AMARANTE, CHÃO DE CULTURA
Luís Alberto Soares (Bebeto)
Encontros
Culturais – Os Encontros Culturais de Amarante tem a sua origem na criação do
Grupo Teatral Nasi Castro, em 1976. Tendo como o principal idealizador, o
professor e jornalista Vírgílio Queiroz com o apoio de Luís Alberto Soares,
Zulmira Bezerra, Socorro Leal Paixão, Antonio Alves (falecido), Ocirema
Ribeiro, Chuegas Del Manelito (falecido), Pio Vilarinho, Raimundo Alves, entre
tantos outros. Em 1980, praticamente sem o apoio do poder público, o Grupo
Teatral Nasi Castro promoveu a 1ª FEIRA DO POVO DE AMARANTE. Foi algo
extraordinário! Para a ealização do evento, os integrantes do referido grupo
teatral saíram de casa em casa pedindo contribuição em alimentos para atender
as exigências básicas para a alimentação dos grupos teatrais de todo o estado
piauiense que se encontrava em nossa cidade. Esse momento pode ser considerado
o marco inicial dos encontros culturais. Foi, nesta época que o Mimbó foi
mostrado para o mundo, através de um artigo publicado pelo Jornal da Manhã,
através do saudoso jornalista Paulo de Tarso Moraes, com a participação de
Orlando Portela, Luiz Brandão e Virgílio Queiroz (todos, atualmente
jornalistas). Devido o sucesso da 1ª FEIRA DO POVO DE AMARANTE, Virgílio
Queiróz foi procurado pelo emérito professor Noé Mendes – grande amante da
cultura popular piauiense que, ao lado de figuras brilhantes, como da
professora Verônica Ribeiro, propôs um projeto ousado – a criação do 1º
Encontro Cultural de Amarante. Tudo certo. A festa foi grandiosa! Um projeto
gigantesco que envolveu a Universidade Federal do Piauí, a Fundação Cultural do
Piauí, o Governo do Estado, o Ministério da Educação e, praticamente todas as
cidades da região do Médio Parnaíba. Foi a maior festa cultural do Piauí, na
época. Para se ter uma ideia: todas as hospedarias de Amarante ficaram lotadas,
sem contar as pessoas que ficaram lotadas na União Artística Operária
Amarantina, Ginásio Da Costa e Silva e Casas residenciais. Em 1981, a
Prefeitura Municipal de Amarante, governo de Emília da Paixão Costa (Bizinha),
promoveu a 1ª Semana Cultural de Amarante, realizada com sucesso na Praça Padre
Virgílio. Em 2009, 2011 e 2013, a Prefeitura Municipal de Amarante (governo de
Luiz Neto), através da Secretária de Cultura e Turismo, promoveu na Avenida
Desembargador Amaral, o XV, XVI e XVII ENCONTROS CULTURAIS.
Destacável grupo. Amarante, considerada referência Cultural
do Piauí, nestes últimos anos, vem desenvolvendo expressivas ações culturais,
tendo como exemplo, o “Ponto de Cultura” (ESCOLA DE MÚSICA PARA A VIDA), amparado
pelo MEC e FUNDAC, vinculada à Associação dos Moradores do Bairro Escalvado,
também apoiada pelo Ministério da Cultura. A referida associação vem resgatando
e motivando a Cultura para todas as classes sociais amarantinas, abrindo espaço
também para realizações de oficinas artísticas e técnicas às crianças, jovens e
adultos. Em março de 2012, o Ponto Cultural contribuiu com um documentário em
vídeo, “Auta Rosa”, lançado pela “Associação Cultural dos Amigos de Amarante”
com a participação de atores amadores e voluntários de Amarante, retratando a
história da “Finada Auta”, considerada santa amarantina. O sucesso do Ponto de
Cultura deve-se ao um grupo de gestores: Bertoldo Neto, Solimar Miranda, Selma
Alves, Emília Ribeiro, Danilo Costa, Rosemary Ana, Valdemar Santos, João
Barbosa, Maura Regina, Raimundo Rabelo e Francisca Araújo
Grupos teatrais sempre se destacaram na cultura amarantona.
