Cidade de Alto Longá |
Duas homenagens a José Marques da Costa
Meu saudoso pai(José Marques da
Costa) irmão da ex-funcionário dos Correios e Telégrafos de Campo Maior Julita
Marques da Costa(in memoriam), será homenageado em Teresina dia 31 de agosto de
2016
O mesmo estará dando nome a uma
rua provavelmente no
as imediações do Zoobotânico
José Marques foi vaqueiro dos
bons, administrador das fazendas de Juca de Castro(Altos e Alto Longa),
Vereador por Alto Longá (1958-1962), proprietário rural, empresário no ramo de
empresa de Ônibus, Comerciante em Alto Longa e Teresina, foi proprietário de
uma vacaria na Catarina(Teresina ainda
pequena) e foi o grande responsável pelo desenvolvimento e criação da feira aos sábados em Altos,
quando ele em uma Camioneta Willis Drive(adquirida na Casa Inglesa em 1959)
transportava ás sexta-feira, tarde e noite as mercadorias e animais para serem
comercializadas(inicialmente muito pequena e depois transformou-se em
gigantesca feira livre).
Papai fabricava rapadura e
cachaça(Engenho secular da fazenda Bonsucesso-Altos atualmente Pau Dárco do
Piauí e aos domingos fazia a entrega dos referidos produtos aos comerciantes ao longo da estrada Altos
-Teresina, dentre eles: Mucuim, Moraes e em Teresina, Flor, Agostinho Nogueira
Lima etc.
Itamar Abreu Costa
Cardiologista e escritor
UM LEGADO DE DIGNIDADE E HONRADEZ
DEIXADO A SEUS DESCENDENTES
Hoje volto minhas atenções para a
trajetória de vida luminar percorrida por um cidadão de bem, que durante oito
décadas, descreveu uma história digna das mais nobres referências que se possa
estabelecer. É piauiense e meu inestimável conterrâneo, do qual sinto orgulho
de citar. Seu nome é JOSÉ MARQUES DA COSTA, nascido a 02 de fevereiro de 1932
do século passado, na Fazenda Cajueiro, município de Alto Longá – Piauí. É
filho do casal Agustinho Marques da Costa e Ernestina Marques de Araújo,
família tradicional de minha terra. Aos 11 anos foi estudar em Teresina, a
capital, a convite de parentes e amigos da família, época de forte apreensão
para os brasileiros. O ano era de 1943, de muita tensão nervosa, pelo conflito
da II Guerra mundial que estava começando. José Marques foi matriculado no
Colégio Diocesano, um dos mais conceituados da época. Eram seus colegas de
jornada estudantil Paulo Marques, Francisco Marques, Geraldo Marques, Carlos
Said, Itamar Caldas e outros, todos oriundos da elite piauiense. José Marques
não arredava sua mente e a grande saudade que sentia das Fazendas Pequizeiro,
Pernambuquinho, Invejada, Garcinha, Bonsucesso e outras administradas pelo seu
pai Agustinho Marques. E isso se constituía numa tortura diária, pelo cheiro
cativante que sentia da terra molhada pelo orvalho da manhã e o aroma do campo
exalado pelas rosas, jasmim, alecrim e patchouli.
Certo dia não suportando a
pressão da saudade, simulou um argumento de ter sido informado que sua mãe
Ernestina estava doente e carecendo de sua ajuda. O casal da casa a que era
hóspede, sensibilizados, liberaram o jovem José, no compromisso de ele voltar
aos estudos tão logo sua genitora melhorasse da saúde. Ao chegar à fazenda, os pais
ficaram apreensivos com a sua chegada súbita, gerando um misto de alegria e
tristeza pela saudade que sentiam do jovem. Fizeram preleções de praxe e
acataram a decisão do filho. A vida de José Marques era voltada para o campo,
seu mundo predileto e, apesar da idade, começaram a fluir idéias verdejantes de
um trabalho fecundo voltado para o que gostava e que era seu único sonho. Tinha
15 anos de idade, de cor branca, forte, aparência saudável e uma disposição
ferrenha impressionante. Nesse ínterim recebeu de Noé Fortes uma proposta de
reunir o gado que acabara de comprar, espalhado por diferentes regiões, no que
acatou de imediato e foi de sucesso o seu labor, conquistando a confiança do
Empresário.
José Marques com sua aparência
bonita lhe facultou conquistar o coração de muitas jovens daquela época.
