Cunha e
Silva Filho
Não se pode ignorar que poetas e mesmo
ficcionistas não utilizem os recursos das
epígrafes com intenção inócua ou
gratuita. As epigrafes, a nosso ver, configuram verdadeiros
ícones, indiciam preferências, gostos, definem adesões ou
filiações a períodos literários, fases de
vanguardismos em voga ou mesmo já superadas.
Podem estar, portanto, fazendo alusões ao
presente, ao passado próximo ou mesmo
antiquíssimo, recorrendo a autores gregos e
latinos ou de outras procedências não ocidentais. .No
período romântico da literatura brasileira, foi
largamente empregado e é bem provável que, a
partir do Romantismo, as obras de nossos autores
tornaram o recurso da epígrafe uma prática
generalizada, segundo podemos ver em Gonçalves
Dias(1823-1864), Castro Alves(1847-1871), Álvares de
Azevedo(1831-1852), Casimiro de Abreu (1839-1860), entre
outros.
O
crítico e ensaísta Fabio Lucas, em estudo bastante
original,, sintetiza bem o nosso ponto de vista: “O
clima intelectual, não há dúvida, transpira copiosamente
das epígrafes.”[1]
Dessa
forma, elas podem funcionar como um
indicador literário ou ideológico. Seu emprego é vasto na
literatura universal, Amplo também no campo do ensaísmo em todos os
ramos do saber.
Na
definição do poeta, crítico e ensaísta Gilberto
Mendonça Telles, as epigrafes, para ele são
um tipo de discurso paralelo, atuam em dois
sentidos, servem de abertura para um texto novo e ao mesmo
tempo sinalizam a sua própria procedência: “...
funcionando como elemento de relação do texto com o contexto e
sendo, portanto, um dos indicadores culturais da
obra.”[2]
Por
sua vez, o estudioso Carlos Reis ainda lembra
um outro tipo de relação
intertextual, de que a epígrafe é um dos exemplos, chamado
de paratexto, no qual se enquadram outros textos
tais como o prefácio, o posfácio, a dedicatória.
Segundo Reis, a epígrafe “... invoca
uma palavra autoritária, que é a de um autor ou
obra com reconhecido peso cultural. e ainda acrescenta
que essa palavra pode-se desdobrar em
mais de uma finalidade ou função: temática,
ideológica, “veladamente” com
inclinação axiológica ou ainda uma função
“meramente reverencial” pela qual um autor estabelece uma
forma de “ascendência” reconhecida de um autor
citado pelo autor que cita. [3]
A
escolha de uma epígrafe é um fato deliberado,
consciente, um índice, como já referi, pelo qual um
autor pressupõe sugerir uma identidade ou afinidade de
uma dada situação da sua própria obra com o fragmento
citado. Neste sentido, vale também como relação
dialógica entre textos de um autor com outro ou outros.
Por
outro lado, a epígrafe, mostra a escolha de um trecho
de extensão pequena ou um pouco maior de uma
obra que representa uma espécie de ápice da semiotização
entre um texto – o do autor que cita –e do autor ou autores
citados. Esse cruzamento de textos, exprimiria, em geral,
a ideia de uma comunhão de visões pessoais, a chancela
de uma autor consagrado, ou poderia até ser usado
como mera peça decorativa para impressionar
terceiros.
Na
obra de Da Costa e Silva (1855-1950)[4] comparecem
pouquíssimas epígrafes, ou seja, somam ao todo, cinco.
