Fonte: Google |
Os (A)normais (*)
Hardi Filho (1934 - 2015)
Os poetas têm
a cara suja de sonho,
um ar absorto
e olhar de quem ama.
Os poetas têm
uma aparência imbecil
que incomoda os normais
do tempo e da moda.
Os poetas incomodam
os normais
que fazem as guerras
fria e quente;
os normais
que explodem o povo
descaradamente;
os normais
que sugam e massacram
as massas torpemente;
os normais
que usurpam o poder,
torturam e matam
corpo e mente.
Por tudo isso os (a)normais
do tempo e da moda
abominam
e temem os poetas:
essa constante ameaça de amor.
Brasil – 1979
Fonte: Teoria do Simples –
Projeto Petrônio Portella - 1986
(*) Em minha crônica memorislística Tempos Republicanos, conto o seguinte sobre esse belo poema de meu saudoso amigo Francisco Hardi Filho:
Era um casarão antigo, meio fantasmagórico, onde antigo
morador, um engenheiro, havia suicidado. Numa das portas, fora escrito um belo,
porém elegíaco, melancólico poema da autoria de meu amigo Hardi Filho, em que a
tinta parecia escorrer, como gotas de sangue. Nesse vetusto solar, de história
trágica, escrevi o meu poema A Casa no Tempo, infestada de esgarçantes
rasga-mortalhas, de esvoaçantes e lúgubres morcegos, de almas penadas, de
correntes arrastadas, de gemidos e ruídos misteriosos.
Nessa casa, hoje demolida, a república foi extinta, em virtude de casórios e do retorno do Nadal ao Paraná, sua terra natal. Mas, em minha saudade, a casa com a república, como digo no meu poema, “... sempre persistirá / nas músicas passionais de algum boteco / criando ressonâncias que repercutem / insistentemente como eco”.
👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito obrigado.
ResponderExcluirParabéns 👏👏👏
ResponderExcluirMuito bom, um e o outro
ResponderExcluirObrigado, amigo Monte Filho.
ResponderExcluirOh! Poeta, isso sim, é Perfeição!
ResponderExcluirAgradeço por sempre lembrar de mim, Dr. Elmar! (Cláudia Simone)
ExcluirObrigado por sua visita ao nosso blog, amiga.
ResponderExcluir