Coração
Jonas
Fontenele da Silva (1880 - 1947)
Meu
coração é um velho alpendre em cuja
sombra se
escuta pela noite morta
o som de
um passo e o gonzo de uma porta
que a
umidade dos tempos enferruja.
Quem vai
passando pela estrada torta
que leva
ao alpendre, dessa estrada fuja!
Lá só se
encontra a fúnebre coruja
e a Dor,
que a prece ao caminhando exorta.
Se um dia,
abrindo o casarão sombrio,
um abrigo
buscasses contra o frio
e
entrasses (doce criatura langue!),
fugirias,
tremendo, ao ver de um lado
a Crença
morta, o Sonho estrangulado
e o
cadáver do Amor banhado em sangue.
Fontes (em cotejo):
clubedapoesia.com.br e Antologia dos Poetas Piauienses, de Wilson
Carvalho Gonçalves
Nenhum comentário:
Postar um comentário