Arquivos de historiadores apontam que em 1919, foi organizado o Teatro São
Gonçalo, em uma das casas da Rua Abdon Moura, dirigido por um grupo de senhoras
da elite amarantina. As apresentações teatrais comoviam muito o povo. Este
grupo marcou história. Surgiram outros importantes grupos, como exemplo, o
Grupo Teatral Nasi Castro e Grupo Amarantus. ovens estudantes amarantinos
inspirados numa peça teatral apresentada em Amarante por um grupo de Teresina,
formaram o Grupo Teatral Nasi Castro (GRUTENATRO), como forma de homenagear a
saudosa historiadora Raimunda Nonata de Castro (Nasi) que se sentiu comovida no
dia da estréia do grupo, 04 de agosto de 1975, no Amarantino Clube, onde houve
relevantes homenagens à escritora amarantina e ao aniversário de Amarante. O
Teatro Nasi Castro sempre foi sucesso. Participou de grandes festivais em
Teresina e se exibe em outras cidades. O teatro também apresenta folclore de
Amarante e outras manifestações culturais. O grupo foi regularizado com a
formação de diretoria e registro em Cartório. Os pioneiros desse empreendimento
foram: Luís Alberto dos Santos Soares, José Virgílio Madeira Martins Queiroz,
José Neto de Sousa e Zulmira Bezerra. A primeira peça apresentada nessa nova
fase foi “Os olhos que eu matei”, com atuações de: Virgílio Queiroz, Socorro
Paixão, Ocirema. Luís Alberto, além de diretor, foi ator em uma peça – “A farsa
do advogado”. O ponto alto do Grupo Teatral Nasi Castro se deu com a
apresentação da peça “A volta do Filho Pródigo”, no Theatro 04 de Setembro, em
1977, sendo os componentes aplaudidos de pé. Na oportunidade o grupo recebeu o
título de melhor figurino do festival. Atores e atrizes da peça: Virgílio
Queiroz, Chuegas Del Manelito, Raimundo Alves, Oliveiros, Ely Sibita, Chico
Noca, Anileide Veloso, Pio Vilarinho Júnior.
Anos depois da
criação do GRUPO TEATRAL NASI CASTRO, um grupo de professores, estudantes,
teatrólogos folcloristas, formaram o Grupo Teatral Amarantus, fundado no dia 25
de junho de 1991, com comovente apresentação teatral em Amarante. A criação do
grupo deu-se através de uma oficina de teatro, ministrada pelo tea6trólogo
Raimundo Dias (falecido) da FETAPI e da folclorista e atriz Zulmira Bezerra, a
popular Sibita. O Grupo Teatral Amarantus fez várias apresentações em várias
cidades, especial-mente em Floriano e Teresina onde participou de festival de
teatro amador e conseguiu importantes troféus. Um dos seus principais trabalhos
é a peça "Amarante nossa de cada dia" (roteiro de Selma Bustamante e
Josélia Soares). A peça retrata a história de Amarante do início do povoamento
aos dias atuais. Foi apresentada várias vezes em Amarante e em outras cidades,
na década de 90. Em 2010, foi encenada, com autorização do Grupo Amarantus, por
alunos da Unidade Escolar Polivalente, da rede estadual de ensino. As
adequações para essa apresentação foram feitas pela professora Selma Maria
Alves de Jesus e pelo coreógrafo Valdemar Carvalho.
Amarante
possuiu um riquíssimo folclore considerado pelo saudoso professor Noé Mendes,
como um dos mais puros do Brasil. Amarante recebe quase que diariamente visitas
de pessoas interessadas em pesquisar as manifestações populares que se
apresentam espontaneamente nas danças: Cavalo Piancó, no Pagode, especialmente
o do Mimbó, nas Doze Danças Portuguesas, Rodas de São Gonçalo e de São
Benedito, Coco Peneruê, Danças do Balaio e das Peneiras, e muitas outras. Tem
também as narrativas e lendas contadas que são nos terreiros das casas da zona
rural do município.
