quarta-feira, 27 de novembro de 2019

POSSE DE VALDECI CAVALCANTE NA APL

Membros da Academia Piauiense de Letras, vendo-se, na primeira fila, da esquerda para a direita: Homero Castelo Branco, Celso Barros Coelho, Antônio Fonseca Neto, Nerina Castelo Branco, Fides Angélica, Valdeci Cavalcante, Oton Lustosa, Nildomar da Silveira Soares, Francisco Miguel de Moura e Hugo Napoleão; na segunda fila, no mesmo sentido: Felipe Mendes, Cid de Castro Dias, Dílson Lages Monteiro, Humberto Guimarães, Elmar Carvalho, Plínio Macedo, Reginaldo Miranda, Itamar Abreu Costa e Nelson Nery Costa. Fonte: Blog do Professor Gallas.
Comitiva de parnaibanos, natos e honorários, e de membros da Academia Parnaibana de Letras.


Em solenidade prestigiada por personalidades da sociedade,  da cultura e da política piauenses,  tomou posse  na noite de quinta-feira (21) como membro da Academia Piauiense de Letras (APL) o  empresário e escritor parnaibano  Valdeci Cavalcante.

O evento  presidido pelo advogado  Nelson Nery Costa, atual presidente da instituição, aconteceu no auditório do Tribunal de Justiça do Estado e seguiu o ritual  praxe nas solenidades de posse das academias de letras.

Após o Hino do Piauí interpretado na belíssima voz de Soraya Castelo Branco deu-se início à solenidade de posse com a formação da mesa de honra composta por acadêmicos e autoridades de um modo geral,  entre os quais,  políticos como o senador Elmano Ferrer, o ex-governador Hugo Napoleão,  o prefeito de Parnaíba, Mão Santa, os deputados federais Júlio César e Flávio Nogueira, além do ex-governador Freitas Neto atual presidente do SEBRAE - PI.

 Conduzido por uma comissão composta por três acadêmicos, o recipiendário Valdeci Cavalcante fez seu discurso de posse exaltando o papel das academias de letras desde o início com base na Academia Francesa de Letras fundada por Richelieu em 1635, sob o reinado de Luís XIII de França,  sendo uma  mais antigas instituições no gênero. Em seu discurso falou também da sua satisfação em pertencer à Academia Piauiense de Letras e do seu gosto pelas letras ao escrever livros e artigos para jornais.

Em seguida o discurso de saudação ao novo acadêmico foi  feito pelo ex-governador Hugo Napoleão que destacou as qualidades deste novo imortal.

 Valdeci assumiu a Cadeira nº 17, que tem como Patrono Raimundo de Arêa Leão e  como último ocupante João Paulo dos Reis Velloso que também é parnaibano.

Além da Academia Piauiense de Letras, Valdeci  também  é membro da Academia Maçônica de Letras do Piauí e das Academias de Letras de Campo Maior, de Parnaíba e de Sete Cidades.

 Muitos parnaibanos,  dentre os quais os  membros da Academia Parnaibana de Letras - APAL,  tais como presidente José Luiz de Carvalho, o secretário geral Antonio Gallas, o representante da APAL  em Teresina  poeta e contista Altevir Esteves, a diretora de cerimonial, escritora Dilma Pontes, Breno Pontes de Brito,  o poeta e romancista Elmar Carvalho, professora Yeda de Moraes Souza Machado, professor Francisco Filho  e Francisco de Assis de Moraes Souza, prefeito de Parnaíba, foram levar o seu abraço de amizade a   Valdeci  Cavalcante, que  também é membro dessa academia parnaibana, e parabenizá-lo por mais esta conquista em sua vida.

Com a posse de Valdeci Cavalcante na vaga de Reis Velloso,  a cidade da Parnaíba   continua com três (03) membros naquele sodalício. Os outros dois são o escritor Assis Brasil e o poeta Alcenor Candeira Filho,  porém, é  oportuno salientar que, outro parnaibano ilustre, o eloquente orador Monsenhor Antonio Sampaio também pertenceu a Academia Piauiense de Letras ocupando a cadeira de nº 10, hoje ocupada pelo poeta e escritor Elmar Carvalho, que embora não sendo parnaibano de nascimento,  o é de coração,  e também por merecimento,  pois em  23 de março de 2006,  recebeu solenemente,  da Câmara Municipal de Parnaíba, a mais importante outorga do legislativo municipal  paranaibano, ou seja, o Título de Cidadão  Parnaibano.

Após finda a sessão solene de posse,  foi servido um farto coquetel aos convidados enquanto Valdeci recebia os cumprimentos e autografava livros de sua autoria.

A posse de Valdeci Cavalcante na Academia Piauiense de Letras é mais uma prova do destaque e da competência do povo desta cidade chamada de  Parnaíba  e que teve o orgulho de ver nascer o iniciador da literatura piauiense,  Ovídio Saraiva,  e de  ser  a terra berço de  escritores famosos e inteligentes como Assis Brasil, Alberto Silva, Reis Velloso  e muitos outros.