Namorava uma linda morena de nome Antônia, que residia nas proximidades da
residência dos avôs materno Antônio Rodrigues e Joana, na agradável fazenda
Cruzeiro, município de Altos, separada da Garcinha, onde morava os pais, pelo
legendário Rio Gameleira. Nas férias, Francisca, que estudava e trabalhava em
Teresina, se encontrou com José Marques e como num conto de fada, se
apaixonaram, iniciando daí um forte namoro, com o casamento que foi realizado
em 1949, ele com 17 anos de idade, apenas. Um casório que uniu famílias
importantes, de Altos (Cruzeiro) e Alto Longá (Garcinha). Agustinho Marques e
Ernestina ficaram felizes com o matrimonio. Agustinho era um homem alto, forte,
um vaqueiro-lutador, guerreiro destemido, que administrou com proeminência as
propriedades dos irmãos João de Castro Lima (Juca Feitosa) e Laurindo de Castro
Lima. O seu trabalho ficou reconhecido por toda região. Ernestina era uma
mulher de personalidade forte, exímia comerciante, que comprava pele de
animais, cera de carnaúba, tucum e coco babaçu. Em 26 de dezembro de 1950, do
casal José Marques e Francisca nasceu o filho primogênito, que recebeu o nome
de José Itamar Abreu Costa e veio residir em Alto Longá. Francisca auxiliava no
comércio de Adonias Bezerra Lima. José Marques passou a trabalhar como
comerciante. Tinha uma mercearia no Mercado Público da cidade e um Quiosque em
frente ao mesmo e por trás da Igreja Matriz de N.S. dos Humildes. Uma vacaria e
a cria de gado leiteiro no Sítio Crioly. Sua residência inicial foi no bairro
da Piçarra, em frente à residência do casal Manoel Dengoso e Maria Dengosa,
exímia especialista na confecção do bolo frito, de agrado geral da comunidade.
E sinto saudade daquele bolinho tão gostoso! O visinho de lado era D. Lousa e
João Sabino. Posteriormente mudou-se para o centro passando a residir numa casa
ampla, que pertencia ao pai Agustinho Marques. Ali nasceram Francyslene e os
gêmeos Ismar e João de Deus. José Marques passou a trabalhar na Coletoria do Município,
em virtude da amizade que nutria com a família Cabral (ex-prefeitos Antonio
Cabral e Pitosa). Em 1954 comprou um imóvel do Tabelião Público Temístocles de
Area Mattos e sua esposa Professora Geralda Mattos, minha inestimável
Professora de saudosa memória.
José Marques era de uma
versatilidade invejável, competente, meticuloso, audacioso e organizado. Sempre
sonhava com coisas grandes. Não se acomodava com as conquistas já realizadas.
Em 1957 foi designado por Agustinho Marques para residir na Fazenda Bonsucesso,
no município de Altos e administrar mais de cinco mil hectares de terra que
pertencia à viúva de Juca Feitosa, Senhora Dorinha, que residia em Belo
Horizonte. Foi um desafio para a família. A esposa Francisca e os filhos do
casal. Após a mudança, Itamar passou a estudar na Escola Reunida Basílio de
Abreu Sepúlveda (seu bisavô) no Cruzeiro, recebendo a orientação de Tia Marica
e Doquinha. Bonsucesso era uma fazenda bonita. Em frente à casa grande um
belíssimo pátio e logo após, a visão do alto da casa do engenho, que mostrava
um amplo canavial, onde era feita a rapadura e a cachaça de alambique. O
extrativismo era pujante da cera de carnaúba e do tucum. Havia criação de gado,
ovelhas, porcos e bodes. Em 1958 Itamar foi estudar em Beneditinos, na casa dos
tios Adaildo e Nazareth, irmã de José Marques. Pelo Banco do Brasil em Campo
Maior, José Marques comprou uma camionete Willy. As propriedades eram rendosas
e isso facultava o crescimento do jovem administrador. Em 1958, por sugestão do
pai, José Marques foi eleito vereador pelo município, mandato de 4 anos. Em
1959, Itamar foi estudar em Teresina na casa de sua tia Julita.
José Marques era criativo,
comerciante nato e com o desejo frenético de prosperar sempre. Em 1962, foi
candidato a reeleição não obtendo sucesso, por não possuir nenhuma vocação
política. Comprou uma casa em Teresina à Rua Primeiro de Maio esquina com a
Taumaturgo de Azevedo e um terreno ao lado da Rua Primeiro de Maio. Mudou-se
com a família para a capital. Já em Teresina montou uma vacaria no local Portal
de Catarina, sendo gerenciado por Manuel “Pé de Estrondo.” José Marques, um
lídimo empreendedor, junto com Noé Fortes e Raimundo Vasconcelos, fez a Senhora
Dorinha uma proposta de compra das propriedades administradas por ele. O
negócio foi realizado e ao cabo de cinco anos todas as terras haviam sido
pagas. Em 1982 José Marques dividiu com os quatro filhos parte das terras,
cabendo a cada um 450 hectares, estimulando-os a trabalharem nas mesmas. A
Fazenda Alto do Maceió vendeu ao médico Hugo Prado que, posteriormente
transferiu para o Exército, onde hoje é um Stand de Tiro, dando uma certa
proteção aos vizinhos (assistência médico-odontológico).