Cavalo Piancó - Um dos destaques do folclore piauiense é uma
forma de coco que surgiu às margens do Rio Canindé, local da tradição do
plantio nas vazantes. Não se sabe ao certo a data do surgimento e nem o autor
desta dança popular genuinamente amarantina. Atribui-se que o Cavalo Piancó é
originário da comunidade Veredinha. Nos arquivos dos grandes historiadores de
Amarante, encontra-se registrado que nas noites enluaradas, quando se vigiavam
as plantações, rapazes e moças, para afugentar o sono, entretinham-se com a
brincadeira. Dançado aos pares, cavaleiros e damas em círculo, imitando o trote
de um cavalo manco. Os cavaleiros trocam de damas e seguem o enredo dançando e
cantando. O Cavalo Piancó é conhecido em vários lugares do território nacional
e exterior. Divulgado nas grandes emissoras de rádio e televisão, nas
importantes revistas e jornais. Já se apresentou em outros Estados. Participou
há mais de 30 anos atrás de um festival de folclore do Norte e Nordeste do
Brasil na Capital Maceió. Em 1982, o Grupo de Teatro “Nasi Castro apresentou-se
em São Luís, na 4ª Mostra de Danças do Norte e Nordeste, no Teatro “Artur
Azevedo”, com várias manifestações, entre elas o “Cavalo Piancó”. A atriz
Zulmira Bezerra, a popular Sibita, há longos anos, vem sustentando esta tão
apreciada dança folclórica.
As Doze Danças
Portuguesas, folclore originado de Portugal. Em Amarante, tornou-se tradição há
muitas décadas, geralmente bem apresentadas nos momentos culturais de nossa
cidade e nos encontros folclóricos de outros lugares. A folclorista e atriz
Sibita diz por aí afora que As Danças Portuguesas, sempre foram bem
representadas e muito aplaudidas, especialmente nas apresentações em Teresina.
Sibita, uma das maiores colaboradoras da cultura de Amarante, ultimamente vem
se preocupando com a preservação de nossa riqueza popular, ela fala que é
necessário mais incentivo das autoridades governamentais.
Pagode de Amarante é uma cultura rotineira, exibida tanto na
zona urbana como na rural. O pagode de Amarante é convidado a se apresentar em
várias cidades da região, especialmente nos grandes encontros culturais de
Teresina, ultimamente representado pelo Pagode do Mimbó. Esta cultura é
originada do território africano, cantado e dançado por escravos que viviam em
Amarante. Hoje, todos participam desta cultura milenar. Na realidade, o Pagode
amarantino se destaca pela sua grandeza animadora e beleza coreográfica e de
compasso encantador. como “Gonçalo Urubu”. Não conseguimos a sua letra. Em 1959
e 1960, com participações de pessoas de Floriano, foi encenada a manifestação
dos CONGOS, com grande aceitação. Em 1961, os irmãos Marcos e Gonçalo Pio, que
haviam participado desta brincadeira, levaram-na à festa do Centenário da
transferência da Sede da Freguesia e Vila de São Gonçalo, para Amarante, por
solicitação do Padre Isaac José Vilarinho (hoje, Monsenhor), então vigário da
cidade.
Reis de Careta – Cultura popular secular de Amarante,
especialmente na Zona Rural. Este folclore é apresentado anualmente, do Natal
ao Dia de Reis, 06 de janeiro. Há vários grupos no município. Eles são formados
com poucas personagens: um ou dois violeiros cantadores; um batedor de pandeiro;
dois homens com máscaras no rosto (caretas), trajados de roupas velhas
remendadas e até rasgadas, paletó preto, gravata e chibata comprida. Eles são
cômicos e incluem termos satíricos; Burrinha - trata-se de um homem com um
esqueleto de buriti enfeitado de papel de cor rosa e espelhos, conduzido entre
suas pernas como se ele tivesse montado no animal. Às vezes, há outra figura dramática que faz a
função de Maracanã ou Merequenen. Os Reis de Caretas cantam até por longas
noitadas em várias casas, havendo antecipadamente uma combinação. Sempre
acontece em suas exibições, participação de mulheres nas cantorias. No ato do
evento, os folcloristas colocam lenços nos ombros dos donos das casas e recebem
contribuições em dinheiro.