Os autores das epígrafes, na ordem, em que
aparecem na obra dacostiana são: Verhaeren (1855-1916)
na obra Zodíaco (1917) em que, abaixo da citação
de Verharen há um outor paratexto, uma comovente dedicatória
ao Piauí, estado natal de Da Costa e Silva[5]
Verhaeren, no poema homônimo, editado em 1917,
constituído de um único poema; Rubén Darío(1867-1916),
na obra Pandora(1919);.Shakespeare(1564-1616 )na
obraVerônica(1927), que se inicia com um poema isolado,
de título homônimo e seguido da primeira parte
dessa obra, “Imagens da vida e do sonho.” Na segunda
parte da mesma obra, “Imagens do amor e da morte”, existe
uma epigrafe feita apenas de uma frase,
fragmento de uma carta de Heloísa, sobrinha do
cônego Fulbert, dirigida a Abelardo, teólogo e filósofo francês.
Ainda
na segunda parte de Verônica, há uma dedicatória
para Alice, a primeira esposa de Da
Costa e Silva, o que também, sendo uma dedicatória,
constitui uma paratexto, da mesma sorte que em Pandora,
abaixo da epígrafe de Rubén Darío, há uma
outra dedicatória em latim dirigida a um irmão de
Da Costa e Silva, formando mais um paratexto.
As
epígrafes poéticas, ademais, dão
manifesta evidência de uma autor sintonizado com o fenômeno
poético entendido na sua mais elevada
significação. Neste ponto, pode-se perceber
o quanto ele foi um poeta atualizado.
Os
grandes expoentes da poesia francesa da nova poética
ocidental, servindo para ilustrar Verhaeren,
Verlaine1844-1896), Mallarmé (1842-1898), Baudelaire
(1821-1867), entre outros, foram-lhe leituras frequentes
e por certo por ele assimiladas em
alguns aspectos, quer temáticos, quer formais.
Vejamos,
agora, a primeira epígrafe, extraída de um dos
poemas da obra Les forces tumultueses (1902):
de Émile Verhaeren, poeta da admiração de Da Costa e Silva:
Oh! Ma
misère et ma gloire, cerveau
PA
lais de ma
fierté, cave de ma torturre,
Contradictoire
amas de problêmes nouveaux
Qui
s’acharnent sur la nature.[6]
[Oh! Minha
miséria e minha glória, cérebro
Palácio
de meu orgulho, refúgio de minha tortura,
Contraditória
soma de problemas novos
Que se
enfervoram na natureza.] [7]
Não custa nada
perceber a tensão dialógica entre os versos acima e a
substância temática deZodíaco: a natureza e tudo aquilo que
ela problematiza na consciência do bardo, A consciência
aguda dos problemas torna muito mais sofrida a
existência de quem sobre eles medita. É glóriaporque se
transmuda em Arte; é miséria porque não concorda com a
acomodação e a indiferença. A Arte é uma resposta à
insatisfação, à injustiça ou indignação.
A segunda epígrafe de Verhaeren, que é retirada
da obra La multiple splendeur(1906) abre o conhecido
poema dacostiano dedicado ao poeta belga:
Et le lent
defilé des trains funébres
Commence,
avec ses bruits de gonds
Et
l’entrechoquement brutal des wagons
Disparaissant
- tells des cercueils – vers les tenèbres.[8]
[E o lento
desfile de trens fúnebres
Principia,
com o barulho de gonzos
E o
entrechocar brutal dos vagões,
Sumindo –
que nem féretros –
rumo às trevas.]
Compare-se, para ilustração, com
os quatro últimos verso do poema “Verharen”:
(...)
Na fogosa
pressão da máquina, seguida,
Da longa
procissão dos vagões de transporte,
Na
indiferente e célere corrida,
Ao ruidoso
rumor dos seus carros de morte” [9]
Os versos acima, segundo tive oportunidade de
comentar linha atrás, mantêm um dialogismo com o final do
poema dacostinao se atentarmos especialmente para a
conclusão deste, i.e., uma velada alusão ao destino do
poeta belga.
