sexta-feira, 27 de maio de 2011

LÍRICA EXISTENCIAL


ALCIONE PESSOA LIMA

Eu sei que sou assim...
Um poeta solitário...
Que escreve o seu diário
Em segredo...

Eu sei que traço os rumos
E as marcas de um destino...
Um lado feminino
Em trajes de mãe...

Eu sei que sou no mundo
Um bêbado e mendigo
Que às vezes é abrigo...
O colo de um pai...

E sei que exijo muito...
E não sou perfeccionista
Apenas um artista...
Em uma corda bamba...

Eu sei que nada sei...
Nem o meu vocabulário...
Consulto o dicionário
Para dizer um palavrão...

Eu sei que tenho medo...
E ele é o meu freio.
O começo, fim e meio.
E assim eu sou feliz.

Eu sei que existem mágoas
Que o tempo não apaga
E o vento as propaga
Deixando o ressentimento...

Eu sei que cada ser
Tem a sua história
E cabe à memória
Não jogá-la ao vento.

Eu sei que tudo é breve
Uma gota que cai
A vida que se esvai
E, então, desaparece...

Um comentário:

  1. Eu sei que a vida imita a arte que vive imitando a vida...
    Eu bem sei que tudo é breve. Até breve...

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