Elmar Carvalho
8 de junho
UM SÍRIO EM ARRAIAL DO PIAUÍ
Esteve hoje à tarde no fórum um neto de Elias Helal Tajra. Seu nome é o mesmo do avô, trocado o sobrenome Tajra pelo vocábulo Neto. Fez o curso de Edificações na velha Escola Técnica Federal do Piauí e formou-se em Licenciatura Plena em Química. Tem funcionado como perito ou como assistente técnico em alguns processos. Contou-me ele a história desse seu ancestral. O velho Elias nasceu em Damasco, na Síria. Era alto, alourado e de olhos azuis. Para fugir da primeira guerra mundial, foi para a Turquia de onde conseguiu embarcar em um navio. Para conseguir a vaga, embriagou um marinheiro e tomou o seu lugar na tripulação. No Brasil, esteve inicialmente em Belém, de onde seguiu para São Luís. Desta cidade foi para Teresina, de onde foi dar com os costados em Floriano, onde havia uma colônia de sírios e libaneses. Seus patrícios conseguiram-lhe a ocupação de caixeiro-viajante, em cuja atividade percorreu várias cidades do interior do Piauí, inclusive a cidadezinha de Arraial do Piauí, na qual terminou se fixando. Estabeleceu uma farmácia. Lá, exerceu informalmente várias atividades, porquanto se tornou uma espécie de conselheiro, juiz, conciliador e médico, além de farmacêutico. Dificilmente, cometia erro em suas consultas, diagnósticos e receitas. Tanto que um posto de saúde ostenta seu nome. Também seu nome foi dado a uma rua dessa urbe. Conviveu com quatro mulheres, com as quais gerou 14 filhos. Quando a primeira morreu, convidou uma mulher para ser a ama de leite de seu filho mais novo, que tinha apenas um pouco mais de mês de vida. Terminaram convivendo como marido e mulher. Quando a segunda veio a falecer, preferiu não sair da família, e se tornou companheiro de uma irmã dela. Com a morte desta, arranjou a quarta e última companheira. Ao que se sabe, teve apenas uma mulher de cada vez. Viveu até os 108 anos, como um homem ativo e rijo. Nessa idade fez uma operação de hérnia. Inquieto, mesmo operado, trepou num monte de tijolos, para tirar algo de cima de um muro. Pisou em falso, vindo a cair, o que lhe arrebentou novamente a hérnia objeto da cirurgia. Em consequência, veio a óbito, vinte e um anos atrás. Foi sepultado na pequenina Arraial, onde exerceu as suas atividades e a sua liderança natural, carismática e humanitária, sem os interesses escusos da politicalha. Deixou vários filhos e netos. Muitos não carregam os sobrenomes Helal e Tajra. Mas carregam o DNA de um homem que foi sábio, bom e digno.
Caro amigo Elmar Carvalho:
ResponderExcluirE assim continua firme com as suas anotações, seu caderno, não diria diário, mas quase diário, pois tem sido crescente o número de material de sua escrita, aparecido neste blog, sempre fluida, elegante, cristalina, revelando, ademais, uma qualidade que venho notando em sua prosa: uma indisfaçável fluência linguística, digna daquela leveza e correção castiça sem, porém, forçar a naturalidade das narrações ou exposições de seu texto, o que me lembra a mesma espontaneidade castiça , objetiva, leve, desse grande cronista que foi A.Tito Filho.
Na sua fácil apreensão do que lhe vem ao conhecimento ou do que já sabe ou ainda do que sua imaginação ´poética lhe propicia, seu texto vai sedimentando as qualidades mais nobres da escrtia de cronista que, aos poucos, vai montando retalhos os quais, se somados, permitirão trazer à história dos homens e da terra piauiense sua contribuição e seu registro de fatos, pessoas e coisas que a visão do autor tem-se permitido filtrar com oportuidade e talento de obsrvador atento.
Folgo com a iniciativa de seu "Diário Incon tínuo" e que ele tenha vida longa e venturosa.
Do amigo
Cunha e Silva Filho
Tenho interesse em conhecer a historia do seu elis helal tajra e descendencia
ResponderExcluirOlá boa noite, me chamo Franciso de Assis Helal de Sousa.
ResponderExcluirE gostaria de conhecer esse neto que foi dito logo acima.
Meu contato: 85-98649.4973
Eu sou filho de Lucas Helal e o Sr. Elias Helal Tajra também é meu avó
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