Ambas as estrofes verhaerianas utilizadas como
epígrafes indicam ainda duas vertentes de Émile Verhaeren, o
ambiente urbano tumultuado e o meio físico natural, aspectos
da sua temática, de resto, já notadas por
analistas de sua poesia, e por outros intérpretes
Tal contraste de experiência poética caracterizaria um
traço de modernidade à sua poesia. Essa
dupla vertente opositiva fora apontada, por sua vez,
pelo arguto crítico e ensaísta maranhense
Oswaldino Marques como elementos presentes em Da Costa e
Silva.[10]
Para aquele ensaísta o “Poeta
da Saudade" fora da mesma forma que o belga
“atraído ao mesmo passo, pela refulgência dos
grandes centros culturais europeus e pelo
discreto sortilégio de sua Amarante interiorana, dotada, não
obstante, do poder de nele inflamar evocações
‘divinas’[11] Contudo, em Da Costa e Silva
só em parte poeticamente se realiza, ou seja,
em diversas passagens de Zodíaco o poeta
dá expansão em poemas versando sobre a paisagem, o homem e a
natureza interioranas, como neste ponto o fora para
Verhaeren a sua Flandres.
No plano da experiência vivida, sabe-se que
Da Cosa e Silva, por razões profissionais,
morou em muitas capitais brasileiras. Desta maneira, no
plano da realização poética, a atração também
pelas urbes, as grandes capitais, nada produziu,
apenas ficou nos limites da subjetividade,
admiração e desejo.
A epígrafe de Rubén Darío, retirada da
obra Cantos de vida y esperanza (1905), que dá entrada à
obra Pandora sustenta também um diálogo
intertextual com o poeta nicaraguense. Já nos reportamos
antes ao ângulo em parte confessional ou autobiográfico da
poética dacostiana. Não lhe são anódinos à cosmovisão
poemas como: “Ego..”(p. 203) e “...Sum” (, p.204), nem
tampouco “Paganismo” (, p. 209), “A sombra de ouro” (, p.
223), “Mater veneranda” I e II (p.224-225). “Saudade”
(p.75) e a série de sonetos “Sob outros céus” I, II,II,IV e V
(p. 227-229. Neles Arte, vida, revelação e verdade se transfundem
em poesia estreme, consoante ressoam nos versos
rubendarianos: [12]
Vida, luz
y verdad, tal triple lhama
Produce la
interior lhama infinita;
El Arte
puro como Cristo exclama:[13]
Ego sum
lux, et veritas et vita.
[Vida, luz
e verdade, tal tripla chama
Produz a
inteirior chama infinita;
A Arte
pura como Cristo exclama:
Eu sou a
luz, a verdade e a vida.]
Na epígrafe que antecede a obra Verônica, formado
de um pequeno fragmento retirado da
tragédia Macbeth,[14] de William
Shakespeare,[15] quero arriscar duas perguntas: 1)
Por que Da Costa e Silva acoplou, com leve modificação, uma
parte da frase da rubrica anunciando a presença de oito
reis, o último com um espelho (glass, em inglês) na mão
sendo seguido pelo fantasma de Banquo e com ela forma a
epígrafe usada como introdução aos poemas
deVerônica? 2) Por que juntou duas partes antes
pertencentes a enunciados formados de orações e
com isso “criou” uma frase iniciada por
um conector aditivo “e”(and, em inglês) seguido de
uma oração subordinada adjetiva? [16]
É
curioso assinalar que o fragmento da rubrica se completa
harmoniosamente com a fala de Macbeth, o assassino do rei
Duncan da Escócia. Além disso, semanticamente, as duas partes,
antes separadas espacialmente na página e distantes, formam
um sentido perfeito e decisivo ao contexto e à
situação física do ambiente da tragédia. Não seria
possível que Da Costa e Silva, de memória, pudesse
engendrar tal artifício no qual os fragmentos
fundidos fazem sentido e são
parte da ação dramática com a presença das três
feiticeiras?. Suponho que, na fusão dos dois fragmentos,
haveria antes um procedimento gerado pelo
poeta naqueles moldes que já o fizera no que respeita ao
poema “À margem de um pergaminho”, da
obra Pandora?[17] Por outro lado, atente-se, na referida
epígrafe de Shakespeare, para o pronome “us”(“nos”,
em português): “And in his hand a glass which shows us many
more”.[“E nas mãos um espelho que nos revela muito
mais”.] [18]
No
texto do segundo fragmento, conforme se vê acima,
aparece o pronome “us” (“nos”, em português), e não o
pronome “me” (“me,” em português). do texto
original de Macbeth. Não implicaria isso
num lapso de Da Costa e Silva? Pois esta troca, em princípio,
não combina com a realidade dos poemas de Verônica
em grande parte focando a condição do sujeito lírico
com status autobiográfico.