Fonte: Blog do Professor Gallas.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

2º Salão do Livro de Amarante (Saliamar)



Acontecerá nos dias 28, 29 e 30 de novembro o 2º Salão do Livro de Amarante (Saliamar). Trata-se de mais uma realização da Prefeitura de Amarante, por meio da Secretaria Municipal de Educação. O Salão terá vasta programação, e tem como um dos objetivos valorizar escritores amarantinos, destacando as suas obras mais importantes.

No dia 28, às 14:30 horas os escritores Reginaldo Miranda e Elmar Carvalho, membros da Academia Piauiense de Letras, participarão de um debate em torno do tema “O desenvolvimento da Literatura Piauiense no processo de formação de leitores, com foco nos escritores amarantinos: Da Costa e Silva, Nasi Castro, Clóvis Moura e Cunha e Silva.

O Saliamar foi criado na gestão do prefeito Diego Teixeira.

Fonte: Portal Fala Nordeste

domingo, 24 de novembro de 2019

DALILÍADA

Fonte: Google
Fonte: Google



DALILÍADA
(poema épico inspirado na vida e na obra de Dalí)

Elmar Carvalho

          I

Com seu recurvo bigode surreal
       – chifre e aguilhão –
Dalí touro e toureiro
toureia consigo mesmo.
Dali                Daqui                 Dacolá
Daquém                                    Dalém
de toda p’arte
de toda arte’manha manhosa
de toda ante-manhã maviosa
onde arde uma tarde
dentro da noite/dia surreal
que não é feita de preto e branco
mas de cores (b)errantes
e nunca de pusilânimes
                     cores cambiantes.

           II

Ó mulher amada
de tristes olhos perdidos parados
que o rito de tua gênese divina sublima
de busto transparentemente dissolvido
na neblina de agreste solidão
que toma a forma de teus seios
de teus seios que tomo em minhas mãos
de teus seios que são laranjas e maçãs.
E teus seios se fazem vales
pelas vertentes das nádegas.  

           III

No “Canibalismo dos Objetos”
degluti o teu sapato
como se fora teu pé.

           IV

A cúpula recôncava
se transmuda em cabeça
de mulher picassiana
e a paranóia continua
noutra cabeça deitada.   

(Continua na próxima postagem)

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A Zona Planetária - Plutão

Fonte: Google


PLUTÃO

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de seu planeta correspondente, entre os quais Saturno e seus anéis. Esta é a última das dez unidades desse relativamente longo poema. 

Nas densas e tenebrosas trevas
do Inferno, vasto reinado de Plutão,
vagam as negras águas do Estige,
em cujas margens os deuses
proferem seus espantosos juramentos.
As águas negras pela planície
silenciosa dão nove vezes a volta
ao Inferno com seus juncos que
entremostram a nudez da ninfa Estige.
Pelo enorme e lamacento báratro Aqueronte
passam as lamurientas sombras que Caronte
conduz pelas sombras pavorosas
do Inferno a remar seu barco-fantasma
iluminado pelos seus olhos de braseiro,
a retirar o óbolo derradeiro
da boca dos que morreram.
E ali nos domínios de Plutão
mergulham as sombras dos mortos
na água do Letes e dela bebem
em busca de paz e esquecimento.
Nos portões do Inferno
o guardião Cérbero Iate e ruge
com suas grandes coleiras de serpentes
e suas três cabeças de dentes envenenados.
Hécate invoca as Fúrias vingadoras
que das sombras culpadas se apoderam,
e dançam em rondas fúnebres
e cantam canções funestas em que
relembram culpas, remorsos e pecados.
Hécate, a grande mágica, com seu
préstito de cães infernais, é aquela que
age de longe e repele – frígida e bela.
As Mineidas tecem belos tapetes
para belos amantes que não terão
e os tapetes em feias asas se transmudam
para os horrendos morcegos que elas são.
O mais distante dos planetas, Plutão,
confinado com Prosérpina no limbo
do Planetário, cumpre sua órbita
excêntrica, talvez astro desgarrado
da tirania de Netuno, enfim dono
de sua própria rota do destino. 

terça-feira, 19 de novembro de 2019

MAIS UM ILUSTRE PARNAIBANO NA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS



MAIS UM ILUSTRE PARNAIBANO NA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS

Será nesta quinta-feira,  21,  em Teresina,  a posse do advogado,  empresário e escritor parnaibano Valdeci Cavalcante, na Academia Piauiense de Letras - APL.

Valdeci, eleito que fora em outubro passado,  ocupará a cadeira de nº 17 que tem como  patrono o médico, jornalista e político RAIMUNDO DE ARÊA LEÃO (1846-1904)  e que teve como último ocupante o também  parnaibano João Paulo dos Reis Velloso (1931-2019).

