Discurso de posse no IHGP
Reginaldo Miranda
Senhoras e Senhores!
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo
para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes, 3).
Eu sempre nutri o desejo de
ingressar e fazer parte do Instituto Histórico e Geográfico da minha terra. Mas
soube esperar o tempo certo.
Agora é tempo de ingressar e de
ajudar a reedificar essa instituição cultural.
Houve o tempo de fundar, o tempo
de realizar e até o tempo de hibernar. Houve o tempo de reconstruir e agora é
tempo de festa! É o nonagésimo nono aniversário de sua fundação. É tempo de
preparar a comemoração do centenário, cuja contagem cronológica começou há 99
anos, num dia como hoje. Feliz o Estado do Piauí, porque tem a oportunidade e
está no tempo de comemorar o centenário de fundação de suas mais importantes
instituições culturais: A Academia Piauiense de Letras e o Instituto Histórico
e Geográfico Piauiense, fundados, respectivamente, em 1917 e 1918.
Eleito pela unanimidade de seus
membros, estou aqui para somar, como já o fiz e estou a fazer na Academia
Piauiense de Letras.
O tema de nossa fala, nesta
solenidade, por sugestão do presidente Fonseca Neto, é a apresentação de um
Censo Descritivo da zona rural do antigo Município de Oeiras, finalizado em
1763. Mas, antes de apresenta-lo é preciso dizer algo para contextualizá-lo.
Embora o primeiro Censo
Demográfico Brasileiro date de 1870, sempre foi interesse de Portugal, desde o
início da colonização, conhecer os seus domínios, sobretudo as possibilidades
econômicas, as fazendas e a população que o povoava.
Nesse contexto, não podemos
esquecer que a Igreja era um braço do Estado, razão pela qual, de tempos em
tempos, era recomendado às autoridades eclesiásticas que procedessem ao
arrolamento das populações em suas jurisdições. Então, esse levantamento
populacional era feito durante as desobrigas, quando o vigário tinha a
oportunidade de viajar pelos sertões longínquos para confessar, batizar e
casar, tempo em que, conforme as circunstâncias e as ordens recebidas, anotava
os fogos e relação de seus moradores.
Nessa altura, tal qual um
romancista, é bom relembrar das dificuldades enfrentadas por esses apóstolos da
boa-nova, esses pregadores do Evangelho, vencendo toda sorte de adversidade ao
lançarem-se em suas desobrigas, pelas estradas íngremes do sertão inóspito. Nós
pegamos um documento desse hoje e, às vezes, nem pensamos nas circunstâncias em
que foi produzido. O acordar cedo, ao romper do dia, com o canto dos primeiros
galos varando o silêncio da madrugada; o gole de água fria, de cacimba,
apanhado com o caneco no pote de barro; o café quente, o leite fresco colhido
há pouco, na vaca que ainda remoe o alimento no curral vizinho; o beiju de
massa com carne assada de boi ou torresmo de porco do Piauí Colonial; em
seguida, a cela posta sobre o cavalo esquipador ou o burro de marcha, as cilhas
arrojadas e as esporas nos pés; a montaria e trotar pelas veredas tortuosas das
caatingas e chapadões do Brasil Central, entre o capim agreste, o campo mimoso
e a mata raleada, entre um pequizeiro e outro, uma faveira tortuosa, o
puçá, o ananás, o buriti no terreno
embrejado, assim como o mel de abelha vão saciando a fome advinda do percurso
mais enfadonho; e o animal de montaria ganhando a estrada, controlado entre as
bridas do cabeção e o supapo das
esporas, ouvindo-se ora o toc-toc na pedra seca dos escalvados e escarpas
serranas, ora a pisada macia no terreno arenoso; nesse caso buscavam os nossos
pioneiros o destino almejado, onde desde muito já havia passado um positivo ou
a embaixada, para avisar aos fazendeiros da desobriga do vigário; para o
almoço, parece até que estou lá, viajando no tempo e no espaço, tal qual num
filme hollywoodiano, vendo aquelas senhoras interioranas, velhas matriarcas de
outrora, abatendo os capões gordos desde há muito empapados com alimento cozido
e para a ocasião, as panelas cheias, capões, galinhas, carne de boi, bode,
carneiro e porco, assada e cozida, com maria-isabel e baião-de-dois; a extensa
mesa de madeira da fazenda posta, as travessas cheias e o almoço animado; à
noite, o pouso em outro ponto da jornada, tudo adredemente preparado; nas
fazendas e povoações geograficamente mais bem localizadas, os fiéis vinham ao
encontro da comitiva do vigário; eram outros tempos e outros costumes, maiores
as dificuldades mas o nosso sertanejo as vencia com bonomia; todo mundo feliz,
pecados confessados, crianças batizadas, algumas já taludas, jovens mancebos
casados e o padre com a barriga farta e a algibeira cheia!