O Reisado e as Pastorinhas apresentavam-se em Amarante no fim
de dezembro e começo de janeiro. O grupo era composto de cigana, rainha e
pastora. Dançavam nas residências com bailados e belas canções, acompanhadas da
orquestra. Era formado por moças de nossa cidade que participavam espontaneamente.
Arrecadavam dinheiro para a Igreja Matriz de São Gonçalo ou fins filantrópicos.
Era bonito, romântico e divertido. Ainda hoje essa tradição é mantida até com a
participação de crianças.
Os Marujos foi um folclore trazido para nossa cidade por um
senhor de São Pedro do Piauí que tinha parentes no Bairro Areias, segundo o
saudoso Francisco Félix da Silva (Chico Félix), pai dos irmãos, Doquinha, Tetê,
Verana, Reis e Manoel Felix. O popular Chico Felix disse ainda para várias
pessoas que este folclore veio de Fortaleza – Ceará. Os Marujos de Amarante
sempre foi representado pelo Bairro Areias por longos anos. Este folclore foi
esquecido por um período, mas, hoje estão resgatando esta tradição.
Os Congos - Cultura
popular que foi muita praticada em Amarante, durante anos através do
folclorista conhecido Reisado das crianças e adolescentes - Recentemente
resgatado por Maria das Dores Batista da Silva, a popular “Dora do Afonso da
Churrascaria Ipanema”. Um show de dança e cântico. Esse encantador folclore vem
se apresentando com sucesso em Amarante, graças à boa vontade desta incansável
amarantina, uma amante da nossa cultura popular. São 22 crianças e adolescentes
do sexo feminino que com competência revivem essa antiga cultura que se
encontrava esquecida. O reisado é composto de personagens: Ciganas, Rainha,
Estrela, Rosa, Cravo, Amor Perfeito (camponesa), Galegas (adoração do
presépio), Borboletas e do carneirinho, companheiro das Galegas. Apresentação:
06 de dezembro a 20 de janeiro. As baixinhas dão um show mesmo.
Bumba-Meu-Boi ou simplesmente O BOI. Era uma das mais
animadas festas da cidade. Numa tarde de final de semana se programava a morte
do Boi. A multidão se aglomerava num curral improvisado. Cedo da noite, farta
comida para os convidados e em seguida festa dançante com música ao vivo até o
dia amanhecer. Registrado na memória do povo e nos arquivos históricos de nossa
gente, os “BOIS” de Antônio Ribeiro (falecido), Paulo Pereira (falecido),
popular Dinga (falecido), Pedro Gregório (falecido) e o da Veredinha. Nestes
últimos anos, esta tradição amarantina está sendo apresentada, até fora de
época, pelos populares Manoel Senhor e Afonso Ti-ti-ti (Velho dfo Rio).
Roda de São Gonçalo é uma tradição religiosa. Conforme os
arquivos de NASI CASTRO, a letra desta cultura adquirida pelo Padre Isaac
Vilarinho (hoje Monsenhor Isaac), então vigário da Paróquia de São Gonçalo, com
Dona Maria das Dores da Anunciação – Dora do Geraldo Rezador – e foi cantada
por um grupo de moças na festa comemorativa do 1º Centenário da transferência
da sede municipal e paroquial ocorrida em julho de 1961.
Roda de São Benedito - novena, dança e cântico em homenagem
ao Santo. Há décadas uma tradição religiosa em Amarante. Depois dos atos
religiosos, muitos se organizam em roda para fazerem coreografia simples num
ritmo bem marcado. São formadas duas fileiras de homens e mulheres, para dançar
e cantar com acompanhamento de violas, em torno de um altar improvisado.