A solenidade de recepção e  posse deste novo imortal da APL acontecerá no Palácio da Justiça, no auditório do Tribunal de Justiça do Piauí.

O neoacadêmico da APL também faz parte de  outras instituições do gênero no Estado, entre as quais a de sua terra natal,  a  Academia Parnaibana de Letras -APAL na qual ocupa a cadeira de n° 39  que tem como patrono  o seu genitor,  empresário, ex-vereador e ex-vice-prefeito de Parnaíba Gerardo Ponte Cavalcante.


SOBRE VALDECI CAVALCANTE

Nasceu em Parnaíba em 1952.   É advogado, formado pela Universidade Federal do Piauí. Possui Pós-Graduação em Direito do Trabalho, Administração de Recursos Humanos e Planejamento Educacional. É Professor Universitário, Empresário do Setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 1º Vice-Presidente da Confederação Nacional do Comércio e Presidente do Sistema Fecomércio Sesc/Senac no Piauí. É Membro dos Conselhos Nacionais do SESC, SENAC e CNC; Presidente do Instituto Fecomércio de Pesquisa e Desenvolvimento - IFPD; Presidente do Conselho Consultivo da Junior Achievement; Presidente da Academia de Ciência do Estado do Piauí; Membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba; Membro da Academia Campomaiorense de Artes e Letras; Membro da Academia Parnaibana de Letras e Membro da Academia de Letras de Sete Cidades.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CADEIRA Nº 17

Valdeci Cavalcante será o quarto ocupante desta cadeira e o segundo parnaibano a ocupá-la. Os acadêmicos  que o antecederam na citada cadeira  foram os seguintes:
1º OCUPANTE: Odylo de Moura Costa (1873-1957). Posse na APL: 13.06.1921. Nasceu e faleceu em Teresina (PI). Escritor e jornalista, bacharel em Direito pela tradicional Faculdade de Direito do Recife (PE). Residiu no Maranhão, onde ocupou as funções de Secretário de Fazenda , Deputado Estadual e desembargador. Exerceu o Jornalismo em Teresina e em São Luís (MA). Foi juiz nos Termos de Santo Antônio e Flores, hoje Simões, no Maranhão, e também na Comarca de Loreto de São José dos Matões. Deputado Provincial. Escritor, ensaísta e conferencista. Redator do jornal A Cidade de Teresina.

2º OCUPANTE: Odylo Costa Filho (1914-1974). Posse na APL: 1969. Nasceu em São Luís (MA). Jornalista, contista, poeta, ensaísta e crítico literário. Bacharel em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro. Secretário de Imprensa da Presidência da República no governo de Café Filho. Adido cultural da Embaixada do Brasil em Lisboa (Portugal). Como jornalista, era um articulista notável. Compositor de Jornais e revistas. Pertenceu a Academia Brasileira de Letras. Foi redator do Jornal do Comércio, fundador e editor do Políticas e Letras, diretor de A Noite e Tribuna da Imprensa e da Revista Senhor. Dirigiu a Rádio Nacional. Diretor de Redação de O Cruzeiro.

  E ÚLTIMO OCUPANTE  João Paulo dos Reis Veloso (1931-2018). Nasceu em Parnaíba (PI), em 12.07.1931. Posse na APL: 30.04.1981. Economista e professor reconhecido no Brasil, na América Latina e em países do continente europeu. Dos estudos básicos no Ginásio São Luiz Gonzaga, em Parnaíba, tornou-se PhD pela Universidade Americana de Yale (EUA), granjeando o primeiro lugar. Ministro-chefe da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, Presidente do Fórum Nacional. Autor de mais de uma dezena de estudos apontando alternativas para o desenvolvimento econômico do Brasil. Professor de Pós-Graduação da Faculdade Getúlio Vargas. Participou do projeto de criação do Instituto do Cinema e do Museu de Arte Moderna. Bibliografia: Brasil - Solução Positiva; O Último Trem em Paris; Dívida Externa tem Solução; As Opções do Novo Governo; A Solução do Corredor de Longa Distância.

Com a posse de Valdeci Cavalcante na cadeira que foi ocupada pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, a Academia Piauiense de Letras continuará tendo três parnaibanos membros da Academia Parnaibana de Letras ocupando cadeiras naquele sodalício. São eles:  Alcenor Candeira Filho (cadeira 19) e Assis Brasil (cadeira nº 36).

Sobre o antecessor da cadeira 17,  Valdeci Cavalcante escreveu o livro João Paulo dos Reis Velloso - Sonhos, Virtudes e Realizações que foi  lançado aqui em Parnaíba no dia 16 de agosto, durante a inauguração do complexo Gerardo Ponte Cavalcante, bairro Aeroporto que abriga os prédios e instalações da Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Estado do Piauí, - FECOMÉRCIO - PI.

