quarta-feira, 28 de julho de 2021

O silêncio de Neto Sambaíba (*)



O silêncio de Neto Sambaíba


Jônathas Nunes


O silêncio de Neto Sambaíba comove a todos. De modo especial os que travaram conhecimento com ele mais de perto ou mais a distância. Entusiasta da expansão uespiana, aprovado no Curso Sequencial em Direito prematutino, estufava o peito e, semblante inebriado de alegria, bradava o nome da UESPI onde quer que estivesse. Vi-o em algumas oportunidades, inclusive em mesa de bar, declamando poemas de sua autoria. Rima rica e versos metrificados. 

Sambaíba era pessoa agradável, dessas que a gente conversa horas a fio sem enfado algum. Episódio pitoresco por ele vivido a mim relatado por ele mesmo, ilustra um pouco essa pessoa querida que hoje se despede de nós. Mão Santa eleito Senador, Sambaíba entendeu que a luta por um lugar ao sol estava a exigir dele certa dose de ousadia. Vai a Brasília se encontrar com o Senador Mão Santa. Em Brasília ouve falar que uma boa opção de trabalho estava sendo ir para Angola. Consegue a passagem de avião e resolve aventurar a vida em Luanda. 

Logo na primeira semana de passeio pelas ruas do Centro de Luanda, a vista, a mente e as atenções de Sambaíba se concentram numa imagem assustadora: o número de pessoas mutiladas de guerra caminhando no sentido contrário ao dele. Cenário desconcertante! Neto Sambaíba, um pouco angustiado, desabafa consigo mesmo: rapaz, isso aqui não é lugar pra mim não. Retorna ao Brasil. Meio cabisbaixo, ao se aproximar da Costa brasileira, o poeta lembra da sua amada: ...”num raio de mil léguas!....Só e longe!....Senti saudade de Solange!” Era assim o Comandante Sambaíba.  

(*) Tomei a liberdade de por o título nesse texto do professor Jônathas Nunes e de dividi-lo em três parágrafos.

4 comentários:

  1. Brasil, que os brasileiros não o conhecem.

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  2. Infelizmente, não se dá muita importância à cultura, mormente à literatura.

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  3. Grande crônica, está sobre o Sambaiba. Não ninguém a ele. Deixou um grande falta para nós todos, poeta do povo, sem papas na língua, declamava como ninguém seus poemas, fazendo vibrar o que comunicava.

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