Nessa conjuntura, podemos dizer
sem medo de errar, que o primeiro recenseamento populacional feito em
território piauiense foi realizado em duas desobrigas pelo vigário da freguesia
do Rodelas, à qual éramos parte, padre Miguel de Carvalho e Almeida,
respectivamente, em 1694 e 1697, concluindo-o nesse ano e encaminhando ao Bispo
de Pernambuco, D. Francisco de Lima, a que denominouDescrição do sertão do
Piauí. Nesse primeiro recenseamento descritivo, encontrou aquele vigário uma
população de 605 cristãos batizados, sendo 441 moradores em 129 fazendas e 164
morando entre uns olhos d’água e um arraial de paulistas, que deu origem à
cidade de Valença. Era o contexto da fundação da freguesia, freguesia de Nossa
Senhora da Vitória, em 3 de março de 1697.
Vale aqui ressaltar para em
seguida comparar, a população residente nos principais vales que iriam compor o
Município de Oeiras depois do desmembramento das seis vilas iniciais: vales do
Canindé, Piauí e Itaim, embora esses dois últimos integrem a bacia do primeiro;
no Médio-Parnaíba, que ele diz Canindé abaixo, até as imediações do atual termo
de Curralinho e Palmeirais, ainda não havia fazendas. Naquela época esse
território oeirense possuía uma população cristã católica de 227 moradores,
entre livres e escravos, fruto de mais de trinta anos de colonização, desde as
primeiras entradas de Jorge Velho e Mafrense, assim distribuída:
Vale do Canindé: 30 fazendas,
sendo 20 no curso do próprio rio, 5 no afluente Tranqueira e os demais, Serra
Talhada, Corrente, Mocambo, Buriti e Tranqueira, cada qual com uma fazenda, ao
todo com 94 moradores.
Vale do Piauí com o afluente
Mocaitá: 24 fazendas onde moravam 97 pessoas.
Vale do Itaim com seus afluentes
Guaribas e Frade: 14 fazendas com 36 moradores.
Médio Parnaíba: ele diz, para
baixo da barra do Canindé não há fazendas.
Vamos guardar essas informações
porque à frente pode-se fazer comparações.
É importante ressaltar, que a
população moradora nas cabeceiras do rio Gurgueia, então chamadas de rio
Gilbués, no dizer do Ouvidor Morais Durão, já bem povoadas, não integram a
Descrição do Padre Miguel de Carvalho e Almeida, porque ficaram pertencendo à freguesia
de São Francisco da Barra do Rio Grande. Essa região somente passou ao termo da
freguesia da Vitoria em 1702, em troca do território da Vitória, que encostava
no rio São Francisco, altura hoje dos municípios de Juazeiro e Casa Nova. Foi a
solução encontrada para manter a integridade territorial de Pernambuco, depois
que os dízimos piauienses passaram a ser cobrados no Maranhão. É que a
freguesia da Vitória encostava no Rio São Francisco, separando as freguesias de
Nossa Senhora da Conceição de Cabrobó, ou Quebrobó, como primitivamente se
chamava a paróquia do Rodelas de Cabrobó ou de Cabrobó e Rodelas, da de São
Francisco da Barra do Rio Grande, hoje cidade da Barra, na Bahia. Foi essa a
primeira permuta territorial que fez o Piauí.
Sobre a data da anexação desse
território ao Piauí, esclareceu o Ouvidor-geral Antônio Marques Cardoso, em
correspondência a El Rei datada de 29.6.1727. Segundo ele, naquele ano “pelos
oficiais da Câmara da vila da Mocha se elegeram dois juízes, (sendo) um para o
Riacho do Parnaguá, vindo à freguesia de Nossa Senhora da Vitória, da mesma
vila, em o ano de um mil setecentos e dois” (AHU 016, Cx 1, Doc. 59).