Reis Velloso foi um parnaibano que muito honrou seus conterrâneos e a cadeira que por ele foi ocupada, será preenchida por outro parnaibano ilustre, o qual tem uma vida pautada em ajudar pessoas, principalmente sue conterrâneos e que  muitos benefícios tem trazido para sua terra natal, como por exemplo a criação de uma escola militar na cidade e a revitalização do prédio da União Caixeiral criando o Centro Cultural João Paulo dos Reis Velloso que muitos benefícios tem trazido à sociedade parnaibana no setores da educação e da cultura.

Uma caravana de parnaibanos, membros da Academia Parnaibana de Letras, membros da Maçonaria, de clubes de serviços e de pessoas da sociedade local estará   em Teresina prestigiando a posse deste conterrâneo do qual a cidade muito se orgulha.

Assim como Reis Velloso, Valdeci Cavalcante é também, reconhecido nacionalmente, tendo em vista ser o primeiro vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio - CNC. 

Fonte: Blog do Professor Gallas

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

LANÇAMENTO DE POEMITOS DA PARNAÍBA


Capa da autoria de Gervásio Castro


LANÇAMENTO DE POEMITOS DA PARNAÍBA

Elmar Carvalho

No sábado passado aconteceu o lançamento de meu livro PoeMitos da Parnaíba, substancialmente enriquecido com as excelentes charges de Gervásio Castro, que se encontrava presente, assim como o seu irmão Fernando, também mestre nesse tipo de arte plástica. A solenidade aconteceu no auditório Testa Branca, na sede da Academia Parnaibana de Letras – APAL.

Revi muitos amigos e confrades. O poeta Alcenor Candeira Filho, com a sua maestria de sempre, discorreu sobre os autores das charges e dos poemas e sobre o livro, analisando as produções escritas e visuais. Na minha explanação, falei que a História não é feita somente pelos chamados grandes homens, mas também pelas figuras simples e humildes, como as que inspiraram os poemas de meu livro. Reforcei o meu discurso citando o poema Quem faz a História, de Bertold Brecht.

O presidente Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, em ritmo de crônica, mas com grande proficiência, interpretou a obra e falou dos personagens que inspiraram os textos e as charges. O prefeito Zé Hamilton, mestre consumado do improviso, arrematou com chave de ouro o discurso de todos os oradores que o precederam. Já publiquei o belo texto do Alcenor em meus blogs. O Pádua ficou de me enviar o seu para essa mesma finalidade.

Foi exibido o vídeo Parnaíba no Coração, em que há um pequeno depoimento meu sobre os tempos em que morei em Parnaíba e clips de alguns dos meus chamados poemas parnaibanos. Esse vídeo foi realizado pelo Sebastião Amorim, com imagens e textos que lhe forneci. Tudo parecia conspirar para que o DVD não fosse exibido. O meu computador e o aparelho de data show criaram uma incompatibilidade.

A acadêmica Dilma Pontes foi decisiva para a solução do problema, pois mandou buscar em sua casa seu aparelho de DVD, que lhe auxilia em sua função magisterial na UFPI. Mesmo assim houve conflito entre seu aparelho e o cd. O conteúdo teve que ser transferido para um pen drive, e finalmente a incompatibilidade foi vencida e o audiovisual exibido. Creio ter sido válido esse esforço, pois o trabalho foi bastante aplaudido e elogiado pelos presentes. 

A confreira Dilma foi muito solícita e empenhada em resolver a dificuldade midiática, de modo que lhe sou muito grato por isso. Também contei com a ajuda e a solicitude da Conceição Teles, amiga de minha mulher. Entre muitos outros amigos, se fizeram presentes o Canindé Correia, o Antônio Gallas, Vicente de Paula, o Potência, Bernardo Silva, Florentino Neto, Régis Couto, Marçal Paixão, que levou um exemplar para o amigo Genésio Costa, que não pôde comparecer.

Compareceram dois representantes do grupo d' O Piagüí, que é responsável pelo jornal impresso e portal de mesmo nome, o Daniel Ciarlini e o Arlindo Leão. É uma turma de muito valor, tanto pelo esforço em manter esses órgãos, como pelo mérito intelectual e literário. Noto neles outras grandes qualidades: reconhecem o valor alheio e não são dados a ciúmes e picuinhas, tão encontradiços nos mesquinhos e invejosos. Abrilhantaram a festa cultural os confrades padre Soares, Wilton Porto, Maria do Amparo Coelho, Cristina Moraes Souza e Dilma Pontes.

Considerando as apresentações escritas do Alcenor, do Pádua Santos, um notável artigo escrito pelo poeta Wilton Porto e mais o prefácio do Cunha e Silva Filho, posso dizer que o livrinho já tem a sua fortuna crítica. Durante a sessão de autógrafo, no quintal, foi servido o coquetel. No final, já com menos pessoas, o Zé Hamilton, que é um mestre na arte da conversação, entreteve animada roda com uma sequência de casos anedóticos engraçados, coadjuvado por alguns dos presentes.