Ou,
por outra, não seria deliberada a troca da citação
com a finalidade de agregar a situação
pessoal do poeta estendendo-a a uma plano
universal da condição humana? Paira o enigma ou senão
o erro na citação da fonte original. Um
crítico, certa vez, afirmou ser um dos
requisitos básicos dessa atividade suscitar
perguntas, visto ser o ato do intérprete uma sondagem da obra e,
por ser assim, um perquirição de natureza plural,
multívoca, aberta a novos ângulos e
percepções, sem dogmatismos conclusivos e definitivos.
Verônica não
trata da luta pelo poder da riqueza e do poder
político. Em vez de uma tragédia, é um canto elegíaco.
A vida e a morte que nessa obra se cruzam não são
produtos da miséria dos homens contra os homens,. Não
se configura aqui a vingança contra a covardia. O “espelho,”
na mão do derradeiro rei visto através
da Macbeth, é apenas a confirmação futura da
profecia contada pelas três feiticeiras. Macbeth é
a morte anunciada na tragédia da avidez e da cobiça do
poder. Lady Macbeth, a sua mulher, é o instrumento da
persuasão ao estado da malignidade do marido. Na
tragédia a culpa do crime é a certeza da morte do
agressor. [19]
Verônica, não, é a vitória
do amor, do sonho sobre a vida. O lirismo vai
permanecer entre o sonho e a realidade amarga e desesperançada,
entre o desejo da felicidade térrea e as
dúvidas do além túmulo.O poeta vai debater-se entre
alternativas, na dialética entre a carne e
o espírito, da alegria e da tristeza, da
certeza e da dúvida, e desta a com o imponderável,
ou com os enigmas armados pela dor humana,
perda do ente amoroso e, contraditoriamente, por
certos instantes de ludismo irônico, em
versos como “Mas seja tudo pelo amor de Deus.” Ou, em páginas
anteriores, aquele final de verso em dísticos, que
diz “—Que reticências/ Nas existências!” O “espelho”
dacostinao é de natureza diversa. Não traz nenhuma
tragicidade, apenas recolhe as alegrias,
tristezas e as dores do homem. Faz-se transparente. A bela
imagem do aedo como o “espelho do mundo,”[20] do
poema “Síntese”, não traduz o enigma
final mas recolhe todos os estilhaços da
vida em sonhos, perdas, incertezas,
lamentos na travessia inexorável do tempo.
A
epígrafe concernente à mencionada carta de
Heloísa a Abelardo – “Faze de mim o que quiseres, menos
esquecer-me.” [21] - é, de resto, bastante
óbvia ao associar-se visceralmente
à perda da bem amada, formando um sequência
dos poemas mais liricamente amorosos de toda
a obra do poeta. É um longo e reiterado desfiar
de lamento pela ausência da amada, em poemas
vibrantes de saudade e de solidão, e
não estou falando da alta qualidade
das composições no tom dolente de ritmos e de
musicalidade.
