Cunha
e Silva Filho
Copacabana,
o mais conhecido bairro carioca e um dos mais famosos do
mundo por tantos motivos, beleza, praias,
lindas mulheres, sol de verão, gente de todo o
mundo, esconde, entretanto, uma face assombrosa: a
violência, que se encontra agora, sobretudo nos morros e também no
asfalto. Entretanto, convém, para elucidação dos fatos,
saber que tipo de violência existe e em que circunstâncias
ela se mostra, agora, atuante.
Sabe-se
que, onde há favelas, há tráfico de drogas e somente isso já
é fator determinante de violência. Na favela
Pavão-Pavãozinho, um dos morros de Copacabana, existe uma UPP
(Unidade de Polícia Pacificadora) que tem sua razão de ser: a
proteção da comunidade que ali vive. Ocorre que um
incidente levou os moradores à indignação
pela morte de um dançarino, o Douglas, que naquela favela já
morou e, depois, mudou-se de lá para viver
em outro lugar. O dançarino, um jovem, alegre,
pessoa querida de muita gente, de vez em quando, ia
ao Pavão- Pavãozinho a fim de visitar um filho pequeno que mora com
a sua ex-mulher.
Douglas
DG, fazia parte dos dançarinos de um programa da Rede
Globo apresentado pela conhecida atriz Regina Cazé.
Participou também de um filme-documentário sobre
violência em morro do Rio de Janeiro onde, como personagem,
termina sendo assassinado pela polícia, se não me
engano.A ficção virou realidade no seu caso.
Um
homem, um morador de rua, em Copacabana, no mesmo
dia em que o dançarino foi morto, foi vítima de bala
perdida não se sabe se da polícia ou dos traficantes.
O
trágico incidente foi um confronto
entre blitz da polícia militar e traficantes
do mencionado morro. Tudo indica que Douglas, para fugir
do tiroteio, pulara um muro, mas mesmo assim foi
assassinado, alguns dizem por engano por ser confundido com um
bandido, outros, falam que foi assassinado por policiais.
A
mãe de Douglas abriu a boca e denunciou, diante de câmeras de
televisão, que os culpados foram policiais. Mãe
corajosa, articulada, que, agora,
desconsolada, com a brutal morte do filho querido, está
decidida a lutar para que os responsáveis pelo crime sejam
exemplarmente punidos.
É
mais um lamentável caso da violência
crescente no Brasil, sobretudo no Rio e São Paulo,
mas que se alastra com seus tentáculos sanguinários pelo país
todo. Já fiz vários artigos tratando do mais grave problema
brasileiro contemporâneo, que é a falta de
segurança para proteção do cidadão brasileiro em todas as
faixas etárias.
Ninguém
pode desconhecer que as UPPs têm sido úteis
às populações que moram em comunidades carentes.
Contudo, há um lado podre da polícia
que, atuando nas UPPs, segundo a imprensa tem
divulgado continuamente, comete abusos de
autoridade e provoca mal-estar em razão do
comportamento de policiais despreparados para atuarem no
contexto social das favelas cariocas. Conversando
com pessoas que já moraram em favelas,
grande parte delas não confiam na polícia.Veem
essa instituição como inimiga e
mesmo, em alguns casos, cúmplice de grupos
de milicianos que mandam e desmandam em comunidades
cariocas.
O
governo estadual se revela, pois,
incompetente para solucionar essas mazelas
embutidas na violência. Enquanto isso, o crime, os assaltos de
todas as espécies cometidos por menores e adultos campeiam
aterrorizando a sociedade carioca que, assim, se vê acuada,
órfã de ações efetivas do poder de segurança
pública. Os limites suportáveis já foram
ultrapassados e a cidade do Rio de Janeiro está cercada de favelas
onde grassam a desordem, a violência e o tráfico de
drogas, assim como a ausência de um poder público
que não sabe enfrentar com vigor e
inteligência uma cidade partida em três grupos
de gente: a das pessoas de bem, os traficantes e a
polícia despreparada e, muitas vezes, conivente com
a criminalidade.
A
maior parte do noticiário jornalístico, no rádio, na
televisão diz respeito a esse quotidiano em que a
criminalidade galopante parece já estar
naturalizada, como que fazendo parte da culturado
povo brasileiro. Quando um país chega a este
estágio de barbárie, de impotência dos
governantes para diminuir a nocividade do
crime de todos os tipos e níveis de perversidade contra o
cidadão brasileiro, é porque é um país
que dá provas irrefutáveis de sua
completa indiferença pela proteção
da sociedade. É tempo de mudarmos, de sairmos dessa
encruzilhada de maldades sociais, de desgoverno,
de desídia em administrar os estados que formam a Nação.
As
estatísticas estão aí para mostrarem o número de
mortes pela mão nefanda do crime organizado
ou não. Como querem os governante se elegerem à
Presidência, a governadores, diante da
situação caótica da sociedade amedrontada
diuturnamente com criminosos à espreita de
ceifarem vidas de inocentes? Com que cara irão enfrentar
os comícios e os programas de televisão quando começarem os
debates dos candidatos, sobretudo para candidatos
que aspiram a reeleições? Terão a cara de pau os que
estão no poder e desejam nele continuar? Será
muito constrangedor a um candidato tentar justificar-se
diante dos crimes hediondos cometidos no país e
com muitos dos seus algozes ainda em
liberdade e menores bandidos e sanguinários que matam
indefesos mesmo que estes não tenham
esboçado nenhum reação contra eles. Estão matando, a
sangue frio, pessoas de bem, trabalhadores,
profissionais, homens ainda com muito tempo
de vida útil e produtiva em todos os campos
de atividade.
O
escandaloso número de pessoas vítimas de
criminoso impiedosos equivale a um país em guerra
civil. Este é o retrato de um país que está
sediando a Copa Mundial de Futebol e, depois, as
Olimpíadas.
Acordem,
políticos e governantes, porque a hora do
debate e de enfrentar os votos caminha a passos
largos.
Ou
atacaremos os problemas nacionais mais críticos,
como a violência, a saúde, a educação pública fundamental
e média e os transportes, ou estaremos fadados
à perda da governança patriótica, séria e competente.
Ou tornamos rigorosas as penas contra
criminosos hediondos, muito frequentes no país,
ou a Nação perderá o controle de governabilidade. Ou
modificaremos de imediato a penalidade para
menores do crime, ou seremos
responsabilizados pelos crimes de omissão no exercício
do poder público.
Ou
criaremos vergonha na cara – e aqui me refiro à classe
política em todos os níveis - , ou perderemos a
oportunidade de sermos uma pátria digna do
aplauso e da admiração das nações do mundo que
conseguiram entrar efetivamente na maioridade de
uma democracia verdadeira, na qual a sociedade
seja a parte essencial e determinante na mudança
de escolhas de governantes que tenham como
objetivo mais alto o bem-estar do seu povo.