3 de abril de 2010

domingo, 17 de novembro de 2019

QUATRO POETAS DO PIAUÍ – Poemas – Parte 1




FLAGRANTES

Elmar Carvalho

no céu azul
um urubu

sob o negror
do guarda-sol
o pelotão azul
de teus olhos
da sombra
me fuzilou


MINHA VOZ

Clóvis Moura

Minha mãe deu-me um cravo cristalino
quando nasci. Guardei-o na garganta.
Por isto a minha voz parece o eco
de todo sofrimento que não canta.
Com isto a minha voz se fez desejo
dos surdos-mudos, das mulheres mancas.
É o plenilúnio dos abortos tristes
e o gira-sol dos cegos que não andam.
Minha garganta já sentiu o travo
da palavra guardada e não ditada
por causa dos fonemas mutilados.
Há na voz desse cravo que não toca
um desfilar de mortos e de enterros
e gritos por silêncios soterrados.


ORAÇÃO PARA INVOCAR AS QUE NÃO VIERAM

H. Dobal

Venham a mim todas as que não me quiseram,
todas as que deixaram de conhecer, no sentido bíblico,
um homem competente não só na palavra amor
mas também nos carinhos mais fundos.

Venham todas:
as que morreram,
as que engordaram,
as que se enterraram
na rotina dos casamentos.
Venham todas as que o destino não quis.


O HOMEM QUE VOLTA

Da Costa e Silva

Quando fui, com o meu sonho ingênuo e lindo,
Pelas estradas amplas, luminosas,
Vinham as Graças desfolhando rosas.

Ergui os olhos para os céus, sorrindo,
A beleza da vida pressentindo...

Quando vim, com o meu tédio miserando,
Pelos estreitos e áridos caminhos,
Iam as Parcas espalhando espinhos...

Baixei os olhos para o chão, chorando,
E fiquei para sempre meditando.   

Poemas extraídos de LB – Revista da Literatura Brasileira, nº 6

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

QUATRO POETAS DO PIAUÍ




QUATRO POETAS DO PIAUÍ

Elmar Carvalho

No meu trabalho de reorganização do que restou de minha biblioteca, terminei encontrando um exemplar de LB – Revista da Literatura Brasileira. Trata-se do exemplar nº 6. A brochura, de apenas 45 páginas, consequentemente sem nome na lombada, encontrava-se perdida entre os meus livros, de maiores dimensão e volume. Não a via há vários anos. Pensava até que ela se extraviara, no meio de tantos papéis. Por uma circunstância que adiante será explicada, não lhe havia esquecido. O número que tenho em mãos contém crítica literária, resenha de publicações, contos, crônicas, uma novela e outras matérias.

Não há indicação sobre sua periodicidade. O exemplar em comento é referente ao ano de 1997. Seu conselho editorial é formado por Aluysio Mendonça Sampaio, poeta e contista, e Henrique L. Alves, crítico literário, secretário geral da Academia Paulistana de História. Gloria Rivers é o nome de sua secretária administrativa. Entre suas matérias constam Quatro Contistas do Brasil, em que figuram Aluysio Mendonça Sampaio, Caio Porfírio Carneiro, Dalton Trevisan e Moacir Sclyar, e Quatro Poetas do Piauí, cuja seleção recaiu sobre Da Costa e Silva, H. Dobal, Clóvis Moura e Elmar Carvalho. Considero o primeiro, o nosso poeta maior, o nosso poeta laureatus, o príncipe dos poetas piauienses. Dobal e Clóvis, estão entre os poetas piauienses de minha predileção, aos quais, entre os mortos, acrescentaria Mário Faustino, Celso Pinheiro, Martins Napoleão e Jonas Fontenele da Silva. A contracapa anunciava que a próxima edição traria os Quatro Poetas do Rio de Janeiro, sem lhes antecipar os nomes.

Meu primeiro contato com a poesia de Da Costa deu-se quando eu era garoto, quando ainda cursava o antigo ginásio, através de uma professora de Português e Literatura, não sei se dona Francisca Teresa Andrade ou se dona Eidene, filha do farmacêutico e comerciante Aquiles Brasil Rocha. O fato é que a mestra leu o soneto A Moenda, de nosso poeta maior, para mostrar a riqueza dessa composição, tanto pelo conteúdo como pelas figuras de estilo, sobretudo as aliterações começadas pela letra r. Eu já conhecia, na época, os grandes poetas nacionais, e fiquei orgulhoso de que o Piauí tivesse um poeta de tal magnitude, um bardo que se lhes podia ombrear.

Desse episódio, fiquei com a certeza de quão era importante o estudo de literatura em sala de aula. Por esse motivo, quando presidi a UBE-PI, gestão 1988/1990, lutei para que o ensino de Literatura Piauiense fosse posto no texto constitucional do estado como disciplina obrigatória, o que terminou acontecendo, graças ao esforço e obstinação do deputado Humberto Reis da Silveira, que homenageei com honrarias da entidade, cujos diplomas ele emoldurou e expunha em seu gabinete, porquanto sabia da sinceridade da outorga. Um pouco depois da declamação feita por Francisca Teresa ou Eidene, na Casa do Estudante do Piauí, em Teresina, vi o poema Saudade, estampado em um cartão postal, e mais uma vez constatei a grandeza do poema dacostiano.