O
poeta aqui se revela na sua condição
de simples criatura humana que, da matéria bruta da
dor pela perda da amada, passa a compor
poemas de feição nitidamente romântica, ainda que
só de longe possamos encontrar ligeiros traços
da imagética simbolista. Artista habilidoso,
versátil e conhecedor perfeito e atilado da
arte de poetar, artesão do poético, Da
Costa e Silva sabia se adequar à forma estética exigida
pelo seus temas, afeito que era ao gosto das ousadias
formais e experimentalistas, também encontradas em outros
poeta brasileiros, como, por exemplo, um Luís
Delfino (1834-1910), um Manuel Bandeira(1886-1968), entre
outros vozes da poesia brasileira.
O
poeta nesse conjunto de poemas de formatos
variados, abre o coração e se entrega de
corpo e alma a louvar o bem perdido. Nunca
foi tão autobiográfico quanto nesse
conjunto de versos destinados à sua Alice Creio
que só no último poema formado de um quarteto, o
mencionado “Síntese”, ele foge ao tema
liricamente amoroso da segunda parte
de Verônica.
NOTAS:
[1] LUCAS,
Fábio. O mundo das inscrições. In: _____.Fronteiras
imaginárias. – crítica. Rio de Janeiro: Edtiora Cátedra,
1971, p. 13-30.
[2]MENDONÇA
TELES, Gilberto. Os limites da intertextualidade. In: _____.A
retórica do silêncio. – teoria e pratica do texto
literário. São Paulo: Cultrix/MEC,/INL, 1979, p. 21-37.
[3] Reis,
Carlos. O conhecimento da literatura – Introdução aos
estudos literários. 2 ed. Coimbra: Livraria Almedina,
1999, p. 217.
Idem,
ibidem.
[4] Neste
ensaio, todos os textos citados da obra de Da Costa e
Silva se referem à seguinte edição: Da Costa e Silva.. Poesias
Completas. 4 ed. Nova edição revista e ampliada e
anotada por Alberto da Costa e Silva, com estudos sobre o
poeta por Oswaldino Marques e José Guilherme Merquior. Rio de
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2000.
[5] SILVA,
da Costa e. Op. cit., p. 105.A dedicatória é: "Ao meu
longínquo Piauí - na divina evocação de sua natureza
maravilhosa." Logo abaixo, a sigla " DCS."
[6] SILVA,
Da Costa e. Poesias completas, op. cit., p. 106.
[7] As
traduções entre colchetes são de minha autoria.
[8] SILVA,
Da Costa e. op. cit., p. 190.
[10] MARQUES,
Oswaldino. .Espelho do mundo: Refrações. In: SILVA, da Costa
e. Poesias completas, op. cit., p.20
[12] Aqui
apenas esboço alguns dados básicos para
ulterior aprofundamento das relações
intertextuais relativas aos versos de Rubén
Darío.
[13] SILVA,
Da Costa e. Op. cit., p.198.
[15] SHAKESPEARE,
William. Macbeth. In: ____.The complete works of
William Shakespeare. The Cambridge Editon Text as edited by
William Aldis Wright, including The Temple notes.
Illustrated by Rockwell Kent, with a Preface by
Christopher Morley . Philadelphia: The Blakston Company,
1936..
[16] Ver,
na nota anterior, a edição citada de William
Shakespeare , onde se acha a passagem de Macbeth,
Act. IV, i, 73-108, p. 1045.
[17]Cf. .
minha análise do poema “Àmargem do Pergaminho” in: SILVA
FILHO, Cunha e. Da Costa e Silva: uma leitura da saudade.
Teresina: EDUFPI- Editora da Unversidade Federal do Piauí/APL
– Academia Piauiense de Letras, 1996, p. 37-39.
[18] Cf.
a remissão à nota 13 acima.
[19] Igualmente,
no que concerne a maiores reflexões intertextuais
entre a epígrafe de Macbeth e Verônica o
autor deste estudo deixa para uma outra oportunidade um
desenvolvimento complementar .
[20] SILVA,
da Costa e. Op. cit., p. 305.
[21],
Idem,. op. cit., p. 257.