Ilustração: Centro Histórico de Barras do Marataoã (Ângela Rêgo) |
Barras do
Marataoan ...
Dos cânticos de
pássaros
e cântaros e
címbalos de águas
em cantatas e
cascatas
no rocio
róseo-violáceo da manhã.
Barras das sete
barras
- candelabro de
sete braços de prata
líquida a
escorregar macia
no dorso duro das
pedras (...)”
(Versos iniciais
do poema “Barras das Sete Barras”
do poeta Elmar
Carvalho).
DOS POETAS E DOS
GOVERNADORES
Minha terra tem matas
abundantes;
Paraíso das águas és, Oh Barras!
Tens a flora e uma
fauna exuberantes.
Tens os cantos dos pássaros,
cigarras
E as seis barras de
rios deslumbrantes
Que desfilam nas
matas em fanfarras
Escrevendo poesias e
canções
Alegrando assim nossos
corações!
Meu torrão tem poetas
renomados
Como um David Caldas,
os irmãos
João/Celso Pinheiro, ainda
aclamados;
Tito Filho, o
cronista, em cujas mãos
Retratou Teresina em
exaltados
Textos bem-feitos
sobre os cidadãos,
Cantos desta cidade, seus
encantos,
Suas ruas, e todos os
recantos.
Outros vates ilustres
das fazendas,
Das ribeiras do meu Marataoã
Se tornaram estrelas estupendas
Na seara das letras desta
chã,
Como Hermínio, esse líder
das contendas
Do repente e cordel,
que d’uma sã
Mente fez o corpóreo
livro “Lira
Sertaneja”, que a
gente o admira.
Desse clã dos Castelo
Branco são
Excelentes poetas: o
Leonardo
De Carvalho, o avô,
de vocação
P’ra pelejas
políticas, um bardo
Talentoso, foi homem
de expressão;
Pai Miguel de
Carvalho, felizardo
Em cultura, poeta,
professor,
Bem versado em
gramática, e orador.
Sua avó, por Judite
conhecida,
Mais algumas das filhas, poesias
Escreveram em carta
dirigida
Ao pai preso e
exilado, em covardias
Do governo do Rei, sem
merecida
Compaixão e quaisquer das garantias
Foi metido em prisões
de Portugal
Por razão de não ser,
ao Rei, leal.
Teodoro Castelo
Branco, vate
Importante no seio da
poesia
Popular, e homem do
melhor quilate,
Nosso Hermínio puxou,
em demasia,
O seu tio, que
gostava do combate
Nas arenas de guerra,
assim queria,
E depois retornar p’ra
suas matas,
Pois gostava dos
campos e cascatas.
Minha terra querida
tem poetas
Importantes no rol
dos imortais
Acadêmicos com suas seletas
Poesias, e escritores
perenais
Dentre os quais, e
segundo os exegetas,
São: Matias Olímpio,
e seus iguais
Antenor Rêgo Filho, o
professor
Dilson Lages que é um
escritor.
Menciono, também, o
antologista
Consagrado e escritor
Wilson Carvalho
(dos) Gonçalves,
figura idealista
Da cultura e das
letras, de trabalho
Invejável dum grande
beletrista,
E longevo que nem o
pau carvalho;
O escritor Fenelon Castelo Branco,
Outro ilustre
barrense de dom franco
E conceito bastante
elogiado,
Seja um bom magistrado
ou escritor,
Jornalista ou poeta renomado;
José “Lima Rebelo”
foi cultor
Do Direito e um
grande advogado,
Sobretudo, eminente
educador,
Diretor da Instrução
Parnaibana,
Catedrático
em letras e de humana.
Mas
não posso deixar de destacar
Um
poeta e escritor d’alma barrense.
“Barras das Sete Barras” – vem de Elmar
(dos) Carvalho; contudo, há quem bem pense
Que o escriba nasceu neste
lugar,
Mas o ilustre é um campo-maiorense,
Pois o pai é de Barras
Marataoã,
Seu Miguel (dos)
Carvalho, alma cristã.
Ele
próprio declara, por herança,
É
barrense de todo coração,
Relembrando,
ainda jovem, fez andança
Pelas
Barras, e muita gratidão
O
poeta tem por essa lembrança
Com
o povo gentil deste torrão
E
agradece a acolhida, a deferência
Recebida
com muita reverência.
Minha
terra, também, de lá nasceu
Um
pintor, desenhista e professor,
É
Lucílio Albuquerque, e mereceu
Elogios
e aplauso e mui louvor,
Pois
o mundo assim bem reconheceu
Como
um grande barrense de valor
Das
pinturas das telas, retratista,
Foi
também excelente paisagista.
Barras é conhecida em
todo canto
Como terra dos sete governantes
Espalhados por tudo
que é recanto.
São ilustres
barrenses tão brilhantes:
Taumaturgo Azevedo
foi, portanto,
Um gestor de atuações
bem conflitantes,
O primeiro barrense
nomeado
Governar, na
República, este Estado.
Taumaturgo, também, governador
Do Amazonas atuou por
algum tempo
Nesse cargo importante
com temor
Do inimigo cruel que
a contratempo
O levou a perder, sem
um clamor,
O comando do Estado,
onde em meio-tempo
Deodoro ausentou da
Presidência
Da República, é preso
sem clemência.