Desse soneto, meu pai extraiu o magnífico verso – Saudade ! Asa de dor do Pensamento! – e o depôs na lápide de minha irmã Josélia, falecida aos 15 ano de idade, vítima de desastre automobilístico, no esplendor de sua beleza e carisma. Estive presente a alguns dos eventos da comemoração de seu centenário de nascimento, ocorrido em 1985, inclusive a uma palestra proferida pelo poeta e embaixador Alberto da Costa e Silva, seu filho. Li o número da revista Presença, elaborado em sua homenagem, com matérias biográficas e críticas sobre ele. Não lhe pude adquirir o livro de suas Poesias Completas, editado na época. Comprei-as numa edição posterior, da Nova Fronteira, e as li todas, com prazer, enlevo e enternecimento.



Meu primeiro conhecimento dos versos de H. Dobal se deu quando eu tinha em torno de 19, 20 anos, quando conheci a avantajada biblioteca de João Nonon de Moura Fontes Ibiapina, quando fui visitá-lo, acompanhando uns parentes de meu pai, que eram seus amigos. O nobre magistrado e escritor morava em um sobrado, na rua Pedro II, em Parnaíba, e seu acervo ocupava um amplo salão do andar superior. Fontes Ibiapina era um homem simples, humilde, sem empáfia e sem afetação. Não era verborrágico e nem eloquente, de modo que não impressionava muito em sua conversa. Na verdade era muito contido, chegando quase, às vezes, a ser monossilábico. Entretanto, era um mestre na arte de escrever. Eu era leitor de sua coluna de resenhas literárias, publicada semanalmente no jornal Folha do Litoral, que ele manteve durante muitos anos. Magistrado íntegro, imparcial, foi um dos fundadores da Academia Parnaibana de Letras, e seu primeiro presidente.

Nessa visita ou em outra, já não tenho certeza, mostrou-me sua grande biblioteca. Admirou-se quando eu lhe pedi emprestado uns livros de sua autoria, pelo fato de que, entre tantos clássicos da literatura universal, eu fosse escolher os de sua lavra. Acontece que eu já lhe lera Brocotós, anos atrás, por empréstimo de uma prima, e gostara muito de suas estórias e forma de narrar. Nessa ocasião, sabendo que eu era de Campo Maior, perguntou-me se conhecia os poemas de H. Dobal. Ao lhe responder negativamente, mostrou-me alguns versos do poeta.

No início, estranhei aqueles versos personalíssimos, inusitados, sem preocupação com rimas, e somente em futuras e sucessivas leituras pude apreciar a sua beleza ímpar, sem derramamentos emocionais. Décadas após, sugeri seu nome ao vereador Luiz Carlos Martins Alves, para que ele recebesse o título de Cidadão Honorário de Campo Maior. O nobre edil conferiu-me a honra de proferir o discurso em sua homenagem, por ocasião da outorga da honraria. Quase três anos atrás tive a elevada honra de ocupar a cadeira nº 10 da Academia Piauiense de Letras, que fora ocupada por H. Dobal, sem a pretensão de que estaria a substituir esse aedo insubstituível.



Quanto a Clóvis Steiger de Assis Moura, tomei contato com sua arte poética através da revista Presença, então órgão da Secretaria de Cultura. Mais tarde me veio às mãos o valioso opúsculo Argila da Memória, em que as suas lembranças líricas e amarantinas ficam a pulsar e borbulhar por entre suas páginas, com gargarejos de gargalos, com golfadas de afogados, com rumorejos de redemoinhos, em que perpassam as elegias dos sinos e do cemitério, e as lembranças dos que se foram, tragados pelas águas traiçoeiras do Velho Monge. Quando ele veio lançar um pequeno livro de cordel, conheci-o pessoalmente. Soube depois, que ele, com o apoio de Cineas Santos, publicara o livro Duelos com o Infinito (2005), através da Secretaria da Educação. Tendo admirado Argila da Memória e Flauta de Argila, porfiei em conseguir esse livro. Procurei o poeta Cineas Santos, que só tinha um único exemplar. Disse-me ele que eu talvez conseguisse algum volume na Seduc.