Complementando essas informações,
no ano de 1725 Manoel do Rego Monteiro e Feliciano Pereira Bacelar,
contratantes dos dízimos do Piauí e Riacho de Parnaguá, enfrentaram forte
oposição dos pernambucanos para executarem o contrato. Então, esclarecem em
petição que a anexação dos sertões de Parnaguá à freguesia da Mocha e
consequente a cobrança dos dízimos no Maranhão, deu-se porque correm as
vertentes dos rios daquelas paragens para a Capitania do Maranhão, sendo “o
Parnaíba rio caudaloso, donde em embarcações se atravessa para o Maranhão,
cujas razões foram causa de se ordenarem os seus dízimos para o Maranhão, e não
para Pernambuco que fica em distância de mais de duzentas léguas”(AHU –
Maranhão – Doc. 1455).
Assim, fica esclarecido que o
território de Parnaguá foi anexado ao Piauí em 1702, atendendo ao curso das
águas e às facilidades de comunicação, assim como, é óbvio, cedeu em troca as
terras que margeavam o rio São Francisco, para não sofrer descontinuidade
territorial a Capitania de Pernambuco.
Por fim, sobre aquela região ser
conquistada e povoada ao tempo do Padre Miguel de Carvalho, sabemos das
entradas de Francisco Dias d’Ávila e seus aliados da Casa da Torre, desde 1674;
e das concessões de sesmarias a partir de 1676, fato que é público e notório.
Interessante que, ao pedir
confirmação de sesmaria por volta de 1730, justifica o fazendeiro Paulo
Carvalho da Cunha, morador em Parnaguá:
“que o Capitão mor dela Manoel
Álvares de Souza, descobriu e desinfestou do gentio em o ano de seiscentos e
oitenta e oito, o sertão do rio chamado Paraim, naquela dita capitania, em a
qual paragem povoou e situou várias fazendas de gados para o seu parente e
sócio Capitão mor Balthazar Carvalho da Cunha, já defunto” (AHU, Cx. 18. Doc.
1868).
Do mesmo período, há um pedido de
confirmação de sesmaria formulado por “Maria Álvares de Sousa, solteira, filha
do Capitão mor Manoel Álvares de Sousa, moradora na Capitania de Parnaguá, que
o dito seu pai, entre o mais sertão que descobriu à sua custa e desinfestou do
gentio bravo, como tem sido notório, é o sertão e Rio do Gurgueia, donde tem
sua origem o dito rio, correndo do poente para o nascente, e donde faz barra o
rio Paraim” (AHU. Cx 18. Doc. 1870).
Por fim, sobre a existência dessa
povoação, àquela época, basta citar o testemunho do padre Miguel de Carvalho em
seu relatório, a saber: “em o ano de 1694, quando desta povoação [da Mocha]
atravessei para o Parnaguá”; e em outro trecho, ainda referindo-se ao mesmo
destino: “Até chegarmos à povoada”.
Ainda no recuado ano de 1697, foi
designado o padre Inocêncio de Carvalho e Almeida para “desobrigar os moradores
dos confins do rio S. Francisco e os da Lagoa de Parnaguá e Rio Preto”.
Por fim, em 1698 o rei D. Pedro
II, de Portugal, escreve ao governador geral D. João de Lencastre, que recebeu
representação por parte, entre outros, dos moradores do povoado da Lagoa de
Parnaguá.
Certamente, existe outra
descrição dessa freguesia de São Francisco da Barra do Rio Grande, instalada no
mesmo período e pelo padre Miguel, onde deve encontrar-se relacionada a
população do Alto Gurgueia, Gilbués, Curimatá, Paraim e Parnaguá. Esse
documento está à espera de quem o encontre e o interprete, ajudando a
compreender o povoamento daquela região do extremo sul piauiense. Há de ser
encontrado!
Mas deixemos o padre Miguel de
Carvalho e Almeida, natural de Bragadas, em Ribeira de Pena, vigário do
Cabrobó, sobre quem há pouco escrevemos ensaio biográfico; deixemos sim, mas
fazendo-lhe as devidas reverências e vamos ao encontro de outro pároco, o vigário
de Oeiras na segunda metade do século XVIII, padre Dionísio José de Aguiar,
polêmico vigário da era pós-jesuíta. Foi ele o responsável pelo segundo
recenseamento de que estamos a analisar, concluído em 1763.
Esse novo recenseamento, o Censo
Descritivo de Oeiras é realizado em outro contexto, o de instalação da
Capitania, em 20 de setembro de 1759. Porém, dada às dificuldades de coleta dos
dados na extensa faixa territorial, somente foi concluído quatro anos depois da
referida instalação.
