ETERNO RETORNO
Elmar Carvalho
memória:
lâmina de desassossego
cornucópia insana
insaciável
a jorrar o passado
que não morre nunca
sempre ressuscitado
no eterno regresso
a nós mesmos.
ó emoções redivivas
e ampliadas
das sensações
de nervos expostos
nas carnes pulsantes
de um passado
sempre lembrado.
recordações
que dão e são vida
de becos escuros, sem saída
de amores
hoje boleros
bolores em
flores
de ilusões perdidas
que se fazem dores
na florida ferida da
saudade.
evocações
de dribles esquecidos
de gols frustrados e
acontecidos
de um jogo que nunca
termina
de uma malsinada sina
sinuosa
de lágrimas caudalosas
incontidas, vertidas
das vertentes profundas
do peito – porto
sem tino e sem destino
feito somente de desatino.
as mulheres amadas
na juventude fugaz
não envelhecem
não se corrompem
não morrem jamais
preservadas intactas e
belas
na câmara ardente
incandescente da memória.
recordações de fantasmas
que já nos abandonaram
de amigos mortos
que nos acompanham
cada vez mais vivos
de sustos e gritos
de proscritos e malditos
de agouros e assombrações
de desdouros e sombras vãs,
malsãs,
oriundos dos porões
escavados
nos subterrâneos dos
sobrados
subterfúgios e refúgios
da memória.
O passado poderoso e
renitente
retorna e continua vívido e
presente
se contorcendo se
retorcendo
e se reacontecendo.
Verdade nua e crua. Ótima reflexâo.
ResponderExcluirLindo poema! Sempre surpreendendo com seus poemas “das antigas”!
ResponderExcluirMuito obrigado pelos comentários, estimados amigos Francisco Almeida e Édison Rogério.
ResponderExcluirMuito bom Elmar, sobre a sutileza do escrito sobre um dos grandes problemas da Humanidade: o passado.
ResponderExcluirContudo, o comandante Alzheimer pode bater à nossa porta e acabar com tudo.
ResponderExcluir