Nesse órgão, procurei uma conhecida minha, que não conseguiu localizá-lo. Obstinado, dirigi-me ao gabinete do secretário, para ver se existia algum exemplar perdido em alguma gaveta ou prateleira. Não havia. Entretanto, uma servidora do gabinete, vendo o meu interesse e esforço, disse que iria tentar encontrar algum exemplar, em outros setores da Secretaria. Ficou de me ligar se a procura tivesse êxito. Ligou-me alguns dias depois, para me dizer que podia ir buscar o livro. Fui e o recebi de suas boas e abnegadas mãos. Mergulhei, então, na leitura desse grande poeta piauiense, que foi também notável sociólogo, com respeitáveis estudos sobre negritude, ele que era descendente de escravo e de barão do império prussiano. Pesquisador determinado e sério, ficou vários dias ou meses na comunidade dos Mimbós, estudando a história, a cultura e os costumes desses remanescentes de quilombolas. Tenho a honra de ser o primeiro ocupante de cadeira da Academia de Letras do Médio Parnaíba, sob seu patronato.

Rosa dos Ventos Gerais, 3ª ed., Coleção Centenário/APL

Voltando a falar da LB – Revista da Literatura Brasileira, nº 6, devo dizer que não sei quem me indicou para fazer parte da seção Quatro Poetas do Piauí. Quem o fez, nunca me alegou tal iniciativa, e nunca me apresentou fatura e nem cobrança. Na capa de meu exemplar, existe autógrafo da professora Clea Melo, chamando-me a atenção para a página 33, na qual começa minha participação. Foi ela quem me enviou a revista, o que demonstra ser ela uma verdadeira amiga, pois os falsos e dissimulados só gostam de se referir às notícias que não nos são favoráveis, ignorando, em ressentido silêncio, as que reconhecem as nossas vitórias e qualidades positivas. Cada poeta teve direito a três páginas. Foram publicados três poemas de cada autor, exceto de Clóvis Moura, que participou com quatro textos.


11 de novembro de 2011

terça-feira, 12 de novembro de 2019

PARNAÍBA: o rio da integração piauiense

Fonte: Google


PARNAÍBA: o rio da integração piauiense

José Pedro Araújo
Romancista, cronista, contista e historiador

Da mesma forma que o São Francisco é conhecido como o rio da integração nacional, o rio Parnaíba pode receber o epíteto de rio da Integração do Piauí, por sua importância ímpar para a ocupação e desenvolvimento deste Estado. O traçado do seu curso, a relativa ocorrência de obstáculos intransponíveis e a largura e profundidade do seu leito, são alguns dos pontos positivos que favoreceu o trânsito de pessoas e embarcações ao longo de todo o trecho navegável. Também funcionou como fator primordial a configuração do próprio território, amplo no seu comprimento e estreito na sua largura. Por esta razão, desde a sua embocadura no Atlântico, até a região de Santa Filomena, a mais de um mil quilômetros de distância, existia, naquela época, certa facilidade na sua navegação utilizando-se embarcações com calado apropriado. 

Por estas razões, transformou-se o chamado rio grande dos Tapuias em autêntico caminho por onde desciam as embarcações com os produtos agropecuários produzidos na região sul, chegando até ao litoral; da mesma forma, por ele subiam as embarcações com outros artigos não encontrados nas distantes regiões de onde procediam os rebanhos. Do mesmo modo, também trafegavam seu leito sinuoso os novos ocupantes do vasto e desocupado território, grandes pecuaristas, mas também pequenos agricultores, todos a procura de locais aonde situar suas moradias simples. Pequenas posses de terra lhes serviriam para assentarem nelas suas famílias, instalar suas roças com produtos de subsistência e seus diminutos rebanhos.

Nas margens desse manancial de esperanças relevantes, foram surgindo pequenos embarcadouros, que muito mais tarde se transformariam em cidades, centros de atração de novas populações e novos negócios. Em um ponto equidistante deste fantástico rio, entre Parnaíba e o alto sertão, o Agrônomo Francisco Parentes instalaria a primeira colônia agrícola na Província, munida de estrutura apropriada para receber a primeira escola especializada em agropecuária, no local que ficou conhecido como Colônia e, anos depois, cidade de Floriano. Aquele estabelecimento, que passou a chamar-se São Pedro de Alcântara, sobre o qual falaremos mais detidamente à frente, funcionou como principal ponto de apoio aos colonos que subiam o rio em busca das fertilíssimas terras existentes mais ao sul.

Pode-se assim dizer que acontecia agora um processo de recolonização, uma vez que os primeiros colonos vindos da Bahia e de Pernambuco, haviam começado exatamente por aqueles ermos sertões a ocupação do território piauiense.  Portanto, à falta de estradas com boas possibilidades de tráfego que ligasse as regiões sul e norte, foi o rio Parnaíba o principal percurso tomado pelos primeiros desbravadores, símbolo de uma época de grandes conquistas e de muita luta.

As embarcações usadas para vencer as grandes distâncias naqueles tempos remotíssimos eram simples, construídas à partir do talos retirados da palmeira denominada buriti ou do próprio babaçu. Em rudimentares embarcações, aproveitavam-se da corrente os primeiros navegantes, para chegar aos primeiros aglomerados urbanos que iam se formando ao longo do portentoso rio, até chegar ao seu litoral, onde crescia com desenvoltura a célebre povoação de São João da Parnaíba. Também trafegavam contra a corrente, as grandes canoas, levando suas cargas e seus passageiros, impulsionadas para frente pelo braço forte do resoluto barqueiro, por centenas de quilômetros, à falta de outro meio de transporte que facilitasse a chegada da sua carga ao sul da Província.

