quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
ARTE-FATOS ONÍRICOS
O CASO DAS BICICLETAS
Na cidadezinha acanhada, vi dois jovens a andarem com as bicicletas em veloz marcha à ré. O que mais me deixava estarrecido era o fato de que os dois ciclistas seguiam de ré em alta velocidade e sequer se davam ao trabalho de olhar para trás, embora estivessem em uma praça, com bancos, jardins e outros eventuais obstáculos. Também me impressionava o fato de que as bicicletas não pendiam nem para um lado nem para o outro, e mantinham um perfeito paralelismo e equidistância, como se estivessem fixadas em invisível trilho. Eu me perguntava como é que aquelas duas bicicletas, de tecnologia tão avançada, chegaram àquela aldeola perdida, quando sequer chegaram similares à capital. E o que mais me impressionava é que pareciam duas bicicletas comuns, como tantas outras que vemos no cotiano, sem aparentemente nenhuma sofisticação. Depois, recordei as feições dos ciclistas. Pareciam gêmeos, ambos de feições inexpressivas. Os olhos, imóveis, vazios, pareciam nada fitar, nada enxergar. As faces não demonstravam emoções. Estavam vivos, pois pedalavam vigorosamente, mas pareciam dois bonecos de cera, ou dois fantoches sem fios. Com a mesma rapidez com que faziam a bicicleta andar para trás, instantaneamente a faziam retornar para a frente, para o ponto de partida. Fiquei com a nítida impressão de que os ciclistas eram de uma outra dimensão ou não mais pertenciam a este mundo. Por frações de segundo, olhei para um cachorro que passava lentamente. Quando voltei a olhar para as bicicletas não mais as vi. Não sei se simplesmente desapareceram ou se voaram em estonteante velocidade para outra dimensão de onde podem ter vindo.
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