Elmar Carvalho
1º de junho
ENTRE FARISEUS E SAMARITANOS
No domingo, degustando um chopp no shopping, conversei com o Paulo Nunes, que foi meu colega no curso de Direito da velha UFPI. Estávamos no simpático Botequim, de propriedade de sua mulher. Ele é aposentado como agente da Polícia Federal e é o chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública. Contou-me ele um caso curioso, que bem mostra como às vezes pode ser difícil o mister de um julgador, e que demonstra que cada caso é um caso, como diz o jargão jurídico, com as peculiaridades e nuanças próprias. Ele fazia parte de uma blitz da PF, quando os agentes abordaram um caminhoneiro gaúcho. Encontraram no veículo uma razoável quantidade de maconha. O motorista, desesperado, chorou e soluçou copiosamente, e terminou confessando que fizera o transporte da droga porque estava desesperado, com quatro prestações do carro em atraso, e que já havia sido notificado de que a empresa concessionária iria entrar com uma ação de busca e apreensão. Mostrou o carnê com as prestações atrasadas e o aviso de que a ação seria ajuizada. Foi-lhe permitido fazer as ligações de praxe para os seus familiares. Posteriormente, no cárcere, contou para o Paulo que a sua mãe iria vender o pequeno imóvel agrícola, do qual seus parentes tiravam o sustento, para contratar um advogado do Rio Grande do Sul. Condoeu-se Paulo com o drama que se delineava, e resolveu ligar para a mãe do motorista. Pediu-lhe que tivesse paciência, e não vendesse a propriedade, pois tentaria encontrar um advogado de Teresina, que cobrasse honorários mais em conta e parcelasse o pagamento. Contactou o César Feitosa, que aceitou a causa do caminhoneiro, que acabou sendo solto três meses após. O motorista e sua família cumpriram fielmente o acordado. Além disso, o caminhoneiro tinha a virtude da gratidão, e todos os anos, na época do Natal, liga para o seu benfeitor, ainda reconhecido pelo gesto de bondade e compreensão. Paulo cumpriu fielmente o seu dever, mas soube compreender as vicissitudes e tragédias a que todos somos suscetíveis, na fragilidade e instabilidade da condição humana. Sem dúvida, entendeu que aquele homem não era propriamente um bandido, mas alguém que, num momento de fraqueza e de desespero, cometera um crime, do qual se arrependera amargamente. Aposentou-se sem nunca ter sofrido uma pena disciplinar. Certamente, muitos fariseus, que se acham mais catões do que o próprio Catão, jamais fariam o gesto de solidariedade e compreensão humana que o Paulo fez, sem outro interesse senão o de mitigar o sofrimento do próximo, como se fora o samaritano da parábola de Cristo.
Realmente uma coisa se observa e soma-se a tudo isso; a capacidade de interpretar através de valores condicionados, o humanismo não despótico de um ser que tem as rédeas nas mãos... Aquele burro que estava sendo guiado (podemos assim dizer) poderia em seu perdão ser o mesmo que levava Jesus na sua entrada em Jerusalém. As cargas não eram iguais, mas a inocência das mentes era.
ResponderExcluirNa arte de julgar nos aproximamos muito dos fariseus,apontar o erro nos outros é a nossa especialidade.Estender a mão como fez o Samaritano é uma tarefa na qual não nos achamos preparados,ainda mais se o socorro for aos que agem à margem da lei.Que caridade fez este homem, agiu verdadeiramente como o Samaritano.
ResponderExcluirCaro Simão Pedro,
ResponderExcluirTenho observado que, muitas vezes, aqueles que são mais radicais, incisivos e contundentes em apontar os defeitos dos outros, são os mais cheios de vícios e defeitos, dissimulados e mistificadores.
Seu pensamento está de acordo com o ensinamento do Cristo, quando ele nos diz que é mais fácil enchergar o cisco no olho do próximo do que ver a trave existente em nossos olhos.Esse recado ele deu aos fariseus e continua valendo, pois é bem atual."Ouça quem tem ouvidos de ouvir".
ResponderExcluirNa enxerguei a gramática ao escrever enchergar.Veja quem tem olhos de ver.
ResponderExcluirOS TRÊS AMIGOS (Padre Luiz Cechinato)
ResponderExcluirCerto homen tinha três amigos. Um dia foi chamado para comparecer ao juiz e pediu aos amigos que o acompanhassem.
O primeiro disse: "Não posso ir, mas pago a despesa da viagem". O segundo falou:"Não posso ir até o juiz, mas vou acompanhá-lo até a porta do tribunal". O terceiro, porém, disse:"Conte comigo!Vou com você até o juiz".
Sabe quem são esses amigos? O primeiro é o dinheiro: quando morremos, paga a funerária; o segundo é a família: acompanha-nos até a porta da sepultura; o terceiro são as boas obras: vão conosco até a presença de Deus.
Um abraço,
Wildson Lima