É importante ressaltar que
trata-se da zona rural daquele antigo município, porque o da zona urbana e
suburbana, até distância de uma légua, já havia sido publicado na Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Oeiras. Este não, é inédito e o localizei
na documentação digitalizada do Arquivo Histórico Ultramarino, de Lisboa.
Estava ali repousando à espera de quem o amanhasse e interpretasse as suas
entranhas. Datado de 29 de maio de 1763, foi, porém, realizada a pesquisa no
ano anterior, sendo um conjunto de róis de desobrigas feitas pelo vigário
Dionísio José de Aguiar, presbítero do hábito de São Pedro e vigário colado da
freguesia de Nossa Senhora da Vitória. Explica ele assim o seu recenseamento:
“Certifico que nesta Relação
mandei fielmente traslados pelos róis das desobrigas do ano próximo passado
todos os nomes das fazendas e roças, que se compreendem do Distrito desta
Freguesia, fora da distância de uma légua, ao redor desta cidade, e debaixo do
título de cada uma fazenda ou roça, os nomes das pessoas, e número dos escravos
e escravas que nelas se achavam, não se compreendendo destas, aquelas que
ainda, que ficam fora da distância de uma légua, se acham situadas pela margem
dalém Canindé, por me dizerem, serem desnecessárias, por se acharem já
compreendidas em outra Relação; vão os fogos divididos com uma risca, tudo na
forma, que se achava nos ditos róis. Ita in fide Parochi (Assim na fé do
pastor). Oeiras, 29 de maio de 1763. O vigário Dionísio José de Aguiar”
É este um documento
importantíssimo para se interpretar em conjunto com outros e se conhecer sobre
o povoamento de extensa área do Médio-Parnaíba, centro sul e sudeste do Piauí.
Isto porque o antigo Município de Oeiras era formado por toda a bacia dos rios
Canindé e Piauí, daí o equívoco daqueles que colocam o Município de São
Raimundo Nonato, como desmembrado do território de Jerumenha. Não, as
cabeceiras do rio Piauí, e todo o seu curso sempre pertenceram ao termo de
Oeiras. Existe farta prova a respeito. E caso não fosse, a simples existência
desse Censo Descritivo seria suficiente para comprovar o que venho afirmando. O
rio Itaueira, sim, é que pertencia a Jerumenha. Então o limite entre esses dois
municípios era a cumeada serrana que separa as nascentes e águas das duas
bacias.
Para cima, as águas que correm
para o Gurgueia formavam o termo de Parnaguá e as que correm para o rio Piauí,
formavam o termo de Oeiras, sendo fácil de constatar que o atual território de
Caracol pertencia a Oeiras e o de Avelino Lopes a Parnaguá. Portanto, é preciso
revisar esses mapas geohistóricos e o documento que ora divulgamos é importante
subsídio para essa revisão.
A Nordeste, pertencia ao velho
termo de Oeiras, todas as nascentes, terras e fazendas da bacia do Itaim e ao
de Valença as da bacia do Berlengas, sendo o dorso das chapadas intermediárias
o divisor dos dois termos. É uma linha natural fácil de ser traçada.
Por fim, no Médio Parnaíba o
termo de Oeiras acompanhava o curso do rio Parnaíba, Canindé abaixo sempre pelo
divisor de águas das bacias do Berlengas e, depois, das do Poti, pertencendo ao
de Oeiras o território dos atuais municípios de São Gonçalo do Piauí, Água
Branca, São Pedro, Agricolândia, Miguel Leão, Curralinho e Palmeirais.
Portanto, percebe-se que esse
documento é fonte essencial para o traçado dos limites do antigo termo de
Oeiras e, por via de consequência, daqueles outros termos que lhe são vizinhos.
Essa é a primeira leitura que se lhe pode fazer.
No entanto, outra leitura
importante que sugere esse documento é a da formação das fazendas e ocupação do
território piauiense, a partir dessa extensa área, porque ele vai nominando
cada sítio ou fazenda e indicando as famílias que ali residem. Veja a riqueza
que traz, isto em 1763, podendo ser comparado com aDescrição do Padre Miguel de
Carvalho, de 1697, e, assim, estudada com dados técnicos a evolução do
povoamento nessas bacias hidrográficas no espaço de 66 (sessenta e seis) anos
que separam os dois recenseamentos descritivos. Que coisa bacana!