Foi tormentosa a luta dos primeiros administradores para abrir e conservar os primeiros caminhos ligando a capital da Província com as vilas que iam se formando nos distantes sertões. Os recursos escassos e o desinteresse da Coroa para com a nova colônia, deram o tom do primeiro século de vida dela. É vasta a documentação encontrada dando conta das correspondências enviadas à Corte com a solicitação de recursos para abrir estradas, construir pequenas pontes sobre os rios mais importantes ou simplesmente conservar e alargar os caminhos abertos pelos curraleiros para tocarem as suas boiadas até os mercados consumidores.

Por outro lado, a eterna falta de recursos da qual padecia a Província, além da pobreza de espírito e de dinheiro do nascente empresariado local, impediu por mais de um século que embarcações movidas à motor substituíssem as pobres canoas impulsionadas a remo, na difícil tarefa de vencer as grandes distâncias até os locais mais distantes do Piauí. Discorrendo sobre isto, o incansável Odilon Nunes vai buscar na correspondência trocada entre o Presidente da Província, Frederico de Almeida e Albuquerque e o ministro do Império, as razões que considera como preponderantes para o atraso eterno pelo qual passava o Piauí: a falta de meios de transportes para os produtos locais.

Visando chamar a atenção para a aflitiva situação de atraso pelo qual passava o território por ele administrado, Almeida e Albuquerque esclarece assim a situação vivida: “Esta Província fica em sua totalidade, tão distante dos portos de mar, e dos grandes mercados do país que muitos de seus produtos agrícolas deixam de ter valor algum, porque as despesas de transporte absorvem e porventura excedem ao mesmo valor; e aquele mesmo produto que é o objeto da ocupação da máxima parte dos respectivos habitantes que constitui a riqueza da Província, o gado, vende-se por preço mui inferior àquele por que costuma ser vendido o que produzem as províncias vizinhas que se acham colocadas em posições mais favoráveis” (NUNES, pág. 139, 2007).

Foram tempos de duras lutas, vencidas pela dadivosa da existência de um grande manancial, chamado rio Parnaíba. Contudo, se funcionou como grande válvula de escape, tornou-se também a desculpa que queriam os gestores do país que diziam não precisar o Piauí de estradas terrestres, uma vez possuindo o extenso e sinuoso rio que cobria toda a sua extensão.   

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A Zona Planetária - Netuno

Fonte: Google


NETUNO

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de seu planeta correspondente, entre os quais Saturno e seus anéis. Irei, no blog, publicando cada uma das dez unidades desse relativamente longo poema. 

Nas profundezas do mar Egeu
Netuno subjuga e cria seus indomáveis corcéis
e emerge do oceano em seu
carro – concha puxada pelos hipocampos
a campear o rebanho
das verdes ondas do mar.
As Náiades, ninfas das águas doces,
dos doces amores tediosos,
nas embocaduras dos rios observam
as Nereidas a cavalgarem
seus cavalos-marinhos
pelas águas salgadas
dos turbulentos amores de ardentias e procelas.
Netuno, com seus cabelos crespos,
revoltos, de algas marinhas,
busca a ninfa Anfitrite,
filha de Nereu, o deus-mar Egeu,
e a toma por esposa.
Cavalos-marinhos alçam a cabeça
e rincham e relincham no
furor da busca desenfreada.
O tridente de Netuno agita
as ondas e a terra
no ardente chamado do desejo.
Uma Nereida dá o seio
a um leão marinho
que lhe devassa o resguardo
da concha recôndita do prazer.
Tritão em sua órbita retrógrada
apazigua o sexo dos ardentes
e as ondas marinhas se aplacam.
Outro satélite, Nereida,
com sua alongada órbita,
em busca das paixões tangenciadas,
apascenta seu desejo.
Ceres em sua arte/manha de fêmea
    – querendo mas negaceando –
em égua se transmuda:
Netuno em cavalo se transforma
e a possui em furiosas e poderosas estocadas.
O triste ciclope Polifemo
contempla o triunfo da Galatéia,
em sua concha arrastada pelos Delfins,
escoltada pelos Tritões e pelos Amores,
e sobre o rochedo soluça em sua flauta
magoadas elegias.
Os Tritões e as Tritônidas
com seus suntuosos rabos de peixes
reciprocamente se enrabam.
Netuno, com seu cortejo de Delfins,
manda soar a concha espiralada,
trombeta de som ondulante,
que se desdobra pelas ondas do sem fim
a repercutir nos labirintos dos ouvidos
nos meandros dos átrios e ventrículos
dos corações sem couraças.