José Marques da Costa tem uma
trajetória de vida louvável. Com a esposa Francisca o casal criou os quatro
filhos, dando aos mesmos uma boa educação. O primogênito formou-se em Medicina.
Hoje é proprietário do Instituto do Coração, em Teresina, um Órgão Hospitalar
que desfruta do melhor conceito pelo padrão de qualidade que ostenta administrado
condignamente com a esposa, Dra Edilane, minha sobrinha, dando ao ITACOR uma
excelência de organização reconhecida pela comunidade. Edilane é exigente,
organizada, metódica e perfeccionista, daí a razão de sua desenvoltura. A filha
de José Marques, Francyslene, é Professora na Universidade Federal do Piauí. Os
gêmeos Ismar e João de Deus têm curso superior e hoje são funcionários do Banco
do Brasil.
Na década de quarenta e cinqüenta
Alto Longá era uma cidade carente de tudo. Não tinha estrada, sem energia
elétrica, sem saneamento básico. Faltava praticamente tudo. O transporte em
uso, naquela época, era através de animais de raça, o cavalo alazão, a burra
formosa, que eram vistos pelas ruas da cidade com freqüência. Os ciganos, vez
por outra, passavam pela terra e traziam lindos animais, que negociavam com os
habitantes da cidade. Cícero era o líder dos ciganos. Alto, de boa aparência e
ostentava jóias de ouro pelo corpo, inclusive os dentes mostrados quando
sorria. Era gentil, simpático e habilidoso e negociava seus animais com certa
facilidade. José Marques quando passava montado em sua burra faceira e bem
equipado atraía a atenção dos que estavam em sua volta. José Marques continuou
sua trajetória de um trabalho incansável, administrando seus bens, residindo em
Altos, até completar 75 anos, quando começou a sofrer um trauma psicológico
mostrando sinais de senilidade precoce. Em decorrência desse fato, foi morar em
Teresina sob os cuidados da filha Francyslene. Quando a saúde foi se agravando,
foi montado para ele um apartamento cedido por dona Luiza, pessoa íntima da
família, no conjunto residencial João Emílio Falcão, sendo-lhe dado todo apoio
e os cuidados médicos de que se fazia mister.
No dia 27 de setembro de 2013
José Marques da Costa faleceu aos 81 anos de idade, deixando em todos o marco
da grande saudade, pelo homem de conduta ilibada que foi, bom filho, bom pai,
bom esposo, bom amigo e excelente administrador, que tratava a todos com
humildade e urbanidade. Como uma justa homenagem o Auditório Cultural do
Hospital ITACOR recebeu a denominação de Patrono José Marques da Costa, cuja
memória será lembrada para sempre pelos seus pósteros. A FALRES, através de seu
Presidente José Alves Fortes Filho e o colegiado da Academia, fizeram-lhe
significativa homenagem admitindo-o como Patrono da Cadeira 56, que será
doravante ocupada pela filha Francyslene Abreu Costa Magalhães, uma merecida,
justa e digna homenagem a um homem do campo, cujo labor será lembrado
eternamente por todos. Disse Bob Marley que a saudade é um sentimento, que
quando não cabe no coração, escorre pelos olhos. Da eternidade José Marques da
Costa poderá contemplar a beleza imensurável da obra que edificou, para a
felicidade, alegria e grandeza de nossa gente. As coisas acontecem na hora
certa. Exatamente quando devem acontecer! Momentos felizes louvem a Deus.
Momentos difíceis busquem a Deus. Momentos silenciosos adorem a Deus. Momentos
dolorosos confiem em Deus. Cada momento agradeça a Deus. “Disse-lhe Jesus: Eu
sou a ressurreição e vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.”
(João 11.25).
Boa Vista – Roraima, 25 de
Novembro de 2014.
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FRANCISCO DE ASSIS CAMPOS SARAIVA
Conterrâneo de José Marques da
Costa
e Grande admirador de sua obra
Elmar, obrigado pela publicação destes textos em homenagem ao meu pai. Espero que os que lerem guardem no fundo do coração uma lembrança e tomem conhecimento da trajetória de vida de uma verdadeiro vencedor!
ResponderExcluirUm abraço dos filhos:Itamar, Francyslene, Ismar E João de Deus.