Existem pessoas que nascem em um berço tão sólido que seria improvável não vê-las atuando em alguma linguagem artística. O engenheiro piauiense Marcos Freitas é uma delas. Oriundo de uma família dedicada aos movimentos culturais, ele gosta de destacar que, além de seu pai, seus tios e seu avós terem sido escritores, a família foi a grande responsável pela fundação da Academia Piauiense de Letras, que contou com familiares como Lucídio, Clodoaldo e Alcir Freitas. “Minha parente Amélia de Freitas Beviláqua foi a primeira mulher a tentar integrar a Academia Brasileira de Letras, antes mesmo da Rachel de Queiroz”, completa.
Seguindo os passos, Marcos também tornou-se escritor e poeta. Hoje, ele soma 12 livros publicados. Entre eles estão três obras técnicas sobre engenharia e outras nove, todas de poesia. “Primeiro fui estudar para me tornar engenheiro. Só depois passei a me dedicar mais à literatura, já que infelizmente ainda não dá para viver de poesia”, explica.
A última obra, Urdidura de sonhos e assombros, lançada pela editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE), é uma antologia que traz cerca de 250 poemas escritos entre os anos de 2003 e 2007, todos retirados das seis primeiras publicações do autor. “Urdidura junta textos produzidos em solo brasiliense, já que moro aqui desde 2001”, atualiza o engenheiro civil, que se mudou para a cidade por conta de sua posição na Agência Nacional de Águas (Ana).
Por escrever desde os 10 anos, o autor declara ter material acumulado, até dois romances que nunca foram impressos, mas que pretende lançar na praça em breve. Com 47 anos, além de ser letrista, músico amador e de possuir participações em diversas atividades, cargos de chefia e cursos voltados para a engenharia, Marcos se destacou em sua carreira literária por fazer parte do Coletivo de Poetas do Distrito Federal e por suas prosas contemplarem diversas antologias, como a Contos e crônicas livre pensador, da editora Scortecci; a Antologia de poetas brasileiros contemporâneos nº 4 e As 100 melhores poesias de 2004, ambas da mesma CBJE, que distribui seu último lançamento.
Marcos também possui uma obra chamada Staub und schotter (poeira e cascalho, em tradução literal para português), na qual uniu suas poesias feitas em línguas estrangeiras, como inglês, português, espanhol, italiano, francês e alemão; e já participou do projeto Poesia 10-10-10, ao lado do reconhecido poeta Nicolas Behr.
Fonte: Correio Braziliense - 17/09/2010
Prezado poeta,
ResponderExcluirBem sei que não é do seu feitio "escrever por encomendas", mas acabo de assistir a um episódio da série Mestres da Literatura, exibido pela TV Escola, onde me encantei pela história de Rachel de Queiroz, a primeira mulher brasileira a ser imortal, também autora de vários livros como "O Quinze", "Memorial de Maria Moura", etc, e, se não for pedir muito, gostaria de ler uma análise sua com relação a vida e obras de Rachel. A propósito, busque se informar quanto aos dias e horários de exibição da referida série, pois arrisco afirmar que pela qualidade da programação e o talento literário do nobre amigo, o blog do poeta terá ainda mais "combustível".
Caríssimo "professor",
ResponderExcluirMuito tenho aprendido com o seleto gosto literário do prezado bardo. Por este motivo, sinto-me à vontade para repetir um pedido que fiz há alguns meses, mas não sei se já fui atendido. Eu gostaria de saber como funciona uma Academia de Letras, quais suas ações, quem pode ser integrante e/ou como é feita a escolha do presidente. Embora a solicitação seja aparentemente trivial, está dúvida não é só minha, outrossim, já recebi esta pergunta de alguns alunos meus, muito embora eu não tenha tido o repertório necessário para respondê-la.
Eu agradeceria se o prezado poeta fizesse a gentileza de atender ao meu pedido.
Caro poeta,
ResponderExcluirPor falar em pedidos, há algumas semanas assisti o seu vídeo sobre Amarante e, como sempre, gostei do jogo feito com as palavras. Na oportunidade, postei um comentário em uma de suas valorosas produções (apesar de o título nada ter a ver com o meu pedido) querendo informações sobre a origem do nome Amarante. Como não obtive resposta, passei a meditar sobre a gênese desta palavra. Depois de concluir que não se tratava de uma variação verbal do verbo amar, tampouco de "AMARAR", supus se tratar de uma composição por justaposição entre AMAR e ANTE subentendendo-se que a cidade é um lugar apaixonante, de tal forma que quem estiver diANTE dela passará a AMÁ-la. Como eu presumo que na oportunidade da composição do poema, o caro poeta tenha pesquisado sobre, peço a sua opinião a respeito.