Dança do Balaio - Folclore, esquecido em Amarante. Foi muito
exibida em apresentações culturais escolares e em outros movimentos da nossa
cultura, nos anos 70. O Balaio - dança e música, abrange duas fases, a antiga
que o nordeste, da Bahia ao Maranhão, conheceu durante um século. E a posterior
ou moderna, a partir de 1946, que atingiu todo o Brasil e se projetou no
exterior. Em Amarante, a dança foi apresentada pela primeira vez na Unidade
Escolar Luís Mendes, Bairro Areias, em 1970, através da professora Iracema,
diretora daquele colégio na época, com os ensaios da folclorista e atriz Ely
Sibita, que era inspetora da unidade escolar. Houve uma pequena modificação na
letra da música de O Balaio, executada somente por cânticos e coreografia dos
participantes, sendo que os dançarinos iam ao centro de um em um, até que o
grupo se reunisse.
Dança das Peneiras - Folclore adaptado em Amarante, baseado
na Dança do Café. Não havia no Brasil, nem mesmo em São Paulo, estado
cafeicultor por excelência, uma dança que se prendia ao círculo do café:
plantio, carpa, poda, colheita. No entanto, sabe-se que agricultores paulistas
apresentavam uma dança que reproduzia as várias fases do plantio do feijão,
desde a aração de terra ao ensacamento (cereal). Depois, os cafeicultores a
improvisaram para a comemoração da sua colheita. A dança tornou-se popular em
Amarante, através das apresentações culturais em colégios da cidade. Diz a
folclorista e atriz Ely Sibita que houve uma ajuda da saudosa Ione Silveira na
música e letra do folclore, no momento, esquecido.
“Dança da
Rasteira”. A folclorista e atriz Zulmira
Bezerra (Sibita) conta que na década de 50, em Amarante, ocorria anualmente uma
brincadeira muito engraçada no Bairro Cajueiro, pronunciada como “Dança da
Rasteira” e “Tambor de Crioula”, comandada pela inesquecível amarantina Ovídia
Maria Feitosa, popular Santa Vieira. Tratava-se de um bailado com
característica do tradicional folclore Pagode de Amarante. Os dançarinos se
movimentavam em pares (homens e mulheres) com muito gingado e sapateado
circulando um pau grosso fincado no terreiro da casa da saudosa Santa Vieira,
no qual havia um músico sentado nele, cantava e tocava num tambor. Qualquer distração dos dançarinos, as dançarinas
aplicavam-lhes “rasteiras” desconcertantes e, por diversas vezes, eles caiam
esparramados no chão. O público soltava longas gargalhadas e fazia chacota
deles.
Dança do Tiroli – Trata-se de um bailado muito animado onde o
sapateado se faz presente ao som de várias músicas ao vivo através de
sanfoneiro, cantores. Participação de jovens dançarinos de vários os sexos. Uma
espécie de quadrilha junina, parecida com as “Danças Portuguesas”. Vale
esclarecer que a acalorada dança foi vista no município de Angical do Piauí
pelo professor e folclorista amarantino, Raimundo Dias da Costa. Ele adaptou
outros ritmos e cânticos na Dança do Tiroli para um grupo folclórico do povoado
Conceição, Zona Rural de Amarante. Constantemente, um grupo folclorista daquela
comunidade se apresenta em manifestações culturais da região. Segundo o saudoso
professor Noé Mendes, a expressão cultural Dança do Tiroli, é de origem
indígena.
Coco Peneruê - Outra cultura popular de Amarante, esquecida.
Dança muito exibida na cidade na década de 70. Conhecida em outros lugares do
nordeste como Coco do Sertão. Folclore com característica dos Cocos antigos,
como sejam: formação em roda, sapateado, umbigada, colocação dos pares
vis-à-vis, aspectos estes comuns aos Cocos alagoanos. A dança tem movimentos
circulares ora apresentados pelos dançadores girando em torno de si, ora
descrevendo pequenos círculos entrelaçados, ora progredindo e girando ao mesmo
tempo, dando a impressão de roda viva, a movimentar-se incessantemente,
rodopiando e girando. Nesta versão de roda apresentada em Amarante, os
dançadores cantam o refrão e não há solistas.
