JOSÉ RIBAMAR GARCIA
“AS IDEIAS NO TEMPO” é o mais novo livro de Cunha e Silva Filho, que a Academia Piauiense de Letras, cumprindo um de seus relevantes projetos, teve a feliz inspiração de editar em convênio com o Senado Federal. Assim, mais uma vez, prestou inestimável serviço ao Piauí e à cultura nacional, porque consolidou no papel o que o vento do tempo poderia diluí-lo. Fez como bem reparou o escritor H. Pereira da Silva, em sua obra “ À luz da estante”: “Reunir artigos publicados, dar-lhes existência não efêmera tem sido, através dos tempos, uma constante manifestação literária válida, quando menos, pelo propósito de seus autores. Valerá, porém, a pena esse esforço de reanimar papéis amarelecidos, engavetados, esquecidos após curta repercussão em jornais, alguns extintos, outros alijados que chamamos grande imprensa?” A APL, com certeza, mostrou que vale a pena, ao contribuir para a realização desse esforço.
AS IDEIAS NO TEMPO, constituído de crônicas, artigos, resenhas e ensaios, foi dividido em quatro partes e prefaciado por esse incansável e imbatível M. Paulo Nunes - outro Mestre da Literatura brasileira. Na primeira parte, estão as recordações e reminiscências do autor, que vão da sua paixão à Teresina ao amor paterno, cujo pai, Cunha e Silva, foi um dos mais profícuos jornalistas políticos do País. Professor de História que fez História no Piauí, não só pela combatividade quanto pelo senso de justiça. São crônicas telúricas, líricas e outras comoventes, como as “A Ausência Presente“, “Um ano sem Cunha e Silva”, “Três Encontros com Meu Pai” e “Sem Lágrimas”. Esta, sobre o irmão caçula, precocemente falecido. Das mais belas páginas já escritas em língua portuguesa, tal a intensidade de sentimento – de sinceridade e dramaticidade:
“Nunca nos conhecemos no rigor do termo. Os anos e a separação tramaram o desencontro de dois irmãos de gerações diferentes. Onze anos nos separavam na idade: Não foi talvez a timidez de quem assina estas linhas o culpado do silêncio entre nós? Ninguém nunca vai saber ao certo. Não seria porque teríamos uma vida toda para o dia do encontro de irmãos? Fomos estranhos, no entanto. Como dói constatar isso. Onde ficou, porém, o amor fraterno? No tempo? No espaço? Ou no silêncio involuntário que nos uniu no desencontro?.” E mais adiante:
“Na idade adulta, nos vimos pouca vezes. Até poderia contar nos dedos. Mal distingo a sua voz, mas era um tom de voz delicado e leve. Você sabe, meu irmão, meu Totó, que nunca, quando adultos ambos, nos abraçamos como deveríamos tê-lo feito nem nunca trocamos ósculos mútuos? Quantos palavras, abraços e beijos perdidos!”
Textos que, pela força da narrativa, deixam o leitor de coração palpitante e com os olhos marejados de lágrimas.
Na segunda parte, há os estudos sobre alguns autores piauienses, nos quais, gentilmente, fui inserido. Na terceira, constam três minuciosos ensaios sobre Machado de Assis, Graça Aranha e Carlos Drumond de Andrade. Aqui, o autor descreve, com detalhes e coragem, o rompimento do escritor maranhense com o academicismo e, em especial, com a Academia Brasileira de Letras. E na quarta, a que deu o título de “Miscelânea”, vem um conjunto de crônicas, de conotação filosófica, social e política, inclusive a “Três Encontros com Meu Pai”, que, ao meu ver, poderia ter sido incluída na Primeira Parte. São trabalhos que refletem a visão do autor sobre alguns fatos e situações da atualidade.
No entanto, deve-se ressaltar que o livro, no seu todo, mantém uma unidade, de conformidade com o próprio título – “As Idéias nos Tempo”-, apesar da variedade temática, que, ao contrário, só o enriquece e lhe dá densidade.
Conheço Cunha e Silva Filho e sua família. Dona Elza, a esposa dedicada e mãe extremosa, de simplicidade invulgar que simboliza a pureza, e os filhos maravilhosos Alexandre e Francisco. Este também advogado brilhante e jurista de primeira linha.
Tivemos uma caminhada parecida. O que me basta e me honra por pertencer ao seu círculo de amizade. Ele, o professor universitário, Mestre e Doutor em Letras, dos mais preparados e competentes críticos literário do País, com várias obras publicadas.