Caro Nelson,
ResponderExcluirFico impossibilitado de atender o pedido sobre a Raquel, em virtude de não estar preparado para o ofício, pois, conforme já lhe expliquei, não sou propriamente um crítico literário. Além disso, falar sobre essa grande escritora demandaria um longo estudo e meditações aprofundadas. Quando lhe encontrar pessoalmente, explicarei alguma coisa, sobretudo a respeito de minhas impressões pessoais de leitura.
A Amarante piauiense teve seu nome extraído de sua homônima portuguesa. Era comum os portugueses "batizarem" algumas localidades com nomes de paragens de Portugal, seja por simples saudosismo, seja por semelhança física entre as duas paisagens.Na internet, no dicionário Houaiss, encontrei a seguinte definição para amarante: árvore alta (Copaifera bracteata), da fam. das leguminosas, subfam. cesalpinioídea, nativa do Brasil (AMAZ) e das Guianas, de flores apétalas, com quatro sépalas e dez estames, vagem contendo uma semente [A madeira é compacta e avermelhada, e dela extrai-se óleo resinoso com propriedades medicinais.]
2 m.q. pau-roxo (Peltogyne lecointei)
3 m.q. guarabu (Peltogyne discolor)
Já amaranto, no mesmo dicionário, significa:
■ substantivo masculino
1 Rubrica: angiospermas.
design. comum às plantas do gên. Amaranthus, da fam. das amarantáceas, com 60 spp. de ervas anuais, nativas de regiões tropicais e temperadas [Muitas spp. são cultivadas como ornamentais e/ou pelas folhas ou sementes comestíveis.]
2 Rubrica: ornitologia. Regionalismo: Guiné-Bissau.
ave passeriforme, da fam. dos estrildídeos (Lagonosticta rubricata), encontrada em diversos países da África
De qualquer sorte, amarante, pela cor roxa da árvore que designa, pode ser associada ao sentimento da saudade.
Quanto à Academia Piauiense de Letras, direi o seguinte: é seu dever estatutário defender e preservar a Língua Portuguesa e a nossa literatura, assim como a cultura em geral. Deve congregar os principais literatos do Estado, entretanto só terá ingresso nela quem se candidatar a uma vaga, que só surge por morte de acadêmico, uma vez que a ocupação é vitalícia. Por maior que o escritor seja ou se ache, só será admitido se candidatar-se, inscrevendo-se à vaga existente. São apenas 40 vagas. Entretanto, como é óbvio, o fato de alguém entrar ou deixar de entrar como membro do sodalício não o fará maior ou menor do que realmente seja. A qualidade de um literato, claro, independe de ele ser ou não acadêmico. Alguns admitem a existência do critério do expoente, ou seja, a possibilidade de alguém que tenha se destacado em outros setores da arte, da cultura ou da política poder ser admitido na agremiação. Contudo, há de prevalecer sempre, em primeiro lugar, a qualidade literária. O expoente será sempre uma exceção. Entretanto, os membros da Academia não têm nenhuma culpa se alguém que se considere um gênio literário nunca se candidatar. Obviamente, só poderemos votar em quem se candidate.
Prezado poeta,
ResponderExcluirObrigado pelos esclarecimentos.
Depois de ler seu comentário, pesquisei sobre a Amarante Portuguesa e encontrei algumas semelhanças com a piauiense, tais como: é uma cidade pequena, é banhada por um rio, tem como santo padroeiro São Gonçalo, tem representes culturais, etc.
Sobre Rachel de Queiroz, algo que me chamou a atenção é o fato de ela se autodenominar uma pessoa sem fé, apesar de ter estudado em escola de freiras.
Quanto aos comentários sobre a ABL, são deveras novidades para mim.
Poderemos aprofundar essa conversa em outro momento.
Quanto ao fato de eu lhe pedir para comentar a vida e obra de Rachel, dois motivos me impeliram a tanto: O primeiro é que no "Quem sou" do seu blog diz "José Elmar de Mélo Carvalho nasceu em Campo Maior – PI, em 09/04/56. Poeta, cronista, contista e 'crítico literário'." Além disso, o senhor é o maior conhecedor de literatura com quem já conversei.
Até a próxima!
Caro Nelson,
ResponderExcluirVc me "pegou" com minhas próprias palavras. Na verdade, seria mais exato dizer que fui um crítico circunstancial, mas não por vocação. Hoje, tento evitar esse mister o mais que posso. Agora, serei forçado a exercê-lo novamente, no meu discurso de posse na Academia de Ciências, Artes e Letras de Piripiri - ACALPI.