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Des. João Menezes, um simpático amigo
Elmar Carvalho
Após muitos anos de serviço público, ingressei na
magistratura em 20 de dezembro de 1997. Em julho de 1998, vim a conhecer o Des.
João Menezes mais de perto. Estava eu à porta de uma das casas da Colônia de
Férias, quando ele ia passando em direção à casa em que estava hospedado. Me cumprimentou, e entabulamos rápida
conversa. Diria que “nossos santos bateram”, como se costuma dizer. De
imediato, notei que ele era uma pessoa cordial, afável e muito simpática.
Nas oportunidades subsequentes em que nos encontrávamos
sempre lhe apreciava a mesma cordialidade e simpatia. Ficou sabendo que eu era
escritor e poeta, e parecia ter uma genuína alegria com as minhas eventuais
conquistas nessa seara. Diria mesmo que ele parecia ter certo orgulho disso.
Fiquei feliz quando ele tomou posse como presidente do Tribunal de Justiça do
Piauí, cargo que exerceu de 2002 até o dia 07 de novembro de 2003, quando se
aposentou, no dia em que completava 70 anos de vida.
Creio que no final de 2010, quando eu já havia alcançado mais
de 35 anos de serviço público, fui ao gabinete do Des. Edvaldo Moura, então
presidente do TJPI, para resolver assunto relacionado com meu pedido de “abono
permanência”; ali encontrei o Des. João Menezes, que me acolheu com a
cordialidade e simpatia de sempre. Nesse encontro, aconteceu um episódio
jocoso, diria mesmo anedótico, de que eu e ele fomos protagonistas. Para não
repetir o que já escrevi alhures, transcrevo o que consta em meu e-book Diário
Incontínuo, disponível no site da Amazon:
“Fui ao Tribunal de Justiça, na sexta-feira, tratar de vários
assuntos, um dos quais de meu interesse funcional. Ao entrar no gabinete da
presidência, além do presidente Edvaldo Moura, encontrei o des. João Menezes da
Silva, que também presidiu a corte de Justiça do Piauí. Trata-se de cidadão afável,
educado, e que sempre me foi muito simpático, desde o meu início na
magistratura.
Disse-lhe que estava requerendo meu abono previdenciário, em
virtude de minha permanência na atividade. Há vários meses completei tempo de
serviço e idade para aposentar-me, uma vez que comecei a trabalhar aos dezenove
anos, quando ingressei na ECT e posteriormente na extinta SUNAB, sem sofrer a
interrupção de um dia sequer, em minha prestação laboral.
O des. João Menezes, a sorrir com gosto, ao saber de minha
pretensão, e sabendo que também me dedico às letras e à cultura, indagou-me por
que eu desejava a gratificação, uma vez que eu, por ser poeta, deveria viver de
brisa e de coisas etéreas e espirituais, e não de bens financeiros e
econômicos. Respondi-lhe que o poeta poderia dispensar as coisas materiais, mas
que a sua família precisava de alimentos e outros bens concretos, inclusive
dinheiro. Por fim, expliquei ao bom magistrado João Menezes, que era o juiz que
sustentava o poeta, encarnado na mesma pessoa física, que sou eu mesmo.
Dizem que o intelectual Eduardo Prado, ao contemplar
verdejante campo, teria perguntado a sua mulher Alice, em criativo jogo de
palavras: “De que ali se vive?” Conta a lenda, que ela, imediatamente, teria
respondido com outro trocadilho em torno do nome do marido: “É do ar do prado”.
Não podendo eu, ao contrário de Alice, mesmo cultivando as coisas espirituais,
viver apenas de brisa, espero seja o meu abono deferido.”
Em 20 de dezembro de 2014 me aposentei, e no ano seguinte
publiquei o meu livro Confissões de um juiz, no qual, de forma resumida, narrei
o caso anedótico acima. Dei um exemplar ao caro amigo Des. João Menezes,
advertindo-o de que nele se encontrava o nosso episódio hilário. Algumas vezes,
recordávamos esse fato, e ele ria com muito gosto, e fazia comentários a
respeito, de forma sempre bem-humorada.
Algumas vezes, ele me contou fatos de sua vida de juiz. Por
essas histórias pude perceber que ele tinha uma inteligência emocional arguta e
uma sabedoria de vida apropriada para resolver as questões, que lhe eram
submetidas, sem necessidade de firulas da hermenêutica, de sibilinas doutrinas
ou de altas teses doutrinárias. Resolvia esses imbróglios com o seu bom-senso e
alto senso de justiça e de querer, realmente, fazer Justiça.
Agora, que meus pais se foram, que muitos de meus mais estimados amigos já estão partindo para o “outro lado do mistério”, começo a achar mais verde e mais bonita a outra margem do rio, e já começo a preparar o meu óbolo para o velho barqueiro Caronte. E os encontrarei numa das moradas do Pai, de que nos falou Jesus.
João.menezes foi exemplo
ResponderExcluirBelíssimo crônica. Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado.
ExcluirBelíssima crônica 👏👏👏👏
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