Há vários
grupos folclóricos no município de Amarante, na Zona Urbana e Rural. Por
exemplo: Grupos de Teatros: Nasi Castro e Amarantus, que também apresentam
danças folclóricas. No bairro Cajueiro há um grupo que proporciona o “Cavalo
Piancó Mirim”; Pagode Mirim e Grupo de Pagodeiros do povoado Periperi; Grupo
Folclórico das irmãs (professoras), populares Mariquinha e Mundinha; Tiroli,
Reisado de Careta, danças apresentadas por grupos dos povoados Conceição. Na
comunidade Mimbó tem vários grupos de danças: Dança de Rua, Reggae, Pagode e
Dança Afro.
Carnaval antigo - Os registros dos historiadores apontam que
o carnaval antigo de Amarante era uma brincadeira grosseira. Por volta de 1923,
essa festa popular foi melhorando nas atitudes dos foliões. Nesse período, no
jardim da praça da matriz, hoje Praça Padre Virgílio Madeira, houve uma batalha
de confete, serpentina e lança perfume, foi um sucesso. “No domingo antecedente
ao carnaval, à noite, apresentava o Zé Pereira. Senhores, rapazes, senhoras e
moças da sociedade, usando roupas antigas, saiam em grupo, montados em
jumentos, de costas para a cabeça dos animais, portando lanternas feitas de
buriti, forradas de papel de seda com velas acesas dentro. Participavam do
grupo com uma orquestra percorrendo as principais ruas da cidade, tocavam e
cantavam”.
Carnaval
atual – Nestas ultimas três décadas o carnaval de Amarante tomou outra direção.
Em julho de 1997, o Bloco carnavalesco Prabadalar, ligado ao Jockey Clube,
promoveu na Avenida Desembargador - Centro, o primeiro carnaval fora de época
denominado de MICARANTE. Foram duas noitadas de grande público e muita
animação. No mesmo mês e local, a Prefeitura Municipal de Amarante, governo de
Dr. Adoniais Prestes, promoveu a AMAFOLIA. Particulares estão mantendo
anualmente, no mesmo período e lugar, o carnaval fora de época. Em 2010, esta
festa popular, aconteceu na Avenida Dirceu Mendes Arcoverde – Centro. No 2º
governo de Dr. Miranda (2002 a 2005), com o incentivo do professor Virgílio
Queiroz, na época, Secretário Municipal de Cultura, a prefeitura deu início ao
patrocínio anual do carnaval de período tradicional na Avenida Desembargador
Amaral para todas as classes sociais: 04 bailes noturnos e dois vesperais
(baile das crianças). A partir da prática desse evento popular em vias
públicas, o habitual carnaval dos clubes, foi extinto.
Lendas,
crendice de milhares de amarantinos.
O Capa Verde
- Dizem que no fim dos tempos, o suposto “Capa Verde” sairá pelo mundo
distribuindo dinheiro. Com a nova lei que dá direito aos trabalhadores rurais,
o saudoso Senhor Zeca Moura procurou o inesquecível Senhor José Sabino de Sousa
e deu-lhe instruções para entrar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Amarante, que depois ele se aposentaria. Não houve quem o fizesse, porque
acreditava que este dinheiro é do “Capa Verde”.
Caipora -
Lenda sempre contada em Amarante por velhos caçadores, que o diga o ex-caçador,
popular Genésio Moriço, um dos maiores conhecedores das matas da região e de
plantas medicinais. Segundo ele, o Caipora é um protetor das caças e que
dificilmente aparece para o caçador, mas gosta de marcar presença
invisivelmente quando ele sente coisa que não é do seu agrado, especialmente
quando se procura caça de quinta para sexta-feira. Genésio afirma que já se
deparou com o Caipora por diversas vezes. Ele é um homem preto do tamanho de um
anão e gosta de fumo de corda. Genésio Moriço diz ainda, que trinta anos atrás,
um de seus cachorros levou uma grande surra do Caipora porque ele estava
caçando no dia da noite que o suposto Caipora mais evita a caçada. O cão passou
sete dias sem comer e nunca mais quis acuar caça.
