Cunha
e Silva Filho
Caro
leitor, não estranhe o título deste artigo vindo entre aspas. É
que o tirei de uma reportagem do jornal O Globo a propósito
do que está ocorrendo no Estado de Santa Catarina. É
preciso ter em conta o fato de que os atentados contra ônibus e
lugares públicos, inclusive contra policiais e parentes
destes configuram uma situação ímpar para a qual a presença do
governo estadual contribuiu de forma errada, protelada e
incompetente.
Por outro lado, se o governador daquele estado ainda demorou na sua decisão de convocar, através do Ministério da Justiça, um contingente da Força Nacional, ele só fez agravar o problema e dar exemplo de inoperância. Nenhum governador pode vacilar em decisões que afetam a segurança da sociedade e o respeito que esta deve ter pelas autoridades competentes. Respeito não por mera subserviência ao Governador de Santa Catarina, mas respeito oriundo do espírito de liderança e de confiabilidade que um governador possa inspirar ao cidadão. Felizmente, a Força Nacional foi aceita para auxiliar em parte algumas operações co-adjuvantes ao Comando da Polícia Militar de Santa Catarina.
Por outro lado, se o governador daquele estado ainda demorou na sua decisão de convocar, através do Ministério da Justiça, um contingente da Força Nacional, ele só fez agravar o problema e dar exemplo de inoperância. Nenhum governador pode vacilar em decisões que afetam a segurança da sociedade e o respeito que esta deve ter pelas autoridades competentes. Respeito não por mera subserviência ao Governador de Santa Catarina, mas respeito oriundo do espírito de liderança e de confiabilidade que um governador possa inspirar ao cidadão. Felizmente, a Força Nacional foi aceita para auxiliar em parte algumas operações co-adjuvantes ao Comando da Polícia Militar de Santa Catarina.
Santa
Catarina e seu interior não merecem o que estão passando
ante esta escalada de violência – que já se tornou um problema
de âmbito nacional. Aqui cabe fazer-se um parêntese mais
do que necessário: o governo federal parece que não se deu conta
ainda de quão séria é a virulência desse mal.
Não
é possível que a Presidente Dilma Rousseff ande repetindo a versão
feminina do “rei nu” do conto de Anderson. Os meios de
comunicação do país põem a violência em todas as suas
formas como um do nossos problemas mais
recorrentes. É difícil dizer qual mazela é a pior: a corrupção
na política, a falência do sistema de saúde ou a selvageria das
ações de criminosos. Creio que a violência seja a pior,
porque já tem traços de terrorismo, de máfias que dominam redutos,
pedaços, espaços de nossas cidades e de nosso interior. Alguém já
afirmou que a criminalidade pode se alastrar pelos quatro cantos do
país, o que seria um desastre para o Brasil e um péssimo exemplo
para o mundo.
O
descontrole da violência coloca em xeque a capacidade de governança
do Estado brasileiro. Em outras palavras, quando facções criminosas
detêm considerável poder de fogo e de destruição, é porque as
autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estão
deixando muito a desejar e com repercussão negativa junto
da sociedade, que não parece acreditar mais na máquina
do Estado.
Ora,
essa realidade nos dá a sensação de que o
brasileiro perdeu a esperança de melhoria no campo da criminalidade.
Sentimo-nos reféns como cidadãos que pagam impostos e elegem
candidatos a cargos nos poderes legislativos e executivos.
Alguém pode se considerar seguro neste país quando está no seu
carro e, de repente, vêm indivíduos que o assaltam, tomam-lhe um
bem e, muitas vezes, lhe tiram a vida estupidamente. O que é mais
terrível, o marginal ou marginais escapam ilesos ou, se são presos,
logo lhe arranjam uma forma de sair em liberdade para
praticar novos crimes.
Os
nossos governantes, em geral, fazem administrações improvisadas,
escolhem mal seus secretários e auxiliares, nos vários
setores, apenas por indicação político-partidárias,
sem levar em conta o fator determinante, que é a competência para
exercer determinada função pública. Daí se verem tantos
descompassos e protelações quando ao governo cabe sem delongas
equacionar problemas e propor estratégias pautadas
no conhecimento e habilidade técnicas ou intelectuais da
equipe do governo que se instala no poder.
No
exemplo da calamidade que atravessa Santa Catarina, por
que o governador não exerceu as prerrogativas de seu mandato para
atacar as causas dos 101 ataques de quadrilhas encasteladas nos
presídios do estado e de lá determinando que bandidos fora
das prisões armassem ataques contra a população
na capital e em cidades do interior? Ora, leitor, se as
ordens de ações ilícitas vêm do interior das prisões
é em razão de nestes recintos existirem meios
de comunicação com a marginalidade das quadrilhas que estão soltas
e pondo em risco a vida do cidadão brasileiro. Isso
é de extrema gravidade e coloca todas as instâncias dos poderes
constituídos em situação constrangedora para dizer o mínimo.
Então,
facínoras dispõem de instrumentos de transmissão de mensagens nos
próprios cárceres? Que fiscalização é
esta, falha, incompetente ou conivente com prisioneiros de
alta periculosidade? Alguma coisa anda errada nestes
locais de isolamento.
O
governo federal, a quem cabe o papel de dar segurança à
Nação, não vem desempenhando bem a sua função. Temos vários
órgãos federais, temos as Forças Armadas, temos a máquina do
poder judiciário, temos armas e poder de enfrentamentos,
temos logística, temos setores da polícia bem preparados e, ao
cabo, não conseguimos resolver e minar drasticamente as
facções criminosas, as máfias brasileiras, os traficantes de
armas e de drogas levando jovens e adultos à miséria física,
psicológica e moral.
Não
consigo atinar com a ideia de que nosso país dá certo em alguns
setores e erra desastradamente nas áreas nas quais mais se
exige a presença de um Presidente da República que se dedique a
procurar debelar o terrorismo que se instalou na vida
urbana e no interior. Há quem já falou de ações criminosas
no interior do Nordeste chamadas de “novo cangaço”, ou seja,
quadrilhas que aterrorizam as cidades pequenas, explodem caixas
eletrônicas, cofres das agências bancárias e fogem sem serem
molestadas pelas forças policiais. Até parece que a polícia as
teme, o que é uma flagrante contradição entre Lei e ações
delituosas.
O
país está aí, com a sua população indignada contra a
incompetência das autoridades nos níveis federal, estadual e
municipal. Estão aí nas cidades e nos campos os
assaltos, os homicídios, os desmandos da marginalidade, com
prejuízos causados ao comércio, à economia sem que a vontade
política seja posta em ações efetivas e conducentes a uma vida
melhor e tranquila que todos os brasileiros desejam e esperam
das autoridades.
O
povo está cansado de esperar por essas soluções. Se o
governo federal não agir com competência e espírito público, sem
tergiversações nem discursos meramente retóricos, o
crime tenderá a se propagar com o seu rastilho de pólvora, matando,
assaltando, queimando ônibus, carros de polícia, carros
particulares, traficando armas e drogas e se constituindo em forças
assassinas, poderosas e capazes de pôr o país numa enrascada
sem precedente e sem volta. Não queremos para a nossa
pátria os tempos das máfias italianas ou
americanas. O povo sofrido do país não merece tantos
retrocessos acarretados pelo crime, impunidade, derrocada de nossos
sistema de saúde, de nossa educação pública ainda de baixa
qualidade e de nosso transporte de massa também ainda tão precário.
Esta, leitor, é ainda a imagem real de nosso país, infelizmente.
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