Foto ilustrativa. Lago Verde, Paragominas-PA. |
IDEALIZANDO UM ESPAÇO PARA O LAZER DOS PRESIDUTRENSES
José Pedro Araújo
Romancista, contista e cronista
Quando criança sentia uma enorme
falta de um local permanente onde pudesse dar vazão a minha grande necessidade
de brincar. Então, não havia um parque infantil na cidade de Presidente Dutra,
por mais diminuto que fosse. As verbas
públicas minguadas não permitiam tamanho investimento, diziam-se. E como não
possuímos um rio perene, tínhamos que aguardar o período das águas altas para
uns providenciais mergulhos no riacho Firmino ou no rio Preguiça, cursos de
água semi-perenes que se mantinham todo o restante do ano restritos a pequenas
poças individuais e paradas, o que não significava a mesma coisa, pois
precisávamos de algo que extravasem fronteiras tais quais as nossas
imaginações. Nesses períodos de estiagens tínhamos que nos contentarmos com as
peladas disputadas nos terrenos baldios espalhados pela cidade, ou mesmo em
empinar pipas, preenchendo com suas múltiplas cores o vazio do céu curadoense.
Depois veio a mocidade e com ela
a necessidade de encontrarmos parceiras para tratarmos de coisas relacionadas
ao coração. Faltava-nos uma praça, porém, onde as meninas, com as mesmas ânsias
que nós, desfilassem objetivando distribuírem charme e beleza para uma plateia
sequiosa para apreciá-las. Isso faz parte das necessidades humanas: existe
sempre alguém que deseja se mostrar; enquanto outros desejam apreciar,
deliciar-se, extasiar-se com a visão do que é belo. Essa praça veio muito mais
tarde, quando já não estávamos mais por ali. E hoje, observo triste que os
tempos são outros, quase ninguém transita por esses logradouros quando vem a
noite.
Mas a cidade continua
necessitando de um espaço público onde crianças e adultos possam se exercitar,
divertirem-se. Um parque, por exemplo, com pistas de caminhadas, laguinho no
centro, bancos em redor e muita sombra para desfrutarmos nas nossas horas
ociosas. Lá poderia ter alguns campos de futebol, quadras poliesportivas,
parques infantis e um espaço para exposições artísticas, além de pequenos quiosques para lanchonetes, e uma construção
maior para um restaurante. Pensei até mesmo no local. A lagoa do Curador.
Superaríamos a necessidade de um espaço público que engrandecesse a cidade, e
ainda salvaríamos, de quebra, o lugar onde tudo começou.
Como angariar recursos para isso,
poderia nos perguntar alguém com os olhos voltados para o apertado orçamento
municipal. E eu responderia sem titubear. Lançando mão de uma ideia muito em
voga por estes dias: as parcerias público-privadas. Aliás, isso tem feito com
que muitos governantes se vejam livres do cinto apertado que tolhe os
movimentos de quase todos eles,impedindo-os de alçarem voos mais altos.
Sem nenhum interesse que não seja
o de contribuir com alguma ideia para o desenvolvimento da cidade, diria que o
administrador municipal poderia fazer como fez o prefeito Juscelino Kubitschek
quando criou o parque da Pampulha em Belo Horizonte. Pensando em uma área de lazer para os
habitantes da cidade pequena, mas em rápido crescimento, criou um lugar de lazer
para o belo-horizontino, mas também um novo e encantador bairro para a
população mais abastada. A cidade tinha na época pouco mais de duzentos mil
habitantes quando a ideia surgiu. Ele, por sua vez, não tinha nenhum recurso
nos cofres do município para bancar a sua ideia. Foi então que pensou em buscar
o apoio da iniciativa privada.
As terras que circundam a Lagoa
do Curador pertencem a particulares, bem sei. Presidente Dutra, por sua vez,
não é nenhuma Belo Horizonte, sei disso também. Daí a necessidade de se buscar
a cooperação dos donos desses terrenos. E tenho a impressão que eles veriam com
bons olhos a possibilidade de se construir um parque temático no entorno
daquela lagoa. Salvar-se-ia aquele espaço histórico do seu desaparecimento
iminente e, ao mesmo tempo, isso valorizaria, sobremaneira, os terrenos em
derredor. Com um planejamento bem detalhado e aprovado pelo próprio município,
dentro de uma proposta maior, loteamentos com toda a infraestrutura necessária
seriam realizados no entorno do parque, criando-se um bairro novo a poucos
passos do centro da cidade. Ao município caberia a fração do terreno que a lei
obriga que seja destinado para obras públicas. Sem se falar que o espaço da
lagoa e o seu entorno, são Áreas de Proteção Permanente, não sendo permitida
aos donos dos imóveis qualquer alteração na sua feição. Portanto, nenhum
prejuízo adviria dai para eles. No entorno da lagoa, diques de proteção seriam
construídos para represar e elevar o nível das águas, e sobre eles seriam
assentados os passeios e as pistas de caminhada. Esses recursos poderiam advir do orçamento da
própria União, por meio de emendas parlamentar. A cidade ganharia outra cara,
mais moderna, e seus moradores um espaço de lazer sem igual na região.
Destinaria mais qualidade de vida para seus residentes. E ainda cometeria um
belo e histórico gesto. Sonhar não custa nada, não é mesmo?
Fonte: blogue Folhas Avulsas
Obrigado, meu caro amigo. O velho Curador sempre tratado com carinho por esse blog que é um das maiores referências no meio cultural piauiense. Forte abraço!
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