Em suma, AS IDEIAS NO TEMPO é um belo livro. Parabéns Cunha e Silva Filho.
José Ribamar Garcia
- advogado e escritor -
AS IDEIAS NO TEMPO, constituído de crônicas, artigos, resenhas e ensaios, foi dividido em quatro partes e prefaciado por esse incansável e imbatível M. Paulo Nunes - outro Mestre da Literatura brasileira. Na primeira parte, estão as recordações e reminiscências do autor, que vão da sua paixão à Teresina ao amor paterno, cujo pai, Cunha e Silva, foi um dos mais profícuos jornalistas políticos do País. Professor de História que fez História no Piauí, não só pela combatividade quanto pelo senso de justiça. São crônicas telúricas, líricas e outras comoventes, como as “A Ausência Presente“, “Um ano sem Cunha e Silva”, “Três Encontros com Meu Pai” e “Sem Lágrimas”. Esta, sobre o irmão caçula, precocemente falecido. Das mais belas páginas já escritas em língua portuguesa, tal a intensidade de sentimento – de sinceridade e dramaticidade:
“Nunca nos conhecemos no rigor do termo. Os anos e a separação tramaram o desencontro de dois irmãos de gerações diferentes. Onze anos nos separavam na idade: Não foi talvez a timidez de quem assina estas linhas o culpado do silêncio entre nós? Ninguém nunca vai saber ao certo. Não seria porque teríamos uma vida toda para o dia do encontro de irmãos? Fomos estranhos, no entanto. Como dói constatar isso. Onde ficou, porém, o amor fraterno? No tempo? No espaço? Ou no silêncio involuntário que nos uniu no desencontro?.” E mais adiante:
“Na idade adulta, nos vimos pouca vezes. Até poderia contar nos dedos. Mal distingo a sua voz, mas era um tom de voz delicado e leve. Você sabe, meu irmão, meu Totó, que nunca, quando adultos ambos, nos abraçamos como deveríamos tê-lo feito nem nunca trocamos ósculos mútuos? Quantos palavras, abraços e beijos perdidos!”
Textos que, pela força da narrativa, deixam o leitor de coração palpitante e com os olhos marejados de lágrimas.
Na segunda parte, há os estudos sobre alguns autores piauienses, nos quais, gentilmente, fui inserido. Na terceira, constam três minuciosos ensaios sobre Machado de Assis, Graça Aranha e Carlos Drumond de Andrade. Aqui, o autor descreve, com detalhes e coragem, o rompimento do escritor maranhense com o academicismo e, em especial, com a Academia Brasileira de Letras. E na quarta, a que deu o título de “Miscelânea”, vem um conjunto de crônicas, de conotação filosófica, social e política, inclusive a “Três Encontros com Meu Pai”, que, ao meu ver, poderia ter sido incluída na Primeira Parte. São trabalhos que refletem a visão do autor sobre alguns fatos e situações da atualidade.
No entanto, deve-se ressaltar que o livro, no seu todo, mantém uma unidade, de conformidade com o próprio título – “As Idéias nos Tempo”-, apesar da variedade temática, que, ao contrário, só o enriquece e lhe dá densidade.
Conheço Cunha e Silva Filho e sua família. Dona Elza, a esposa dedicada e mãe extremosa, de simplicidade invulgar que simboliza a pureza, e os filhos maravilhosos Alexandre e Francisco. Este também advogado brilhante e jurista de primeira linha.
Tivemos uma caminhada parecida. O que me basta e me honra por pertencer ao seu círculo de amizade. Ele, o professor universitário, Mestre e Doutor em Letras, dos mais preparados e competentes críticos literário do País, com várias obras publicadas.
Em suma, AS IDEIAS NO TEMPO é um belo livro. Parabéns Cunha e Silva Filho.
José Ribamar Garcia
- advogado e escritor -
Não sei a quem MAIS parabenizar; se ao Cunha e Silva Filho, por ter merecido esta belo artigo, tão bem escrito, tão comovente, e fazendo um excelente comentário sobre a organicidade e conteúdo do livro, ou se ao grande Ribamar Garcia, que o escreveu... Na dúvida, parabenizo os dois, igualmente.
ResponderExcluirE por falar em PARABÉNS, seguem os meus ao ilustre blogueiro Elmar Carvalho pela passagem do seu aniversário. Voto que alcance a graça de festejar o seu centésimo aniversário com lucidez cercado dos seus entes queridos gozando de muita saúde.
ResponderExcluirAtenciosamente,
Nelson Rios