de volante, não vou sair por aí ofendendo e provocando pessoas para brigarem comigo.
Desse modo, Elmar, você escreveu muito bem e detalhou em prosa os ensinamentos que Jesus Cristo nos deixou quando esteve aqui entre nós, no Cap 12, versículos 28 a 31 (Bíblia de Jerusalém, edição 2019): o primeiro mandamento: um dos escribas que ouvira a discussão, reconhecendo que respondera muito bem, perguntou-lhe: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” Jesus respondeu: “O primeiro é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor, amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e com toda a tua força. O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não existe outro mandamento maior do que este”.
Abraço,
Everardo de Oliveira
Parnaibano
Belo texto Ms Elmar. Eis uma boa reflexão para os sombrios tempos atuais, que nos provam a cada dia que a sua respectiva sucessão não implica, necessariamente, em avanço, mas, por vezes, como hoje atestamos, em retrocesso, tanto mental como cultural.
ResponderExcluirUm abraço!
Muito obrigado, caros comentaristas, vocês foram pertinentes e captaram o que eu realmente queria transmitir.
ResponderExcluirAbraço,
Elmar Carvalho
Meu caro Poeta, além de moralmente reprovável, essa disputa é extremamente chata e fora de tempo. Em pleno século XXI ainda discutimos sobre direita e esquerda, tem algo mais antiquado? Já era chato demais quando só tínhamos a esquerda a bradar sandices aos quatro ventos, agora surgiu o outro lado da moeda, a bem da verdade, da mesma moeda, pois, são quase iguais no que professam.
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