terça-feira, 2 de outubro de 2012

ROMPIMENTO



ROMPIMENTO (*)

Elmar Carvalho

Dedo em riste,
muito feroz e muito triste,
o homem, grosso e imundo, falou:
Lembra-te, tu já lambeste meu cu!
A mulher, com gestos abstratos
feitos do mais singelo recato,
elegante e delicada, retrucou:
– Lambi, mas não lambo mais ...
O homem quedou-se transformado
em pesada estátua de pedra e dor.
A mulher se foi
            leve e evanescente 
anjo que se libertou.

(*) Esta história, sobre velho "coronel" de Parnaíba, foi contada pelo Zé Hamilton, em agradável roda de conversa, de que eu fazia parte, algumas décadas atrás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário