Diego Mendes Sousa
Em um dia
qualquer de outubro de dois mil e vinte um, o escritor Benjamim Santos
entregou-me os originais de uma apostila encadernada em preto e branco,
intitulada O Piauí no folclore brasileiro.
Após
leitura acurada do seu conteúdo, indaguei-me como um material tão largo e
criativo sobre identidade e pertencimento permaneceu tanto tempo distante das
cabeceiras dos leitores.
Este
livro é por si só um acontecimento. Tudo o que se refere à cultura popular é
digno de um olhar atento, de imersão na dicção dos valores.
Quantas
lembranças, revivências e retratos da infância, sabores e mistérios encontramos
na sabedoria construída pelo povo!
Garanto
que o mergulho nas páginas desta obra, que sinaliza uma alta literatura, com
estudos de pessoas extraordinárias da sociologia piauiense como Maria da Penha
Fonte e Silva, Noé Mendes de Oliveira e Fontes Ibiapina fará o leitor adentrar
na simbologia dos folguedos, das danças, das lendas, das festas religiosas, das
crendices e das superstições que tão intensamente constituem a autenticidade da
própria vida e, sobretudo, o sentimento redivivo e evidenciado nas
experiências.
Considero
ser a ressurreição das cousas, um momento peculiar de linguagem. A magia das
tradições está encalhada nas cantigas que o público terá o prazer de revisitar
aqui.
O Piauí
no folclore brasileiro é na
verdade um trabalho acadêmico realizado por muitas mãos, com o rigor e a
seriedade de preciosas pesquisas.
O aparecimento deste livro é uma reserva da memória e uma
exaltação à cultura do Nordeste brasileiro oriunda do Piauí.
Coube-me
apenas a missão de transpor e elucidar um manancial histórico que estava
adormecido. Firmei o compromisso de devolver à sociedade um acervo literário
dessa importância.
Diz um
adágio dos costumes: É preciso assentar o juízo no fundo do caco e pensar no
que vai fazer.
Escolhi repaginar esta estória, em que toadas de bois, marujadas, reisados, pastoris, rodas de São Gonçalo, cavalo piancó, lezeira, quadrilhas e as demais evocações artísticas reaparecem para a alegria dos tempos, o novo tempo da beleza e do deslumbramento.
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