Em razão de um
robusto relatório
Que mandou publicar lá
na cidade
Do meu Rio de Janeiro,
um “declatório”
Descrevendo com muita
claridade
O que fez em Manaus,
e do notório
Caso de falcatrua e
iniquidade
De políticos “craques”
em roubar,
Taumaturgo foi preso
em conspirar.
Depois, foi nomeado
Coriolano
De Carvalho pra ser
governador
Do Piauí, mas no
cargo além de um ano
Não ficou em razão do
seu labor
Com a pública coisa,
pois foi lhano,
Adotando medidas para
por
As finanças do Estado
equilibradas,
Entretanto, as ações são
criticadas.
Foi Fileto (dos)
Pires (e) Ferreira.
Militar, deputado
federal,
Um barrense de ação
bem altaneira,
Destacou-se um
político leal,
Foi amante das artes;
sem canseira
Terminou a ereção
monumental
Do Teatro Amazonas; com
mandato
Encerrado, ao quartel
volta imediato.
Sigismundo Gonçalves,
um barrense
De destaque no campo
do Direito
Brasileiro, foi um piauiense
Magistrado, de muito
bom conceito,
Que chegou a ministro,
e que bem pense
Da Suprema Justiça, e
foi eleito
Senador pelo Estado
Pernambuco,
E Governo na terra de
Nabuco.
Outros filhos de
Barras atuantes
Deste Estado podemos
destacar
Com orgulho os
ilustres governantes
Artur de Vasconcelos,
o exemplar
Mor Matias Olímpio, e
o nunca dantes
E depois mandatário a
governar
O Piauí, cerca de
mais de dez anos,
Foi Leônidas Melo, o
“Homem de Planos”.
Conhecida de terra de
imortais
Bons poetas e muito
senadores,
Barras já teve
grandes marechais
De elevado conceito e
com louvores
Na política como nos
anais
Desse Exército de
homens vencedores,
Dentre os quais se
destacam Taumaturgo
De Azevedo, um “notável
demiurgo”.
Foi Firmino (dos)
Pires (e) Ferreira
Que na guerra lutou
no Paraguai
Com bastante coragem na
trincheira,
Nos combates mortais se
sobressai;
Vencedor da batalha
traiçoeira
E sangrenta é ferido,
mas não sai
Da vanguarda, e que
por essa razão
Se graduou General de
Divisão
E os barrenses que
foram senadores?
O Firmino (dos) Pires
(dos) Ferreira,
Joaquim Pires, e os dois
bons professores:
O Matias Olímpio, de carreira
Ilibada, com atos
promissores;
E Leônidas Melo, de
altaneira
Profissão da área médica,
político,
De avançada visão e
senso crítico.
Destacados como
homens imortais,
Barras é um celeiro de
escritores
E poetas inscritos
nos anais
Do importante “Sobrado”
dos cultores
Beletristas, das
artes culturais
Do Piauí, seja como precursores
Ocupantes/patronos de
cadeiras
São quatorze daqui
destas ribeiras:
1 – João Pinheiro (1877-1946). Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira
nº 2 da APL);
2 – Celso Pinheiro – (1877-1950). “O milionário do verso”. Fundador. Primeiro
Ocupante da Cadeira nº 10 da APL;
3 – Breno Pinheiro - (1899-1957). Segundo Ocupante
da Cadeira nº 8 da APL;
4 – David Moreira Caldas - (1836-1879).
Patrono da Cadeira nº 4 da APL;
5 – Dilson Lages Monteiro - (1973). Quarto
e atual Ocupante da Cadeira nº 21 da APL;
6 – Fenelon Ferreira Castelo Branco - (1874-1925).
Fundador. Primeiro Ocupante da Cadeira nº 3 da APL;
7 – Gregório Taumaturgo de Azevedo - (1853-1921).
Patrono da Cadeira nº 29 da APL;
8 – Hermínio de Carvalho Castelo Branco – (1851-1889).
Patrono da Cadeira nº 2 da APL;
9 – José de Arimathea Tito - (1887-1963).
Primeiro Ocupante da Cadeira nº 29 da APL;
10 – José de Arimatéa Tito Filho – (1924-1992).
Segundo Ocupante da Cadeira nº 29 da APL;
11 – José Pires de Lima Rebelo – (1885-1940).
Segundo Ocupante da Cadeira nº 22 da APL;
12 – Matias Olímpio de Melo – (1882-1967).
Primeiro Ocupante da Cadeira nº 20 da APL. Presidente da APL;
13 – Teodoro de Carvalho e Silva Castelo Branco –
(1829-1891). “O poeta caçador”. Patrono da Cadeira nº 6 da APL;
14 – Wilson Carvalho Gonçalves – (1923-2021).
Quinto Ocupante da Cadeira nº 12 da APL.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO,
Francisco Carlos. O menino, o rio e a
cidade. Teresina: 2021.
CARVALHO, Elmar.
Barras - terra dos governadores e de
poetas e intelectuais (Crônica publicada no Blog do Elmar Carvalho).
Teresina: 2014.
CHAVES,
Monsenhor. Obra Completa. Teresina:
2013.
GONÇALVES,
Wilson Carvalho. Antologia da Academia
Piauiense de Letras. Teresina: 2018.
RÊGO FILHO,
Antenor. Barras, histórias e saudades.
Teresina: 2007.