Lobisomem - Outra lenda que faz parte da cultura popular de
Amarante. É uma metamorfose de lobo e homem, que agride as pessoas em lugares
escuros. Uns dizem que o lobisomem é uma espécie de ser humano coberto por uma
grande capa, outros falam que o bicho é todo cabeludo. O cabo Caetano, o
popular Tita, diz ter deparado com um grande lobisomem, trinta anos atrás, na
ponte do rio Canindé e, com um facão, travou uma briga com o suposto animal,
botando o bicho para correr. O radialista Carlos Alberto disse há poucos anos
atrás, numa madrugada, surgiram uivados estranhos nos arredores do bairro Alto
Alegre. Ele atribuiu isso a uma suposta aparição de um lobisomem.
Cabeça de Cuia - Segundo historiadores, esta lenda partiu de
ribeirinhos do Rio Poti. Em Amarante ela é dançada e cantada. Dizem que o
“Cabeça de Cuia” costuma aparecer nas enchentes dos rios Parnaíba, Poti,
Canindé e Mulato. O empresário de transportes fluviais, popular Miguelinho (pai
do professor Demir), que se encontra com saúde debilitada, disse em várias
ocasiões para historiadores e pessoas comuns de Amarante, que já ouviu muitas
pessoas ribeirinhas dizer que já viram o “Cabeça de Cuia” nas águas de nossos
rios. É uma história de um pescador (Crispim) que agride a sua mãe com uma
ossada devido não ter a alimentação por ele desejada na mesa e, por isso,
recebe um castigo de se transformar em um monstro que viverá eternamente no rio
até que consiga devorar sete moças virgens.
O Carneirinho de Ouro da Serra de São Francisco do Maranhão.
Esta lenda é contada com detalhes nos arquivos da saudosa NASI CASTRO. “Os
antigos contavam que existia uma corrente de ouro que ligava o morro de
Amarante à serra de São Francisco do Maranhão, passando por baixo do rio
Parnaíba. Na serra de São Francisco havia um carneiro de ouro, encantado, que
tinha uma estrela na testa e às vezes corria de um lado para o outro da serra
esperando que alguém encontrasse a corrente para desencantá-lo. Diziam que
ouviam um berro do carneiro”.
“Mãe D’agua” - Lenda muito comentada em Amarante. Dizem que
foi uma moça que se encantou. O físico é de uma mulher de altura normal, bem
alva, cabelos compridos e pretos, o seu pente é de ouro; gosta de sentar-se em
pedra grande no rio, ou em poço, e quando o rio é pequeno, ela gosta de subir pelo
meio do rio. Salva qualquer criança, mesmo já grande, o custo é achar de jeito
e ser pagã”. A folclorista Sibita diz conhecer muita gente que afirma ter visto
a Mãe D´agua nos rios Parnaíba, Canindé e Mulato. Ela diz ainda que há longos
anos atrás numa grande enchente dos rios Parnaíba e Canindé, surgiu em Amarante
um grande surubim de escama que chegou assustar banhistas e pescadores. Afirma
que chegou à nossa cidade um mergulhador profissional de muito longe para
constatar a existência do inédito peixe. Ele descobriu uma loca profunda
partindo do antigo “Porto do Quartel” até debaixo da Igreja Matriz de São
Gonçalo.
Gambirra - Há mais de 30 anos atrás, comentava-se muito em
Amarante do aparecimento de uma figura estranha e monstruosa nos arredores de nossa
cidade, apelidada de Gambirra. O saudoso Pedro Antônio Gramoza contava com
detalhe a suposta aparição do monstro que deixava muitos apavorados. Diziam que
o Gambirra tinha o formato de um esqueleto humano e uma altura de
aproximadamente, seis metros. Diziam ainda, que ele atravessava a BR 343 numa
só passada e provocava acidentes nos carros que trafegavam na velha estrada.
A folclorista e atriz Zulmira Bezerra, a popular Sibita, é
também contadora de histórias tenebrosas. Diz que em Amarante, às margens do
rio Parnaíba, existe uma lontra que costuma botar o povo para correr. Segundo
ela, trata-se de um animal encantado e já foi vítima da fúria dele. Diz ainda
que a suposta lontra fica furiosa com as pessoas somente no período de lua
cheia ou se o pescador tiver pescando muito peixe.
