DIÁRIO
[Tuco, mimado e bem-amado]
Elmar Carvalho
22/03/2021
Tuco é o seu nome, escolhido por Elmara, sua “mãe” e dona.
Portanto, sou seu “avô”. É um verdadeiro bicho de pelúcia, porém muito vivo.
Fofo, literalmente fofo. Fofo pela beleza e pela maciez do pelo. Sua plumagem
é, na maior parte, de uma brancura imaculada, mas apresenta dois graciosos
sobretons nas orelhas e na parte posterior, que variam de um claro marrom a um
mitigado grafite.
Tão belo que as crianças do condomínio ficavam encantadas ao
vê-lo. No início de sua vinda para nossa casa, os meninos, principalmente as
meninas vinham pedir para passar um tempo com ele. Por causa da pandemia e
talvez um pouco por ciúme e zelo, indeferíamos esses pedidos.
Esse pacote vivo de pura fofura e beleza, nasceu em
20/08/2020, e veio para nossa casa em 3 de outubro. Portanto, era um tenro
menino canino. Por ser muito novo, aparentava ser medroso, mas eu prefiro dizer
que era cauteloso. Sequer se arriscava a subir as escadas que levavam ao quarto
de sua dona, onde ficava a maior parte do tempo. Depois, foi perdendo o temor e
se tornou meio audacioso, à procura de novos e mais amplos espaços.
Gosta de nos arranhar os pés e várias coisas, com seus
brancos dentes lindos, finos, bem alinhados, afiados, quase agulhas. Mordisca
muito de leve, mas faz com que puxemos os pés, o que lhe parece provocar certo
prazer lúdico. Para compensar, em raros momentos, nos afaga a pele com a sua bela
língua de veludo, em inefável carícia, quase mais espiritual que física, tal a
sutileza e delicadeza do toque.
Sempre achei que certos animais são inteligentes, embora sua
inteligência possa ser algo diferente da humana. Tuco, às vezes, demonstra ter
dúvida sobre se quer entrar neste ou naquele quarto, como se estivesse
avaliando qual deles seria melhor para aquele seu momento. Após a dubitação e
análise, toma a sua decisão.
Seus olhos são de um preto retinto, luminoso, profundo.
Algumas vezes olha diretamente para a nossa face e olhos, como se estivesse
perscrutando o nosso estado de espírito, como se quisesse desvendar se estamos
de mau ou de bom-humor, para então se decidir pelo modo de nos abordar ou de se
aproximar de nós.
Muito educado, passava vários dias sem latir. E quando o
fazia era de forma baixa e por muito pouco tempo. Apenas um ou dois latidos, lhe eram o bastante para
mostrar a sua natureza de cão. No momento, late um pouco mais, mas ainda sem
incomodar, por fazê-lo em pouco volume e com moderação. Aprendeu também a
rosnar, mas o faz raramente, e sempre de forma simpática, apenas por
brincadeira, sem indício de agressividade.
Quando caminhamos, vai rente aos nossos pés, quase como uma
bola “colada” aos pés do mestre Messi. Ficamos com receio de machucá-lo, e por
isso nos chateamos um tantinho. Contudo, já entendi que ele é um pouco carente,
e essa é a sua forma canina de declarar o seu amor, a sua proximidade e
necessidade de nós. Certa vez em que a Fátima “brigou” com ele, em alta voz,
por causa de ato dele, passou um ou dois dias afastado dela, como a demonstrar
que ficara magoado ou ressentido. Mas logo fizeram as pazes, e ficaram melhores
do que antes.
Quando era novinho e frágil, ficava ao pé da porta de nosso
quarto, esperando com toda a paciência que a abríssemos. Depois, passou a
sinalizar que desejava entrar, com leves fungados e arranhando de leve a
madeira. Porém agora, já adolescente, se tornou forte e impaciente. Bate suas
patas com força. Temos que abrir. Senão, apesar de tão pequeno, poderia arrombar
a porta, tal a sua ansiedade em entrar.
Alguns anos atrás criamos duas mimosas cadelinhas poodle,
inteligentes, amáveis, graciosas, e que nos amavam. Morreram na velhice, de
forma natural. Com muito sofrimento enterramos a Anita e a Belinha (*), e
combinamos que não mais criaríamos cães, tanto para nos evitar novo sofrimento,
como problemas no condomínio.
Por conseguinte, a Elmara teve que insistir muito, com fortes
e reiterados argumentos, e certa chantagem emocional, para que aceitássemos, eu
e a Fátima, a aquisição e vinda do Tuco. Nos mostrava fotos e vídeos do belo e
carismático cachorrinho, e isso foi matando nossa força e oposição.
Contudo, agora que veio, não imaginamos mais o nosso lar sem
ele. Tornou-se membro da família. Nos encantou e nos conquistou. Tuco veio.
Veio para ficar.
(*) Escrevi várias crônicas sobre Belinha e Anita, todas publicadas na internet, inclusive uma espécie de elegia em prosa sobre a morte delas. Também escrevi sobre a morte das cadelinhas Mel e Kety, de propriedade de amigos meus. Em resumo, escrevi sobre jumento, urubu, bem-te-vi, preguiça, elefante, etc. Se fossem coligidas, dariam um livro de crônicas. Podem ser pescadas nos mares internéticos.
Tuco diferente dos outros, e ate da Belinha e Anita, é silencioso. Ele não late, não rosna, é paciente, comportado e calado. Isso eu digo no mês que passei de férias, não sei se hoje continua o mesmo!
ResponderExcluirTuco espalha amor, alegria e felicidade por onde passa💞
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