Por outro lado, a análise desse
documento e de seus núcleos populacionais em meados dos mil e setecentos,
contexto da implantação da Capitania, permite-nos identificar a origem de
diversas comunidades do Piauí atual, muitas delas com história escrita como se
tivessem nascido ontem. Portanto, é outra interessante leitura que se pode
fazer. Eu mesmo já divulguei artigos, com supedâneo nesse documento,
identificando as origens de São Gonçalo do Piauí, Arraial e Bocaina; mas lá
estão também as origens de Picos, Sussuapara, São Pedro, entre outras.
Por fim, gostaria de chamar a
atenção dos estudiosos da genealogia piauiense para a riqueza que traz o Censo
Descritivo sobre a origem e formação de nossas famílias colonizadoras. Em cada
fazenda são nominados todos os moradores, pais, mães, filhos, irmãos, etc., de
forma que vai esclarecer dúvidas, preencher lacunas e ajudar a reconstituir a
origem das primeiras famílias piauienses, aquelas que estavam nesse extenso
território, no tempo de fundação da Capitania. Pena é que ainda não temos
semelhante estudo referente aos outros termos. Para exemplificar, nas
imediações da atual cidade de Amarante, Canindé acima, estava a fazenda Lagoa
do Meio, onde moravam, entre outros, Manoel da Costa Muniz e sua mulher Maria
da Silva Reimoa; Matias Correia da Silva e sua mulher Marta da Costa; Hilário
Rodrigues Nunes e sua mulher Páscoa de Magalhães; nas mesmas imediações, na
fazenda Graciosa, morava Ascenso da Costa Veloso e sua mulher Floriana Maria de
Jesus, com três escravos.
Na fazenda A Volta, Poções e Ferramenta, morava Maria do
Rego Monteiro, filha do capitão-mor Manoel do Rego Monteiro e viúva de Hilário
Vieira de Carvalho, em companhia de diversos filhos, entre esses o reverendo
vigário Custódio Vieira de Carvalho; na vizinha fazenda Juazeiro, moravam ainda
dois filhos desse distinto casal, em fogos diferentes: Manoel do Rego
Monteiro(2º), com a esposa Maria Teixeira; e Florência do Rego Monteiro com o
esposo Manoel José dos Santos, este último casal, pai de Tomé do Rego Monteiro,
que mudou-se para o Estanhado, onde deixou importância descendência, entre
esses o Barão de Gurgueia.
E por aí segue o documento,
indicando as fazendas, muitas delas hoje sede de povoados e cidades, bem como
os seus moradores, quase todos portugueses, fundadores de numerosas e distintas
famílias piauienses, entre essas: Miranda(fazenda Buriti), Ribeiro Soares
(fazenda da Onça), Pereira da Silva (fazenda das Mutucas), Vieira de
Carvalho/Rego Monteiro (fazenda A Volta), Moura Fé (fazenda Buraco), Mendes
Vieira (fazenda Talhada), Barbosa de Carvalho (Fazenda do Frade), Borges Marim
e Borges Leal (fazenda Bocaina), Abreu Valadares (fazenda Palmeira de São
Tiago), Macedo (fazenda das Almas), Dias (fazenda São Lourenço), Paes Landim
(fazenda Santo Antônio), Afonso Sertão (fazendas Conceição e Santa Maria),
Gameiro da Cruz (fazenda Porto Alegre), etc.
Por fim, a cidade de Oeiras e
seus subúrbios, tinha 270 fogos, onde moravam 655 pessoas livres e 465
escravos; mais 60 militares da Companhia de Dragões, que a guarnecia; e a zona
rural, com 324 fogos em 69 fazendas, onde moravam 1411 pessoas livres e 1084
escravos; também, dois aldeamentos indígenas, sendo o denominado Cajueiro, dos
índios Jaicós, com 28 fogos e 354 habitantes; São João de Sende, com 30 fogos e
337 habitantes. Existe resumo populacional das demais vilas, assunto já
divulgado em outras publicações, sendo esse o que nos interessa para o presente
momento.
É este o documento que lhes
apresento nesta manhã, manhã de alegria em que os presenteio por ocasião de meu
ingresso no Instituto Histórico e Geográfico Piauiense. Certamente, muitas
outras leituras se lhe poderão fazer e, acredito, serão feitas! Obrigado pela
atenção! Abraço!