Besta-Fera tornou-se uma lenda de Amarante. “A Besta-Fera é
voraz, porém está presa e quando se solta vai devorar gente. Ela come, mas não
se farta, devora o que encontra, tem preferência pelos amancebados,
principalmente se são compadres, por isso nos dias grandes da Semana Santa, os
que vivem dessa vida de pecados separam-se com medo da Besta-Fera. Na casa em
que a Besta-Fera chegar e tiver o Coração de Jesus na parede, ela volta da
porta. Ela também não anda em casa que tiver desenho de uma cruz nas portas e
janelas e nem em casas cujas portas sejam de esteiras, porque as palhas são
cruzadas”. A saudosa beata “Paixão do Vilô” dizia que a assombração também
matava no susto. Conforme ela, era costumeiro compadre ou comadre amanhecer
morto por causa da aparição do monstro.
Mulhar
Misteriosa é uma suposta alma penada que anda pedindo carona de carro e
motocicleta na BR 343, nas proximidades da cidade de Amarante. Segundo
Vitoriano, trata-se de uma jovem muito bonita que morreu de acidente rodoviário
na popular ladeira do “Felinto Moreira” - entre Amarante e Regeneração, em
consequência da colisão de um automóvel e um ônibus há 17 anos atrás. Vários
motoristas e motoqueiros de Amarante e de outros lugares comentam terem dado
carona para a mulher misteriosa.
Vitoriano, Zé do Estevão, Marcos Venícios, Zé Piulino e o professor
Adriano da Guia, acolheram a suposta alma penada nos seus transportes. O
radialista e ator, Josemar Coelho, o popular “Chibio”, contava uma interessante
história. Ele dizia que uma linda jovem lhe pediu carona na saída de Amarante
quando ele se dirigia para Teresina. Tratava-se de uma mulher muito bonita,
possuidora de um perfume embriagador, como nunca ele havia sentido. Ao chegar à
cidade de Água Branca, ele avisou à jovem que iria a um bar na esquina e
voltaria em poucos minutos. Ao voltar, para sua surpresa, a mulher havia
sumido. Perguntou às pessoas que estavam nas proximidades e ninguém sabia. Um
moço que estava sentado em um banco, disse: “que mulher? Você chegou aqui
sozinho! Eu até disse, esse homem deve estar é doido, falando sozinho!”.
Josemar nunca mais quis viajar só e nem dá carona para mulher em beira de
estrada.
Mulher dos dentes de ouro. Esta suposta criatura continua
aparecendo na BR 343. Populares dizem
que a suposta aparição ocorre com frequência nas proximidades da Parada do Cego
deste município. Poucos anos atrás, o radialista Josemar Coelho, vulgo Chibio,
que sempre noticiava na Rádio Cidade Azul, depoimentos de pessoas afirmando
terem visto a “Mulher dos Dentes de Ouro”, passou uma noitada na região para
verificar o que realmente estava acontecendo por lá. Surpreendentemente, Chibio
quando se encontrava de frente à casa de um velho conhecido, se assustou com
uma espécie de jumento se espojando no chão e gemendo com fala estranha. Não
era a mulher dos dentes de ouro e sim a “Mula Cinzenta” que, conforme moradores
da região, tratava-se de um homem que vivia maritalmente com uma filha
deficiente mental.
Animal estranho - Surge em Amarante comentário da aparição de
um grande animal estranho. Dizem que é um bicho cabeludo e assustador,
aproximadamente do tamanho de um jumento médio, com característica de uma
porca. O simpático “Riba do Cícero Casadinho” já ouviu rumores de coisas estranhas
próximo ao seu terreno (Bairro Limoeiro). Ele reafirma o que os outros dizem: o
animal solta esturros e fede muito. Por onde ele passa, fica o cheiro
insuportável que demora por muitos dias.
Textos do livro: AMARANTE, PERSONALIDADES E FATOS MARCANTES